À meia noite fui para a rua bater tampas e fazer barulho mas não saí do jardim. De uma das casas do lado saíram dezenas de pessoas e viu-se que a festa foi rija. De outras casas também saíram pessoas para o jardim, outras para a rua. Atiraram-se foguetes. Hoje, quando fizemos uma rápida e breve caminhada, vimos as ruas com muitos confetis e serpentinas coloridas.
A tradição cá em casa não é tanto a festa da virada do ano mas, sim, no dia de Ano Novo.
Antes havia também festa em grupo e era à vez, cada ano em casa de cada um. Mas isso foi noutro tempo. Quando um casal se separou e ele voltou a ter uma outra companheira, vacilámos. Um excluía o outro e isso era uma decisão difícil. Quebrou-se esse hábito. Desde essa altura, começámos a entrar o ano apenas os dois, geralmente na rua.
Por acaso, prefiro assim. Como gosto de ter cá em casa a família para o primeiro almoço do ano, era sempre apertado conseguir dar conta do recado.
Neste primeiro de Janeiro de 2022, como esteve bom tempo, almoçámos no terraço.
Depois de almoço, os meninos e dois adultos foram jogar a um jogo na playstation que os deixou ao rubro. A seguir estivemos de novo e jardim e até fizemos uma foto de família, pequena fera incluída. Milagrosamente ficaram todos bem excepto eu que, pouco habituada a fazer parte da imagem, fiquei a olhar para outro lado. Tenho que imprimir e emoldurar. Gosto imenso de fotografias com todos.
Como estava um solzinho bom, a seguir fomos para a praia. Imensa gente. Gosto nuito de ver as pessoas a desfrutarem a natureza. Antes ficava-se fechado em casa. Agora os parques e as praias estão cheios de gente. Em meu entender isso contribui, e de que maneira, para uma outra abertura de espírito e para uma melhor disposição.
Vimos pessoas a tomar banho. Contudo, a minha filha descalçou-se e foi molhar os pés e queixou-se de que estava fria.
Claro que os homens da família fizeram o seu primeiro jogo de futebol. E até a menininha quis participar. Ficou à baliza e, enquanto os sarrafeiros faziam faltas e rasteiras uns aos outros, ela dançava. No fim, os rapazes transpiravam que só visto.
Saímos de lá já ao lusco fusco, já passava um pouco das seis da tarde. Mas os dias já estão maiores e só isso é suficiente para me sentir ainda mais animada.
Quando chegámos, estivemos a arrumar a casa e eu vim ver as fotos que fiz durante o dia, entre as quais estas que aqui se incluem. Enviei algumas aos meus filhos. Quando enviei uma mensagem no grupo de família a informar que tinha enviado as fotos por mail, a minha menininha linda respondeu que não tinha recebido. Também já tem a sua conta de mail. Encaminhei as fotos também para ela, então.
Para mim, isto é um dia feliz. Não preciso de mais. Aliás, preciso, sim. Preferia que, à hora da refeição, estivéssemos todos em volta da mesma mesa, mesmo que fosse uma mesa acrescentada como era ultimamente que a malta é muita e os mais pequenos estão cada vez mais crescidos. Mas, assim, em mesas separadas por agregado é um bocado chato. Mas as mesas estavam próximas e o tempo estava tão bom que até esteve bastante agradável. E toda a gente bem disposta, que é o que é preciso. Estar com eles e vê-los bem enche-me de felicidade.
Quanto à refeição, desta vez fui eu que cozinhei tudo.
Vou contar como fiz.
Camarões grandes cozidos
Não tem que saber. Numa panela com bastante água, coloca-se sal até ficar a saber a água do mar. Junto cascas de cebola (devidamente lavadas). Quando ferve em cachão, junto os camarões ainda congelados. Quando volta a ferver em cachão, conto uns três ou quatro minutos. A seguir desligo, escorro a água salgada e passo-os rapidamente por água fria. A seguir disponho-os numa travessa.
Molhinhos
Trata-se de dobrada enrolada em pequenos rolinhos, atados com fio. Compro-os já preparados desta forma.
Lavo-os e coloco-os de molho em água com bastante vinagre de vinho. Ficaram assim desde a véspera à noite, dentro do frigorífico. Faço isto para evitar que subsista com algum sabor estranho. De manhã, escorri a água com vinagre, lavei-os. Num tachinho coloquei água, um pouco de sal, uma cebola, uma folha de louro, um pouco de salsa. Os molhinhos ficam totalmente submersos. Deixei cozer durante umas duas horas e meia. Depois de ver que os molhinhos estavam bem macios, desliguei. Retirei-os, escorri-os. Tirei o fio de cada um, cortei às tirinhas, miguei dois dentes de alho grandes, temperei com azeite e com vinagre balsâmico. Envolvi bem. Quando servi ainda estava morninho. Tanto se pode comer quente, morno ou frio. É sempre bom.
Outras entradas
Servimos também tostinhas barradas com queijo e com salmão fumado. Tinha também paté de perdiz. E carnes frias. E salada de tomatinhos cherry com mozarella em bolinhas pequenas que temperei com azeite e orégãos.
Pratos principais
Para prato principal, fiz dois. A minha ideia era fazer bochechas de porco mas, nos dois talhos a que fui, estavam esgotadas. Por isso comprei cabrito e, como algumas pessoas não apreciam grandemente e porque já só havia uma mão e três cachaços, trouxe também pernil, três rodelas largas de pernil.
