sábado, março 19, 2022

Depois de um pôr-de-sol vivido em plena paz, alguns apontamentos:
uma condessa fala do maníaco, um homem é resgatado dos escombros, uma repórter de guerra fala do que viu e uma menina emocionada recebe flores do Presidente de quem as amigas tanto falam no TikTok

 




Hoje de tarde a reunião correu bem. Uma reunião tranquila com opiniões convergentes e sem atritos numa sexta-feira à tarde só pode resultar de um alinhamento astral virtuoso.

A seguir, troquei umas mensagens com um dos participantes, depois vi e enviei uns mails e ainda consegui sentar-me cá fora a apanhar um pouco de sol. Comigo, a pequena fera. 


Tentei penteá-lo e quase consegui. O pêlo está cada vez mais farto e comprido e ele cada vez maior e mais forte. Ele gosta de ser penteado mas não consegue estar sossegado: rebola-se, tenta morder a escova, torce-se, tenta apanhar a minha mão. Tudo a brincar, sem magoar... mas a obrigar a algum cuidado pois com aquela bestinha nunca se sabe.

A patinha da frente que foi rapada quando esteve internado (por causa da lagarta do pinheiro) já está outra vez a ficar peluda. 

Depois de escovadinho ficou ainda mais fofo.

A professora diz que ele é um mimado, que não deveríamos dar mimo gratuito: só deveríamos mimá-lo quando ele obedece a ordens, mesmo que tenhamos que dar-lhe ordens gratuitas, só mesmo para que ele obedeça. Mas esqueço-me. Dou por mim a dar-lhe mimo só por dar, só porque ele merece e merece só porque existe e é inocente.

Agora, enquanto escrevo aqui na sala, está deitado no chão, a cabeça encostada a uma almofada que tomou como sua. Um grande tufo de pêlo, respirando na maior paz. Cãozinho sortudo. Não sabe o que são maus tratos, sustos, maldades.


Entretanto reparei que a glicínia está florida. Não sei como, não dei pela evolução. Às vezes não reparamos nas coisas importantes e belas que estão mesmo ao pé de nós. Damo-las por adquiridas, já nem lhes prestamos atenção. E, no entanto, como as pessoas que estão debaixo de guerra deveriam gostar de ter disponibilidade para reparar nas flores que despontam pela primavera. Talvez até as flores por lá tenham sido arrasadas. Será que ainda há flores nas cidades bombardeadas e esventradas da Ucrânia?

Só hoje reparei como já está em flor, lilás, delicada, primaveril. Fotografei, encantada. Que bom.

Dali resolvemos ir passear para a praia. Nestas sextas-feiras assim sinto-me como se estivesse a entrar em férias. Não estou, é só um fim de semana. Mas, para mim, sabe-me a férias.


Estava uma temperatura amena, um ambiente agradável, umas cores fabulosas. Muita gente, muitos jovens, muitas crianças. A paz é isto. Podermos passear descontraidamente à beira da água, desfrutar a tranquilidade de uma tarde em que o sol se dilui no mar, em que as pessoas fazem ginástica, as crianças andam de skate ou de bicicleta, um homem toca trompete, outros passeiam o cão, conversam, correm -- fazem o que querem, em liberdade, sem medo, alheados de preocupações. Paz.

Fui fotografando, sentindo aquela felicidade que sabe melhor por se sentir que é frágil, que pode ser efémera. Fui captando momentos, tentando registar a beleza da luz, a ternura de um abraço, a cumplicidade de um amor.

___________________________________

Entretanto, à noite, de regresso a casa, voltei às notícias. Voltei a procurar sinais, explicações, sinais de esperança, testemunhos na primeira pessoa, gestos imprevistos. Partilho-os.

Alexandra Tolstoy Shares How Life Is Inside Putin's Inner Circle | Lorraine

With the Ukraine war entering another week, and horrific images and reports continuing to dominate the news - we're turning our attention to the man who is behind the invasion - Vladimir Putin.

Alexandra Tolstoy is a former partner of Russian oligarch Sergei Pugachev, who was a one-time close ally of Vladimir Putin, even acting as his personal banker, and Alexandra has been in close quarters with Putin and his confidantes.

She tells us what he was like, what she thinks about the rumours about his health, and how she feared for her life when her ex-partner was cast out from Putin's inner sanctum

She also shares her fears for Russia, and whether she thinks the sanctions will have any impact - and revealing the truth about the rumours behind Putin's motives, and the many questions about his health.



Ukraine War: Rescue workers locate a survivor under rubble after phoned for help

Rescue workers were alerted of a survivor under the rubble of a destroyed building in Kharkiv by a phone call for help.

Using saw, shovels and their bare hand in the freezing cold - the emergency workers found and freed the man.


War Photographer Lynsey Addario: “They Were Killed Before Our Eyes” | Amanpour and Company

New York Times Pulitzer Prize-winning photojournalist Lynsey Addario has covered every major conflict and humanitarian crisis of her generation. In Ukraine, she captured an image that shocked the world and became one of the defining images of this war: a mother, her two children, and a friend, all killed by Russian mortar fire when fleeing Irpin, a village on the outskirts of Kyiv. In a week that saw four journalists killed while covering the war, she speaks with Hari Sreenivasan about what it means to witness history.


Hospitalised teen becomes emotional meeting Ukrainian president Volodymyr Zelenskiy

A teenager was overwhelmed when Ukrainian president Volodymyr Zelenskiy shook her hand and gave her flowers during a visit to people wounded by Russian attacks at a Kyiv hospital on Thursday. 
Sixteen year-old Katya Vlasenko, who was wounded when the car her family was travelling in came under fire, told the president he was a hero on social media platform TikTok, to which Zelenskiy responded: 'Oh yes? So we have occupied TikTok?' 

Katya's family was trying to escape fighting in the area north-west of the capital Kyiv when their car came under fire near Hostomel 

_________________________________

Desejo-vos um bom fim de semana
Paz

2 comentários:

José Duarte disse...


"Dou por mim a dar-lhe mimo só por dar, só porque ele merece e merece só porque existe e é inocente." Há muito tempo que não me era dado ler uma tão bela e sentida expressão de amor por qualquer criatura, neste caso uma fera peluda cheia de sorte. E, é claro, ele merece mesmo...

Um Jeito Manso disse...

Olá José Duarte

Muito obrigada. Uma vez mais gostei de ler o que escreveu. Gostei que me tivesse compreendido. Há pessoas que não percebem o afecto que se pode sentir por um animal de estimação. Muitas pessoas julgam que quem gosta muito de um animal é porque tem carências afectivas. Não é verdade.

Pode ter-se uma família que se adora e, ainda assim, ter espaço no coração para gostar de um cão como se fosse um elemento dessa família. Como se fosse não. É um elemento da família. Irrequieto, teimoso, por vezes pouco obediente, exuberante, enérgico por vezes por demais... mas uma graça, uma ternura, uma alegria.

Um domingo feliz, José Duarte.