Pela generosa mão de Leitor/a Anónimo/a chegou-me um artigo que me deixou toda sorrisos e vontade de largar as reuniões desta semana e correr para o campo, ver se descubro o esquilinho de domingo e, se calhar, vários outros.
Não o farei, claro. Fui formatada para colocar os deveres antes dos prazeres e, por isso, vou ficar aqui a imaginar e a desejar que a realidade seja melhor ainda que a imaginação enquanto me consumo em reuniões e mais reuniões, todas imprescindíveis e inadiáveis.
E, no entanto, não fosse eu como sou e logo iria atrás do que penso: que vale mais um esquilinho peludo no alto de um pinheiro do que vários gestores metidos a besta.
Devia ter fotografado aquele chão todo atapetado de caruma e restos de pinhas. Dezenas de pinhas todas como nunca as vi, desbastadas, quase parecendo maçarocas sem grãos de milho. O que deu nas pinhas? - andava eu a interrogar-me. Terá ventado demais por aqui? Caíram e debulharam-se em pleno voo? -- intrigada, eu. E agora, ao ler o artigo, vejo que pode ser sido o bichinho e, se calhar, irmãos e primos. Pinhas roídas parece que é sinal de que há esquilos no pedaço.
Já não bastam aquelas pegadas fundas que continuam a aparecer por lá e que o João me disse que deve ser obra de javali. Ou os gatinhos que, de vez em quando, por lá andam. No sábado vi um pequenino, cor de leite e baunilha, coisa mais lindinha. Olhou-me e depois fugiu. Passarada, então, nem se fala. E lagartixas....? Xi... por todo o lado... tantas. De vez em quando, ao andar, ouço barulhos no chão, alguma coisa que foge. Não se vê nada, só se ouve. Mas, no outro dia, andava a atirar lá para baixo umas pernadas de pinheiro e de azinheira que tinha cortado quando ouvi: zzzzzz..... Estava numa ponta, ao pé de uma escada escavada na pedra. Depois vou lá abaixo, apanho as pernadas e ponho-as no poço de compostagem, aquele lugar misterioso sobre o qual a Guigui um dia perguntou se podia andar por perto em segurança, se não saíam de lá bichos perigosos, ursos ou assim. Mas, então, eu estava a atirar as pernadas e ouço a passar-me ao lado zzzzzzz...... Olho e quase me arrepiei por dentro: uma cobra enorme, serpenteando, se calhar saindo de onde estava em busca de abrigo mais seguro. De cobras confesso que tenho algum receio. Bichas traiçoeiras. Dantes também havia muitos coelhos. Agora nunca mais vi. Não sei se foram os caçadores ou se foi uma doença. E agora apareceu o mais inesperado e mais fofo dos bichos... o esquilinho.
E pensar que, se a minha filha não o tivesse visto, não saberíamos da sua presença. Quantos mais serezinhos vivem entre nós sem que nem sequer nos apercebamos da sua existência...?
Curiosamente o nosso pequeno urso felpudo não presta grande atenção a toda a fauna que habita este nosso espaço. Segundo me disse aqui quem sabe, o José Duarte, ele não reconhece que sejam ameaças. Em contrapartida, se ouve uma mota ou um carro a passarem na estrada, sai a correr e a ladrar, possuído. Depois regressa a abanar o rabo, olha para nós, pede o nosso reconhecimento. Eu elogio: 'Lindo... Toma muito bem conta da casa... Muito bem...!'. E todo ele se derrete de alegria.
Agora, quando saímos de casa ou quando estamos lá para dentro, temos sempre o cuidado de fechar a porta. O episódio do ratinho que, há uns meses, se infiltrou, fazendo disparar os alarmes da casa (numa noite em que não estávamos lá) e obrigando-nos a ir para lá fazer uma caça ao intruso, serviu-nos de emenda.
E felizmente temos a sorte de por lá não haver jacarés senão ainda corríamos o risco de, um dia, ao entrarmos em casa, depararmos com as garrafas de águas das pedras ou de cerveja todas bebidas e um crocodilo a arrotar como um magala em dia de folga da recruta.
E, a quem pense que estou a alucinar, informo que não. Aconteceu ao casal Karyn e Jamie Dobsonque, residentes na Florida, que, tendo aprovisionado várias latas de coca-cola (diet cokes, note-se) para a festa de anos do filho, ao ouvirem um barulho estranho, foram tentar perceber o que se passava. Ao chegarem à garagem nem queriam acreditar: latas abertas, coca-cola borbulhante... e um jacaré...
Diz que é coisa não rara, em especial na altura do acasalamento: parece que, em situação de carência, quase trepariam às paredes se as encontrassem. Ou seja, fazem qualquer coisinha a ver se arranjam com quem até irem por aí à procura de um date. Não sabem que podem inscrever-se no Casados à Primeira Vista. Os especialistas haveriam de arranjar uma histérica que fizesse match com um alligator assanhado ou um marialva de pacotilha para acasalar com uma crocodila 'com uma grande mochila' (como agora soe dizer-se).
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E é isto.
As fotografias foram feitas in heaven, como é bom de ver.
Claro que estou a fazer um esforço para não falar no programa de televisão russa em que um anormal mostrou como é de caras destruir Berlim, Paris ou Londres. Mas hoje não.
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Desejo-vos um dia tão bom quanto possível
Serenidade. Saúde. Força. Esperança. Paz
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