Tenho uns amigos que viveram toda a vida em Lisboa, ele trabalhando em ambiente empresarial e ela professora. São um casal muito tranquilo, sempre em paz com os outros e com eles próprios.
Têm na família vários arquitectos, um dos quais pessoa altamente prestigiada nacional e internacionalmente.
Há algum tempo compraram um terreno no Alentejo e resolveram fazer lá uma casa. Era inicialmente a casa secundária, para férias e fins de semana. Contudo, aos poucos, o coração deles começou a pender para lá.
Estou a reforçar a proximidade deles à arquitectura para puxar à conversa o tema da casa deles. Podendo ter recorrido a qualquer dos familiares arquitectos, não. Como tantas vezes acontece, resolveram dar meia volta e contratar um gabinete de arquitectura conhecido por recorrer à arquitectura natural. Recorrem a métodos de construção tradicional, ancestral, com barro e palha e não sei o que mais. Eles explicaram-me e fui vendo o projecto e vendo as fotografias da evolução da construção mas já não me lembro bem pelo que não posso dizer mais que isso.
Acho imensa graça a isso e, segundo eles, o processo usado tem muitos benefícios quer a nível térmico e sonoro como a nível de durabilidade.
Estes meus amigos têm um lado muito zen e, em alguns aspectos, um pouco a tender para o alternativo. Uns amores.
Eu e o meu marido somos mais convencionais. Por um lado nunca tivemos vontade de fazer uma casa de raiz e, por outro, se a tivessemos feito, apesar de também termos na família gente das arquitecturas e engenharias ligadas à construção que nos permitiriam aconselhamento técnico isento, creio que iríamos para os métodos construtivos mais convencionais, mais seguros, mais rápidos e quiçá mais económicos.
No entanto, não sendo nós do género eco-zen-alternativo, admiramos bastante observar o género oposto ao nosso.
Esses meus amigos, entretanto, reformaram-se e agora é no Alentejo que passam a maior parte do tempo, vindo cá a Lisboa apenas quando o rei faz anos. E já se integraram na comunidade rural e artística local.
Sendo pessoas muito informadas, engagées, atentas à política, conseguem, contudo, guardar uma saudável distância de tudo o que é trica partidária ou pequena intriga para uso mediático. Vivem num outro mundo. Falam das suas próprias culturas e já sabem de agricultura, falam do cão, ela pinta e lê, ele confraterniza com os locais de que admira a sabedoria popular, conhecem o artesanato local, fazem passeios, conhecem a gastronomia circundante. São pessoas de posses e, no entanto, tenho ideia que nunca fazem compras que não as ligadas à subsistência, aos livros e a este dolce fare niente. São frugais, despojados.
Admiro muito as pessoas que conseguem elevar-se acima do quotidiano, do supérfluo, do passageiro, e que vivem numa felicidade e numa paz que parece intocável.
O vídeo não está traduzido e isso pode ser limitativo para quem não entenda o que aqui se diz. Mas penso que as imagens falam por si.
Retired Art Teacher Sculpts Her Own Natural Building - Full Tour!
In today's natural building tour, we will be visiting Deanne Bednar's Strawbale Studio which features several natural structures, including a strawbale studio, hobbit sauna, rocket mass heated bench, and more!
Deanne is the illustrator of The Hand-Sculpted House, one of the most influential natural building books ever created!
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