domingo, julho 11, 2021

Um feliz dia de calor entre brincadeiras, sorrisos e monetizações.
E uma breve referência a Azeredo Lopes.
E o testemunho de um improvável optimista

 


Na parte da manhã, fizemos uma grande caminhada. Estava muito calor mas, sempre conversando e bebendo água, não custou nada. Queríamos ver onde era o colégio de que temos ouvido falar. Por nada, mesmo só por curiosidade. Afinal já tínhamos passado lá muito perto e nunca tínhamos entrado naquela rua. Bonito e muito bonitas também as casas lá ao pé. Gosto de casas. Gosto muito de ir passeando e vendo as casas dos outros. Há gostos para tudo e eu gosto de apreciar o gosto dos outros, em especial os jardins. E gosto quando vejo os proprietários a regar, a desbastar arbustos ou a apanhar ervinhas. Há qualquer coisa de muito pessoal nesses momentos. Olho com discrição e algum pudor. Como estou a caminhar, estou de passagem e, por isso, é sempre um olhar fugaz.

O que nos custou foi a espera, na fila, no exterior do supermercado, a seguir. O meu marido tem sempre a ideia de que a hora boa é por volta da hora do almoço mas acho que toda a gente deve pensar o mesmo. Muita gente, muito calor. A temperatura alta,um calor espesso.

O meu marido tinha perguntado: de que é que temos falta? Eu tinha dito: pouca coisa, salada, coisas para a sopa.

Contudo, o meu ex-lado consumista reaparece quando vejo as oportunidades da semana. Tenho que me forçar a responder à sacrossanta pergunta: preciso disto? Sempre que hesito ou que tento resvalar para uma resposta dúbia, forço-me a mão dura sobre mim própria. Mas, se penso que os meninos vão gostar, aí a minha razão amolece. 

Resultado: entre o que faz mesmo falta, o que vai dar jeito e aquilo de que as crianças devem gostar, viemos carregados. 

A seguir fiz almoço, arrumámos as coisas e, quando almoçámos, já eram para aí uma duas e meia.

Com a canseira pré-almoço e com o almoço que foi cabeça de pescada com batata, brócolos, feijão-verde, cenoura, batata doce e normal, cebola e ovo, a seguir deu-nos uma valente pancada.

Deitámo-nos sobre a cama e, tiro e queda, adormecemos.

Quando a minha filha chegou com os miúdos estávamos naquela boa e santa sesta das tardes de verão. O estore corrido mas a deixar entrar luz, os vidros abertos, os pássaros a cantarem. Um sono solto e descansado.

Fomos para o jardim. O calor estava quase opressivo mas à sombra estava-se bem.

Os miúdos brincaram com pistolas de água, molharam-se, jogaram à bola, lancharam, perseguiram-se, mangueiraram-se. Nós, à sombra, descansando, conversando, preguiçando.

Depois o mais novo andou a cortar a relva com o avô. E eu disse que estava a pensar numa coisa para quando o blog chegar aos cinco milhões e que gostava de contar com o apoio do mais velho. E aí o seu lado empreendedor, geneticamente igual ao do tio homónimo, começou a tintilar. Eu com uma ideia simples e ele já a falar-me em 'monetizar' o blog, já a querer que eu insira publicidade, já a mostrar-me o que ganham influencers de renome. E já era um canal de vídeo e o blog, tudo a ganhar dinheiro a valer. Sugeriu que eu o deixe gerir o tema e lhe pague 5% do que eu ganhar. 

Disse-lhe que não quero que o blog me sirva para ganhar dinheiro, que é apenas para eu escrever umas larachas, mas ele, num entusiasmo, tentava aliciar-me, que há modalidades distintas de inserir publicidade, que há algumas que são inócuas, pouco invasivas. E já me falava também em merchandising. E eu a querer que ele se focasse no meu pedidozinho simples, uma coisinha inocente só para marcar os cinco milhões e ele que sim, está bem, mas, ó Tá, quando é que podemos pensar em começar a monetizar o blog?

Chegámos a um compromisso. Quando me reformar, faço um blog de jardinagem, culinária, decoração. [A minha filha diz-me: lifestyle]. E, nessa altura, então pode ser. Tratas do assunto, monetizas o que quiseres. Fazes vídeos, editas vídeos, tratas da publicidade. 

Ficou entusiasmado. Passado um bocado, foi o mais novo: se quiseres, posso ser o teu assistente pessoal. Achei bem. Acrescentou: um euro à hora.

E contou-me que tem já uma boa quantia no mealheiro. Eu disse: boa, assim podes ser tu a comprar o que quiseres. Respondeu: Não, é uma poupança para o futuro que é o melhor que posso fazer. Fiquei admirada e dei-lhe razão.

