sexta-feira, maio 21, 2021

Quem é que a Mariana Mortágua acha que é para se pôr naquela posição de inquisidora-mor...?
Pergunto.

 

Já várias vezes aqui exprimi a minha dúvida: para que servem as comissões de inquérito da Assembleia da República?

Ou bem que há suspeita de crime e aí a investigação deve correr por outras vias, nomeadamente pelas da justiça, ou há curiosidade pública e aí a comunicação social pode dar uma ajuda. Na Assembleia da República só se houver uma questão política, digo eu. Mas se há questões políticas, as comissões devem decorrer com urbanidade, com um mínimo de elevação, com a inteligência própria dos que compreendem o que é a política.

Agora o que vejo nestas comissões é uma mesa cheia de deputados geralmente enfadados ou entretidos com o telemóvel e alguém a ser inquirido persecutoriamente pela sinistra Mortágua e, em consequência disso, a ser trucidado, humilhado, violentado.

Poderia até ser o maior bandido a ser inquirido que eu acharia na mesma que aquilo que ali se passa, da forma como se passa, é insuportável -- e deveria ser inadmissível.

Se algumas pessoas que por ali têm passado (alguns dos deslustrados amigos do Cavaco, o inútil, cego, surdo e mudo Carlos Costa, espertalhaços encartados como o Berardo, alguns ex-yuppies e golden boys hoje todos caídos em desgraça, etc, etc) são pessoas a quem se conhece um historial pouco abonatório, a verdade é que, em relação a qualquer delas, eu pergunto: quem é a Mortágua para lhe ser permitido fazer o que faz às pessoas que têm a pouca sorte de a ter pela frente? Ela acusa, ela ofende, ela martiriza, ela tortura a pessoa que inquire. 

Pasmo como ninguém se insurge. E sinto-me envergonhada quando vejo um banana como o Negrão, banana, banana, mil vezes banana, a não ser capaz de introduzir ali um mínimo de decência democrática e republicana, permitindo que uma deputada trate daquela forma um cidadão que foi chamado a prestar declarações.

E repito: pode o cidadão ser o Nuno Vasconcellos (pessoa com quem nunca simpatizei especialmente), pode ser o especialista em desviar armas e fazê-las aparecer, pode ser a Madame Grilo ou um vulgar 'carteiras' do 28. Tanto faz. Ninguém tem que aturar a prepotência e perfídia da Mortágua. Que eu saiba ela não é a justiceira do regime, alguém ungido com todos os saberes e poderes para que esteja acima de tudo e de todos. De uma penada, ela julga a gestão das empresas e ela julga os clientes das empresas. Ela julga e, acto contínuo, ela condena, ela decreta sentenças. Passa por cima dos órgãos de gestão das empresas, dos conselhos fiscais, das assembleias gerais, dos revisores de contas, dos auditores. Como um carro triturante, ela posiciona-se acima de tudo e de todos e, sem hesitações, aplica a sua moral para trucidar na praça pública quem ali exposto (e, na prática, indefeso) mal consegue abrir a boca sem que ela faça esgares de desprezo, imponha a sua moral, censure, ataque, esmague.

E, no fundo, se nos dermos ao trabalho de espremer tudo aquilo, o que sai de todo aquele sinistro espectáculo? Relatórios? E aqueles relatórios servem para quê? Sim, em termos objectivos, aquilo serve para quê? Para que quem assiste, o povo, se ponha do lado dos que acusam cegamente os 'poderosos' como se fosse tudo farinha do mesmo saco? Para escancarar as portas ao populismo? Que outra coisa fazem as populistas manas Mortáguas e a Catarina senão estenderem a passadeira a tudo o que é populista?

O Bloco de Esquerda tenderá para zero, e cada vez mais rapidamente, enquanto estiver nas mãos de duas sinistras criaturas como as Mortáguas e de uma populista como a Catarina. Os portugueses podem às vezes fazer-se de parvos ou de distraídos mas, no fundo, são espertos como um alho e chega o dia em que se fartam de criaturas que começam de mansinho, fazendo-se de especiais e diferentes, mas que, ao fim de algum tempo se desmascaram e se mostram como são: impróprias para consumo.

Mas que o Bloco de Esquerda se extinga às mãos deste trio estou-me bem nas tintas. Agora que a Assembleia da República se preste a ter salinhas de inquisição e tortura já me chateia. Caraças, chateia-me mesmo. Não será mais do que altura de Ferro Rodrigues dar um murro na mesa e dizer que já chega? 

11 comentários:

Paulo B disse...

