quarta-feira, junho 08, 2022

Algumas receitas para uma feliz sobrevivência

 

Espero que, muito rapidamente, a indústria avance com processos de electrólise invertida ou de dessalinização ou de formação artificial de nuvens ou o escambau ou o diabo a quatro. Tecnologia e técnicos que saibam da poda há-os por cá. Têm é que ser lançados programas de investimento virados para isto. E tem que ser rápido. Entre o business case, a mobilização do capital, o desenho e projecto da solução, o procurement, a construção, os testes e tudo o que é preciso até que uma fábrica comece a produzir vão anos (ainda mais com a escassez de materiais que há). E há que ter operadores e técnicos de manutenção - e não os há. Ou rapidamente o país aposta intensivamente em escolas técnicas ou arranja maneira de 'importar' gente com esse tipo de formação. Tudo isto leva tempo.

A subida da temperatura média, a seca, o facto de vários dos nossos rios virem de Espanha (e, como seria de esperar, Escassez de água leva Espanha a reduzir caudais dos rios que entram em Portugal) fazem perspectivar que o que, em tempos, parecia um cenário apocalítico longínquo já comece a bater-nos à porta. Temos que interiorizar que sem água não há vida e que, se não há água, temos que fazê-la. Tal como temos que produzir energia a partir dos recursos naturais e renováveis, temos também que produzir água a partir do que há à mão de semear e que, tão cedo, não se esgota.

Espero que consigamos viver em paz, salvar o planeta, salvarmo-nos a nós da insanidade de alguns e vivermos, de forma sustentável (ou sustentada?), com recursos sabiamente geridos. Se é com carne produzida em fábrica de carne a fazer de conta, se é com insectos ou legumes que hoje desconhecemos, se é com algas e outros produtos do fundo do mar, eu não sei. Mas o engenho e a arte têm que se virar rapidamente para a nossa subsistência e para a do terroir que nos coube em sorte.

No meio disto teremos que nos blindar para podermos cuidar dessas premências e não corrermos o risco de, nos entretantos, ser invadidos e destruídos por assassinos tresloucados. O que até há uns três meses nem nos passava da cabeça, afigura-se agora ser de extrema relevância. Um doido varrido pode deitar a perder anos de desenvolvimento e anos de esperança de vida (das pessoas e do planeta).

Casa Do Penedo, 1972, Celorico de Basto

E, last but not least, teremos que continuar a ser felizes e a tentar inebriar-nos com a arte, com a elegância, com a beleza, com a doçura dos bons momentos, com a melodia das palavras, com o voo dos corpos e dos pássaros, com a memória do passado e o sonho no futuro, com a ternura do afecto, com as mil e uma pequenas coisas da natureza.

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No estúdio com Claire Tabouret


Um vestido feito de vidro -- Iris van Herpen


Georgijs Osokins interpreta  Fragile e conciliante do Lamentate de Arvo Pärt 



Um quarto dos poemas é imitação literária / Herberto Helder dito por Fernando Alves



"Petite Mort", Pas de Deux numa coreografia de Jiri Kylian


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As fotografias pertencem a World Beauties And Wonders

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Desejo-vos um dia tão bom quanto possível
Saúde. Imaginação. Vontade. Paz.

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