Talvez ainda haja quem duvide que isto já é sinal de que a coisa está a caminho e que vem para ficar.
Não são só os muito broncos, os que acham que a terra é plana -- uma espécie de tapete voador a flutuar no espaço -- que ainda não acreditam na desgraça que se avizinha com as alterações climáticas a tornarem insuportável a vida no planeta, primeiro nuns pontos e, depois, provavelmente em todo o lado. Conheço alguns que dizem que mau tempo e dias quentes sempre os houve e que nada disto é coisa nunca vista.
Não vale a pena tentar evidenciar que a frequência com que os fenómenos agora acontecem bem como a dimensão dos excessos são para assustar. É que o pior nestas coisas também aqui se verifica: a conjugação dos dois factores. É como nas matrizes de risco: num eixo a probabilidade de as coisas acontecerem e, no outro, a sua severidade quando acontecem. É que poderiam ser episódios extremos mas só acontecerem de cinquenta em cinquenta anos. Ou poderiam acontecer todos os anos mas nada de mais, um ventinho, uma chuvinha e um calorzinho com que lidássemos com uma perna às costas.
Agora quando a probabilidade é elevada e a severidade também, então, meus Caros, então a coisa é grave. Quadrante superior direito, pintado a encarnado bem tingido.
O vídeo abaixo, do Guardian, junta o que aconteceu, aqui e ali, no último mês. Vendo, acho que nos vem à cabeça que, se isto é o início, fará o que será o fim... Aterrorizador.
Ou todos os países levam isto muito a sério, com medidas assertivas, ou não sei o que vai ser a vida neste planeta. É que aqui não há escapatória.
Bem podem os multimilionários pensar que fogem para o espaço. Não fogem. Ou bem podem pensar que isto primeiro dá nas zonas pobres e que eles, os muito ricos, estão a salvo em locais de clima temperado e habitações de boa qualidade. Errado.
Quando hordas de esfomeados e acossados -- não apenas pela guerra mas, sobretudo, pelas secas prolongadas, pela desertificação, pelos dilúvios, pelas tempestades, pela falta de alimentos e das condições de vida mais essenciais -- começarem a invadir as ruas da cidade e a desgraça a que hoje se assiste (ainda em ponto pequeno) se estender a todo o mundo, os negacionistas perceberão que não há lugar no mundo em que possam estar a salvo.
Climate crisis: one month of flash floods, wildfires and heatwaves
Belgium to deadly temperatures in the US, from wildfires in Siberia to landslides in India, it has been an unprecedented period of chaotic weather. Climate scientists have long predicted that human-caused climate disruption would lead to more flooding, heatwaves, droughts, storms and other forms of extreme weather, but even they have been shocked by the scale of these scenes
2 comentários:
Bom dia!
Tinha um professor que, a propósito de observações importantes, escrevia 'Obsimp, imp, imp). Eu poria a mesma nota no seu post.
Para além dos governantes, cada um de nós tem de pensar no que faz, no que deve fazer, no que tem de fazer, para não andarmos todos a suar ou a fugir, ou a morrer de sede ou de frio, ou queimados, e muito mais que as imagens atuais não enganam.
Bom domingo, com as suas trupes, maresias, petisquinhos bons, leituras, descansos -coisas boas que só fazem bem ao corpo, à alma e ao planeta.
Olá UJM,
Sinceramente o problema maior não são os negacionistas maluquinhos. Felizmente são relativamente minoritários. O problema é que nós, aqueles que até temos um bocadinho de consciência dos riscos efetivos que corremos, não somos capazes de aceitar as mudanças radicais necessárias.
Pelo contrário, até passamos por uma fase em que caminhamos para um.contexto em que domina a fé de que o futuro está na vontade do indivíduo. Mas mais do que nunca precisavamos de nós organizar colectivamente.
PS: vivo num município em que o Sr presidente se orgulha de ter ido buscar guito a fundos europeus de promoção da sustentabilidade ambiental para supostamente construir uma via ciclavel estruturante e o dinheiro serviu sim para melhorar a via rodoviária (e até em certos casos tornar mais perigosa a circulação das bicicletas). O povo aplaudiu. E vai ser eleito com a habitual votação esmagadora.
Abraço!
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