Uhm,

Inquisição e tortura?!
Inquisição e tortura é o que aquela malta que tem passado por lá tem feito a todos os cidadãos, à democracia, à república.
Aquelas comissões de inquérito ten revelado um despudor impressionante.
Se o BE (e o PCP) estão a caminhar para a irrelevância é pelo apoio a um governo que para lá da retórica muito bonita e cara à esquerda é, na prática, tão ou mais conivente com todas estas situações.
É impressionante que tantas pessoas percam a casa onde habitam por falhas no pagamento de prestações de um crédito ou de rendas... mas está malta vive a sua vidinha como se nada fosse com eles e ainda se dão ao luxo de ser (eles sim), arrogantes com quem os questiona?!
A sério que a UJM acha mesmo que o tratamento é despropositado?! Acha mesmo que quem falta ao respeito é a Mariana Mortágua? São as irmãs é que são as pessoas sinistras no meio disto tudo?
Um ministro que toma decisões num momento e que depois salta para outra instituição (reguladora) onde irá escrutinar e avaliar as decisões que ele mesmo tomou?!
Juro que não compreendo a sua indignação com a comissão de inquérito (ou com alguns dos seus protagonistas).

Anónimo disse...

Pois estou de acordo com UJM. Nunca percebi para que servem as CPI. Também no fim da "prensa" se a madre inquisidora satisfez o ego, venha outra CPI se a coisa deu "pró torto" vem a conversa da estratégia que é precisa. Só que o tempo que perdem a preparar as "prensagens" seria muito mais bem aproveitado pelos senhores(as) deputados(as) a produzir propostas que as preparassem para as tais discussões de consolidação e negociação que todos dizem. ser precisas. Ou continuamos com os "reality shows"?

Anónimo disse...

Este seu Post é, no mínimo, ultrajante e inqualificável! A UJM está, pelos vistos, do lado dos tratantes, escroques, patifes, vígaros, que devem milhões à Banca (no caso, ao BES/Novo Banco), os quais, como o Vieira e outros bandidos como ele, ao contrário do vulgar depositante, em vez de pagarem o que devem, reestruturam as suas dívidas até ao infinito, com a cobertura do Banco de Portugal (Centeno) e deste Governo, que, a exemplo dos trastes do Passos/Portas, continua o mesmo percurso de pagar e a injectar dinheiro directa, ou indirectamente (através do Fundo de Resolução) à porcaria chamada de Banco Novo, cujos gestores não passam de malfeitores incompetentes, mas que, apesar disso, ainda se auto-premeiam com os tais prémios de mais mil milhões de EUR, que nós contribuintes pagamos. Isso não a enojou, nem a impressionou. Já o desempenho sério e competente quer da Deputada Mariana Mortágua, quer do Presidente da Comissão Parlamentar, Fernando Negrão – que esteve muito bem e foi imparcial, e de forma nenhuma um banana (você passou-se! - de tão fanática do PS deixou de ter uma capacidade criteriosa de fazer avaliações políticas) foi de louvar!
Ou seja, resumindo, à UJM, não impressiona que a Banca já tenha sugado mais de 22 mil milões de EUR aos contribuintes, entre os quais cerca de 9 mil milhões só para o NB (por decisão da dupla Costa/Centeno), enquanto que a Saúde, o Ensino Público, as Universidades Públicas, a Investigação Científica, os apoios sociais, as reformas dos mais carenciados (que recebem...10 EUR de aumento!!!), etc, etc, ficam para trás, após tanto milhar de milhão ser enterrado na Banca.
Não lhe faz aflição as intervenções obscenas de alguns tratantes que ali foram àquela Comissão Parlamentar, com “falta de memória”, ou a gozar com os deputados daquela Comissão e por tabela com nós todos, contribuintes. Tem pena deles. Vem em seu socorro e ataca que fez o seu trabalho bem feito, como Mariana Mortágua e Fernando Negrão. E depois mete outras figuras do BE ao barulho. Já é perseguição e esquizofrenia anti-BE. Mas, isso é o menos relevante. O importante é a sua atitude claramente com pena dos coitados dos tratantes devedores ao NB e crítica de quem inquere na A.R.
Lamentável e inqualificável esta sua atitude! Senti náuseas ao lê-lo.
P.Rufino

Anónimo disse...

Mas então pode-se. dispensar o sistema de justiça do Estado de direito P. Rufino?
Se sim seria, no seu entender, grande "avanço" civilizacional, pois as poupanças deveriam ser enormes com os senhores juizes, e os milhares de agentes públicos envolvidos ? Também se poderiam "poupar" uns milhares de advogados etc, etc,...É só fazerem as contas (disse alguém).
Para lazer/estudo há milhares de filmes, músicas, livros, passeios na beira mar ou no interior ou simplesmente pensar!
Se tem tempo para estas "touradas" faça um apanhado das CPI que existiram até hoje, extraia os resultados e publique-os.
Notará que estou de acordo com o post.
VN

disse...

UJM,

Convém "piar baixinho" ou "calar o bico" perante tão ilustres personagens com memória selectiva como no caso de - meros exemplos - Joe Berardo ou Moniz da Maia? São casos uns atrás dos outros!...Mais do mesmo.

Votos de uma excelente tarde.
Cumprimentos, UJM.

Estevão disse...

Camarate teve, pelo menos, 10 (dez) comissões parlamentares de inquérito. De 1994 até 2015.
E ficámos todos esclarecidíssimos.

https://youtu.be/vRPJZd9wgVY

Anónimo disse...

E, se não fossem as comissões de inquérito, como é que nós - piedosos cidadãos - ficávamos a conhecer a cara e os ilustres pensamentos destes sonsos que fazem de nós parvos?

