Quando temos mais tempo, se não estamos cansados, damos uma volta maior ao fim do dia. Como temos andado a sair e a ter compromissos e esta quarta-feira não os tivemos, não saímos, não fomos para a praia nem para outro lado. Ficámos por aqui, fizemos uma caminhada alargada. Não estava muito calor. O tempo assim, ameno, é uma maravilha, um apelo à serenidade, ao apaziguamento.
Se há coisa de que gosto é de ir olhando para as casas. Adoro casas. Mesmo não as vendo por dentro, contento-me com o exterior. Há casas de arquitectura mais tradicional e casas de arquitectura moderna e outras que são superlativas, intemporais.
As casas que têm terraços e jardins em pisos superiores ou cujo design contemplou a integração, a meio, de uma árvore despertam-me especial atenção.
Hoje reparei numa casa de traça mais tradicional que tem diversas varandas e vários recantos e terraços em níveis distintos, com escadinhas para os diferentes patamares. E junto a um dos muros tinha hortenses todas floridas. Muito bonita, muito acolhedora.
Escusaria aqui de voltar a referir o quanto valorizo a boa arquitectura. Já o disse incontáveis vezes.
No decurso das minhas várias vidas profissionais, por duas vezes separadas por alguns anos, no decurso de movimentações empresariais -- que envolveram alienação de edifícios no centro da cidade e necessidade de procurar outros, fusão de empresas, reorganizações de monta --, fiquei responsável pelos projectos nas suas diferentes valências, quer a das reorganizações propriamente ditas, até à selecção de edifícios, respectiva adaptação (desde o projecto de arquitectura, à selecção de empresas de construção e acompanhamento de obras --- não eu, pessoalmente, mas pessoas sob a minha coordenação), gestão das mudanças em si (colocando a trabalhar nos mesmos serviços e nas mesmas instalações, pessoas que não se conheciam, provenientes de empresas e cidades distintas). Das duas vezes, obviamente recorremos a arquitectos e, das duas vezes, foi uma experiência extraordinária. A forma engenhosa e inteligente como aproveitam os espaços e pensam na envolvente, nas necessidades, na luz, e como encontram soluções elegantes e ergonómicas, é, para mim, fascinante.
Foram projectos de grande dimensão que envolveram importação de materiais sofisticados que eu desconhecia e que transformaram radicalmente os espaços, que incluíram a concepção e construção de mobiliário, integração paisagística e sei lá que mais -- e que me deixaram extraordinárias memórias.
De vez em quanto tenho aqui mostrado casas maravilhosas, amplas, luminosas, integradas na paisagem. Mas são casas sobretudo para a gente sonhar com elas pois são imóveis que não estão ao alcance de todos.
Hoje partilho o oposto: duas pequenas casas. Mas recuperadas e alteradas com tal inteligência que as transformaram em casas fantásticas, nada acanhadas, muito acolhedoras.
Os vídeos têm ainda a vantagem de ser falados em língua portuguesa. São as casas de um casal que opta por viver cada um em sua casa. Mas as casas comunicam entre si pela varanda pelo que podem estar juntos sem se incomodarem.
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