Estivemos cá fora, no jardim, até perto das nove. Estava-se muito bem. Quando estavam a ter o segundo lanche, apareceu uma abelha que desestabilizou um bocado. Toda a gente a fugir, eu a tentar afastá-la e ela, gulosa, só a querer ver o que podia ciscar. Tenho que ver se há maneira de afastar abelhas ou moscas quando estamos a comer. Deve haver. Não há tomadas ali pelo que terá que ser qualquer coisa que funcione por si. 

E, pronto, foi isto. Na televisão, por todo o lado, Vieira, Vieira, Vieira. Não há pachorra. Parece que o país foi sugado por este tema. Parece não haver mais nada que interesse. Nada no Vieira me interessa, nunca me interessou. Todo este carnaval me enfada. Investigam durante anos, fazem dossiers enormes que levam anos a ler, há fugas de informação para tudo o que é canto e esquina, depois virão recursos e contra-recursos, anos e anos, a vida das pessoas em suspenso durante anos e anos e anos. Uma pouca  vergonha. Não há pachorra. Haver corrupção e compadrio é um problema em Portugal, haver muita gente que só acorda e só pensa nas coisas que lhes põem debaixo do nariz é outro problema, e termos uma Justiça relapsa, prepotente, burocrática, lenta, ineficiente, que despreza os direitos e a dignidade das pessoas é capaz de ser um problema ainda maior.

Não sei se alguns dos canalhas que, antes, difamaram e andaram a pedir a demissão do ministro Azeredo Lopes e que enchiam a boca e inundavam as televisões com inflamadas acusações a um homem que nitidamente é um homem honrado, vieram agora fazer o mea culpa por terem humilhado aquele de quem agora os mesmos que o acusaram vieram pedir a ilibação. Não sei pois pouca televisão tenho visto. Às vezes penso que sempre que está para sair uma notícia que envergonha o Ministério Público, os artistas do dito Ministério Público, se saem com uma cena que nitidamente vai anular o impacto da barracada. Acredito que, se não tivesse arrancado o Cartão Vermelho, alguém teria tempo para pensar e se arrependesse do mal feito a Azeredo Lopes. Assim, acredito que a malta se marimbou pois já nem se lembram desse 'caso'. A comunicação social e as redes sociais são um antro de maledicência e falta de carácter. Destroem o bom nome de uma pessoa por dá cá esta palha, na maior das ligeirezas, seguem em frente, sempre a ver de quem podem dizer mal a seguir.

Mas, enfim, nada a fazer. Vou antes ver se vou espreitar o que há para ver na Netflix. O meu filho instalou isto e ainda não fui desbravar. O meu marido já se foi deitar há um bom bocado. Levantar-se-á quando eu ainda estiver no meu primeiro sono. Hoje, quando me levantei, já ele tinha ido e vindo do seu desporto matinal (muito matinal), já tinha pintado uma mesa, um suporte de vaso, já tinha andado a aparar a sebe e mais não sei o quê. 

Os opostos dão-se sempre bem: uma noctívaga e um diurno. Há sempre um desfasamento horário entre nós. E funciona bem assim. Por vezes pode parecer que não... mas os números falam por si: mais de dois terços da nossa vida foram vividos em conjunto. Um eterno desafio.

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Já agora, deixem que partilhe convosco um vídeo que gostei de ver

Um indefectível optimista


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Desejo-vos um feliz dia de domingo

3 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Não me "digue" nada, nos supers temos bichas a toda a hora.

Aqui esteve quentinho, mas um vento chatinho para caraças, tenho anadado a pintar os portões de cinza antracite.

Os rapazes "piquenos" já a sabem toda nesta cena das monetizações, já eu não pesco nada. Por acaso até ponho os meus DJ sets numa plataforma que dá para monetizar, mas nem pensar, faço pelo gosto de fazer e partilhar.

Azeredo Lopes, mais uma vendetta do jornalixo e justiceiros que foi posta em pratos limpos.

Um belo domingo.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Para dançar hoje à tarde: https://www.youtube.com/watch?v=iPUmE-tne5U

Um Jeito Manso disse...

Olá Francisco,

Um dia que organize um arraial de verão, festa, petiscadas e boa onda, já tem uma bela banda sonora para animar a malta, para dançar até às tantas, para Walking On Sunshine...!

Obrigada.

Há uns três ou quatro anos, depois de um encontro alargado, uma espécie de conferência, tudo o que é executivo e vip e gente bem conhecida no meio, juntámo-nos, houve música de toda a espécie e, de repente, foi uma festa, toda a malta a dançar, parecia uma cena disco, uma alegria transbordante que parecia que estava aprisionada.

Não sei se depois da covid estes momentos, antes tão espontâneos, voltarão a acontecer...

Um boa semana, Francisco.