Mesmo que se tratasse de um homem equilibrado, um democrata, um humanista, um tipo decente, um fulano culto e com uma visão holística do mundo, ainda assim seria perigoso. Toda a gente funciona bem até deixar de funcionar. E um país tem que ter camadas de poder, camadas não apenas horizontais (diferentes níveis de decisão) como camadas de poder distintas e independentes. E umas camadas devem vigiar as outras. E os termos em que a vigilância entre camadas independentes se exerce devem estar bem definidos.
Mesmo assim há perigos como vimos com Trump que, apesar de todos os checks and balances, conseguiu manter-se durante uns anos à frente dos Estados Unidos. E isto apesar de todas as suas mentiras, de toda a incompetência, dos reais riscos de deslealdade que a proximidade a Putin prenunciavam, do narcisismo doentio que o levava a toda a espécie de dislates e alarvidades, apesar da erosão política e social que cavou na sociedade americana.
Agora imagine-se um regime obsoleto, baseado na distribuição de prebendas entre oligarcas (muitos dos quais, estranhamente, a aparecer mortos), em que as supostas primeiras figuras são humilhadas publicamente ou sumariamente descartadas, em que a lógica é a da concentração de um poder absoluto em Putin, um ex-agente do KGB, um saudosista de impérios de má memória, um psicopata assassino que governa ditatorialmente e que não se importa de sacrificar milhares de vidas para salvar a sua.
O que Fareed Zakaria diz no vídeo abaixo é muito interessante e muito claro.
O que está a acontecer na Rússia e na Ucrânia é grave demais. Diz ele -- e eu acredito -- que a implosão do regime putinista não deve estar longe. O pior é o que vai acontecer até lá. O mundo está um lugar cada vez mais perigoso.
Zakaria explains what Putin's nuclear threat tells us about him
CNN's Fareed Zakaria discusses Putin's nuclear threats toward the West and what they tell us about his war in Ukraine
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