domingo, maio 01, 2022

Falo do deputado totozeco apanhado a ver pornografia no telemóvel, antes do momento da votação?
Ou deixo-me disso e falo antes de um apartamento alugado muito bonito, muito bem decorado?

 

No que se refere a Neil Parish estou como o João: tanto fusuê por causa de uma coisa destas? O homem, enquanto no exercício das suas funções, andava à procura de tractores quando, naturalmente, foi parar a um site porno. Toda a gente sabe que quem diz tractor está na verdade é a pensar em ver como é que o bicho pega. Mas o Parish não sabia. Pasmou, olhou e viu. E, afinal, que mal tem? Quem nunca? Perante um tractor vagabundo quem nunca arregalou os olhos a ver se descobre que diabo se esconde ali?

Ora. Só santinhos.

Mas ele, o Neil, que é toryzinho e de lagriminha no canto do olhinho, confessa que, não esclarecido, foi lá uma segunda vez. Na volta quis ver modelos de pá levantada, modelos de pá de arrasto. Whatever

Só que aquilo ali, naquele parlamento, as condições não são as melhores. Tudo acanhado. Tem que estar tudo perna com perna. Hoje vi umas imagens em que uma senhora estava empalmada entre dois calmeirões. Para caberem os três, um tinha que estar de lado com o braço por cima dela e o outro encolhido tentando, mas não conseguindo, empernar com ela. Depois queixam-se de má conduta. É que não sei como evitá-la. Está bem que, se os parceiros foram horrorosos e mal cheirosos, ainda dá para se encolherem e fazerem de conta que não dão por nada, que estão ali só mesmo pelo penteado do Boris. Agora se são simpáticos e jeitosos, ali aconchegados uns nos outros, como evitar que role um climinha? 

Depois, claro, se algum outro da bancada da frente quer arranjar confusão, logo vai intrigar e pôr a rádio alcatifa a comentar que, em vez de estarem concentrados nas leis, estão é a medir a temperatura um ao outro e, nitidamente, se não rolou já pintou. E dali até soar que, entre aqueles dois, há ali má conduta não vai um segundo.

Pois bem, foi no meio destes amassos, uns aconchegados nos outros e os de cima logo ali em cima verem o que se passa na bancada de baixo, que o fofo do Neil se foi pôr a ver as habilidades dos tractores, e si cariño, si cariño, truca-truca, para a frente e para trás.

E agora, tendo sido apanhado naquela sua curiosidade inocente pelos colegas, tudo gente pura e pudica, caíram-lhe em cima. São os colegas, são as televisões e jornais, são as redes sociais: que não há perdão possível. É para a rua e é já. Andor.

E ele, tipo menino do coro, fofinho da sacristia, confessa que pecou, chora, todo ele arrependimento, diz que está a fazer sofrer a mulher e o que isso lhe custa só ele sabe, assume o erro, diz que foi um momento de loucura.

Não sei de que são acusados os outros cinquenta e tal, incluindo três ministros, de quem se diz serem também gente de má conduta. Terão posto a mão na perna do gordo do lado? Terão contado a anedota do macaco Horácio no intervalo de uma votação? Terão visto as capas do Correio da Manha? 

Não sei, não faço nem ideia.

O que sei é que parece que está tudo maluco. Não há explicação.

Portanto, com vossa licença, sigo para um tema em que ninguém me vai poder pegar: não tem a ver com pornô, não tem a ver com Putin nem com o Partido do Zê, não tem a ver com geopolítica nem com a ausência de cultura grega. 

Nada. Decoração pura e dura. Neste caso nem com arquitectura tem a ver. Só com bom gosto. A designer do ano lá da terra dela, a Sophie Ashby, foi para um andar alugado e fez dele uma coisa fantástica. 

Our Designer of the Year Sophie Ashby on decorating her rented Georgian house | Design Notes


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Desejo-vos um feliz dia de domingo
Vivam os trabalhadores e viva o merecido descanso!
E juízo nessa cabecinha. Saüdinha da boa. Paz a sério.

6 comentários:

Monteiro disse...

Ai que vontade de rir.

Janita disse...

😂😂 Dia feliz, UJM.

Um abraço.

João Lisboa disse...

:-)

Um Jeito Manso disse...

Olá Monteiro,

É bom rir. E, apesar dos tempos complicados que atravessamos, continuam a acontecer momentos que parecem feitos de propósito para a gente se rir deles.

Uma boa semana!

Um Jeito Manso disse...

Olá Janita,

Muito obrigada.

Sabe uma coisa: estava há bocado a escrever o post do esquilo e a pensar: 'vá lá que consegui focar a imagem e fotografar o esquilinho, senão lá ia a Janita pensar que estou sempre a inventar coisas...'?

Não me esqueço do que me disse uma vez mas, de certa forma, até a percebo. Deixou-me a pensar que, se calhar, escrevo com naturalidade do que se passa no meu dia a dia mas, para quem não presencia, pode parecer invenção.

Não me esqueço de uma vez, numa altura em que me dava para aqui escrever 'folhetins', em que descrevi uma casa senhorial de pessoas conhecidas, uma casa muito bonita ali para os lados de Sintra. Tinha jantado dias antes lá, um jantar servido com todos os cerimoniais em que um conhecido Chef tinha estado lá a cozinhar para aquele grupo de pessoas. Descrevi ipsis verbis o que se tinha passado mas, para dar graça à história, inventei que ao meu lado tinha ficado um príncipe árabe que dizia poesia. Pois quer crer que recebi comentários, um em especial, em que dizia que aquele jantar era uma invenção, que a casa era uma invenção, que eu se calhar nem sabia estar à mesa... e mais não sei o quê...? Aparentemente acreditaram no príncipe árabe mas não acreditaram naquela casa fantástica, nem no fabuloso jantar nem que eu lá tivesse estado...

A gente escreve e nem as pessoas nos conhecem nem a gente sabe para quem escreve. Por isso, todas as dúvidas são legítimas.

Desejo-lhe uma boa semana, Janita.

Um abraço também para si.

Um Jeito Manso disse...

Olá João,

Há com cada maluco, com cada betinho, com cada totó... não é?

Anda o céu a despejar mísseis sobre alguns lugares, andam milhões de pessoas a fugir da desgraça e sei lá mais o quê e andam aqueles totós a fazer dramas porque um outro totó viu uma palhaçada qualquer no telemóvel em vez de estar a fazer outra coisa qualquer.

Enfim.

Haja saúde e alegria.

Uma boa semana para si, João.