quarta-feira, maio 29, 2024

Como se consegue a biodiversidade em harmonia e em pequena escala?

 

Ando cheia de pensamentos a propósito do meu jardim. É todo lindo, e lindo de uma maneira que nunca teria sido a minha. É como em tudo. Gosto de pinturas claras, quase transparentes, silenciosas, abstractas para além da conta. Mas, se ponho a pintar, parece que toda a (muita) cor que tenho dentro de mim, todo o (muito) movimento que tenho dentro de mim saem como numa enxurrada. Fica um tal excesso que em nada tem a ver com o que gosto de ter nas paredes. Nos jardins, olho para o meu, quase minimalista e adoro. Mas sei, sei bem, que, se tivesse sido eu a concebê-lo, teria plantado tudo em maior quantidade variedade, mais flores, maior exuberância.

Mas aquilo que eu teria feito seria mais fácil de manter pois gosto da rebeldia inerente à natureza, gosto que as coisas cresçam, se misturem. Em contrapartida, um relvado tem que ser muito regado, muito aparado. Uma trabalheira.

Já deixei crescer a sebe que bordeja o muro, e ela cresce e floresce que é um gosto. A antiga proprietária, ao vê-la, abre a boca de espanto. Durante vinte anos nunca conseguiu que ela crescesse. Agora não para de crescer. Penso que percebe que está à solta, em liberdade. O jardim está perfumado que dá gosto. E há passarinhos por todo o lado. As buganvílias também transbordam de flores que atraem abelhas, borboletas, pássaros. Os jasmins não conseguem conter-se. Crescem e deitam hastes floridas por todo o lado. As roseiras sobre os portões estão exuberantes, quase excessivas de tão carregadas que estão de mil rosinhas, lindas, lindas. 

O meu marido olha e acha que deve ser tudo aparado, cortado, contido. Diz que qualquer dia não vamos dar conta. Eu acho que cortar nem pensar. Logo agora que está um jardim mais lindo que eu nem consigo deixar de olhar.

O pior é mesmo a relva. Tenho vontade de deixar de aparar. Em parte já há ervinhas, florzinhas. O meu marido acha que não pode ser. E eu penso que tem que ser. Mas compreendo que, se calhar, tem que haver um meio termo. Não posso ter uma seara em vez de um relvado. Talvez possa haver musgo, trevinho, florzinhas, verdurinha miúda que se possa pisar e onde nos possamos deitar em cima como nos deitamos na relva. Mas ainda não percebi qual o ponto de equilíbrio e como é que lá se chega.

O meu filho no outro dia também me falou em ter um jardim sustentável. Não sei se foi essa a palavra que usou mas acho que foi essa a ideia. Também me falou em horta mas para isso não temos paciência. Não somos muito de andar a cavar e a arrancar ervinhas à volta, a afastar lagartas e caracóis. Acho eu. Pelo menos ainda não estou nessa fase (e o meu marido ainda menos).

Mas, portanto, por isto e por aquilo, tenho andado a ver uns vídeos. Este é apenas um deles.

Building Biodiversity in Central Park with Lisa


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