Anónimo disse...

UJM, o BE são a tropa de choque da direita contra a esquerda e concretamente o PS.
O BE quando percebe que a esquerda passa por momentos difíceis, aí estão eles a fazer coligações negativas para levar a direita ao poder. Este comportamento tem um nome: fascistas.
Esta gente são os servis da direita, são os seus capangas travestidos de esquerda.

Paulo B disse...

Subscrevo tudo P. Rufino!

E permita-me acrescentar um pormenor de não menos importância, pois vejo muitos aqui a desprezar as comissões de inquérito: pois muito bem, é do bolso dos cidadãos que sai o dinheiro para pagar aquilo que, no mínimo, é uma péssima gestão - dos banqueiros e destes supostos cidadãos empresários. Ora, se há comissão de inquérito que faz sentido é esta mesma: importa saber as justificações dos grandes devedores para tais buracos e, eventualmente, o que pensam fazer para minimizar as perdas. Essa informação é fulcral para legitimar a hipoteca que a nossa sociedade está a fazer para socializar os seus erros. E não estou aqui sequer a falar de crimes.
A AR tem a obrigação de inquirir esta gente e dada a violência das respostas de muitos inquiridos é mais do que legítima a forma ríspida como são tratados!
Mais de metade do empréstimo da troika foi para o sistema bancário. Esgotado esse dinheiro veio o fundo de resolução. Em cima disso aumentos assombrosos de comissões, que assumem encargos brutais para os mais.pobres (e não me venham com a historinha dos serviços mínimos bancários) em plena transformação digital da banca com o despedimento de imensos trabalhadores e consequentementes encargos na segurança social. Caraças são mais de 10% do PIB algumas das faturas como a do novo banco!! Orçamento do ministério da saúde para 2 anos!!! Serviço este em processo de degradação. O mesmo na educação. Na justiça. Etc. Não há dinheiro para o básico dos serviços públicos do estado (o que sobrava serviu para aplacar a desgraça que seria a pandemia). Mas ah e tal, temos de ter paninhos quentes com o senhor da ongoing coitado. Fugido no Brasil, onde sabe que não há possibilidade de extradição caso a justiça portuguesa o queira importunar? Que tem o desplante de afirmar que não deve nada (legalmente parece que não, quem deve é uma empresa de que é dono) e que tem o desplante de afirmar que o problema do sector financeiro foi ter sido obrigado a financiar o estado falido português e que isso é que arrastou empresários de sucesso reconhecido - alguns ao longo de séculos - para a falência?

Paulo B disse...

Alguém está a confundir as comissões de inquérito com o sistema de justiça: em que é que invalidam a justiça? Há um juízo moral, associado a opções políticas, como não deixar estes senhores, as suas empresas ou as instituições que lhes deram crédito falir, ao invés de investir em serviços públicos ou outra coisa qualquer para a generalidade dos cidadãos. É este julgamento moral que é indispensável numa democracia. Ou é mesmo tudo "inevitável" e perante ilustres pessoas só temos é de pagar a fatura de olhos fechados? Nem sei para que serve a política afinal: podemos ter opções diferentes em muitas coisas excepto em pagar as dívidas e erros de certos cidadãos, é isso?

Anónimo disse...

Nos termos da lei 5/93 os inquéritos parlamentares têm por função vigiar pelo cumprimento da Constituição e das leis e apreciar os actos do Governo e da Administração.
Ora, se bem entendi o post da UMJ, ela insurge-se contra o facto de a deputada Mariana Mortágua parecer empenhada em apurar, por exemplo, quanto é que LFV (ou o NV) devia ao BES, e como conseguiu que lhe emprestassem dinheiro (BES sociedade de direito privado, e com accionistas privados, note-se), e que garantias deu, e para que serviu o dinheiro, e porque não pagou ( fazendo-o para mais com uma cara e uns modos de directora de escola primária dos anos 40 a tratar com alunos relapsos) em vez de se empenhar em saber porque razão é que o BES foi objecto de resolução em 2014 (Passos Coelho PM) antes da directiva DRRB. Isso é que era! e já agora, também seria interessante que a senhora deputada procurasse saber porque razão o então PR se arvorou em garante do BES e da tutela do BP sobre o mesmo, e porque razão causaria alegadamente tanto dano ao sistema financeiro deixar o BES falir (afinal na Islândia faliram diversos bancos e a ilha não se afundou...), e já agora, porque não foi assegurado um mecanismo de controle público sobre determinadas decisões (prémios aos gestores, por o banco "conseguir" ter prejuízos, p.ex.), em contrapartida dos "empréstimos públicos" (Costa dixit).
O estilo Mortáguas/Martins é insofrível, e o único consolo é que de vez em quando levam um banho de humildade quando lhes cai em cima um caso Ricardo Robles, ou um caso Luís Monteiro. Mas não aprendem, pois aquelas cabeças acham que foram ungidas com todas as virtudes e são o reservatório moral, ético e jurídico da nação, sempre prontas a apontar a dedo aqueles que não correspondem a tão altos valores.
MPDAguiar