Cabrito
Lá no talho pedi para cortar aos bocados. Em casa, comecei por tirar parte da gordura. Depois lavei. Num tacho coloquei duas grandes cebolas cortadas aos bocados, duas folhas de louro, uns quantos dentes de alho, salsa. Depois coloquei os bocados de cabrito. Temperei com um pouco sal. A seguir quase cobri com um bom vinho tinto, depois azeite, alecrim, depois voltei a cobrir com mais duas cebolas cortadas. Tapei. E coloquei no frigorífico, onde pernoitou enfiado neste banho.
De manhã, coloquei o tacho ao lume. Depois de levantar fervura, baixei. Ficou a cozinhar durante umas duas horas. Depois do cabrito cozinhado, retirei os pedaços para um tabuleiro.
Arroz para acompanhar o cabrito
Do tacho onde tinha cozinhado o cabrito, retirei a parte mais gorda do caldo. Frigi bocadinhos de bacon e juntei o equivalente à quarta parte do líquido necessário ao arroz (basmati), juntamente com a cebola meio desfeita que lá estava. Deixei cozinhar o bacon e reduzir um pouco o caldo. Depois juntei água. O líquido total deve ser o dobro da quantidade de arroz. Quando ferveu, juntei o arroz. Juntei um pouco de sal. Antes de estar completamente cozinhado, desliguei e passei para um outro tabuleiro.
Pernil
Como o pernil vem com a pele do porco e receio sempre que tenha algum cheiro ou sabor indevido, apliquei-lhe o mesmo tratamento que aos molhinhos. Água com vinagre de vinho e o pernil lá mergulhado, num tacho, durante toda a noite.
De manhã, num tacho coloquei duas cebolas grandes aos bocados, alhos, louro, bastante salsa, dois tomates grandes maduros, duas maçãs grandes (com casca) cortadas aos bocados (sem as sementes). Depois as grandes rodelas de pernil devidamente lavadas. Depois sal. A seguir cobri-os generosamente com massa de pimentão (que comprei, num boiãozinho), depois também um pouco de vinho e azeite e, de novo, mais cebola. De novo, depois de ferver, baixei o lume e ficou, tal como o restante em lume brando.
Depois de bem macio, desliguei e passei os bocados de carne para um tabuleiro, encostados a um dos lados.
Retirei a parte sólida do caldo (cebola, tomate, maçã) e moí bem moído. Coloquei este molho espesso e macio numa tacinha, para acompanhar a carne.
Batatas e abóbora para acompanhar o pernil
Descasquei batata normal, batata doce cor-de-laranja e abóbora que, depois de cortadas aos bocados, cozi no caldo sobejante no tacho onde tinha cozinhado o pernil. Depois de quase pronto, escorri e juntei na parte vazia do tabuleiro. Polvilhei com orégãos e cobri a parte das batatas e da abóbora com fatias muito finas de bacon.
- Quando os comensais estavam a chegar, coloquei os três tabuleiros no forno com temperatura intermédia e ali ficou tudo a apurar, primeiro na função grill e depois no aquecimento geral. Ao todo, deve ter ficado para aí vinte minutos, mais coisa menos coisa. Depois do forno desligado, ficou tudo lá dentro para não arrefecer.
Sobremesas
Já se sabe que não me dá para doces. Tinha comprado tronco de ano novo e um bolo rei das beiras. A minha filha trouxe tarte de natas. E havia bombons e fruta. Mas acho que ninguém tocou na fruta. Habitualmente, costumo dizer aos meninos que não há sobremesa se não comerem fruta. Inverto a ordem dos factores para os conseguir pôr a comer fruta. Mas em dias de festa, não me prendo a deveres, só a prazeres.
Claro que é disto que gosto: de cozinhar, do stress de ter tanto que fazer e de ver o tempo a passar, o pessoal quase a chegar e eu ainda a ter coisas para acabar, a querer ainda tomar banho, vestir-me (predominantemente de branco, claro), pentear-me, pôr uns brinquinhos (brancos, claro), calçar-me [uns ténis novos (brancos, claro)]. E depois do stress e de embirrar com o meu marido -- que não põe a toalha que eu quero, que não coloca pão em quantidade suficiente, etc, -- tudo se compõe, tudo fica pronto a tempo e horas.
E, quando chegaram, estava fresca e feliz da vida, e o tempo estava bom e ainda ficámos um bocado no jardim, a conversar, a apanhar sol. Para mim um punch com sumo de tangerina, sumo de lima e rum. Boníssimo. E a minha menina linda preparou um bongo tónico com gelo para ela, para os irmãos e para os primos e ali estiveram, importantes, crescidos, também a beberem o seu copo.
Um dia feliz.
E felicidades também para vocês. Tchim tchim.
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E começo o ano com mais um vídeo da Green Renaissance
Joy in life
Joy is what makes life beautiful. It's what gets us through challenges and allows light in to illuminate the shadows. Joy heals our wounds and fills our souls with goodness.
By reminding yourself of the things you have to be happy about, by creating more time to do the things you love and by spending time with the people you care about, you can create a life that is more joyful and fulfilling. And you will see and experience life through different eyes.
In this new year, why not resolve to find more joy in your everyday life!
Filmado em Montagu, South Africa.Com Sarel van Rensburg.
Uma vez mais, desejo-vos um bom 2022.
Saúde. Alegria. Boa sorte. Ânimo. Coragem. Motivação. Boa disposição. Boas companhias.
E, para já, um belo dia de domingo
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