Já sei como se planificam os roupeiros. Este domingo à tarde, uma das meninas ensinou-me. Quem sabe, sabe. Estive agora a tratar disso. Contudo, ao ver a lista de componentes do produto final, aparecem-me gavetas sem frente e, à parte, frentes de gaveta. Não sei se escolhi mal ou se é mesmo assim. Tenho que pesquisar um pouco mais.
O carro esta noite também pediu para pôr um produto que desconhecia que consumisse e agora não sei se devo ir a uma oficina ou se é coisa que compre e coloque eu. O meu marido também foi apanhado na curva. Vamos ter que averiguar. Espero que ele resolva o assunto. Este é o tipo de coisa que me maça. Além disso, ontem acusou falta de pressão nos pneus. É coisa que não me assiste. O meu marido foi a uma estação de serviço e pensa que pôs o que devia mas o mostrador continuar com a mesma mensagem. O meu marido diz que deve ser um problema nos sensores e não nos pneus. Não faço ideia do que fazer. Provavelmente deveremos ter que ir a uma oficina. Não sei o que deu no carro mas a verdade é que detesto estas cenas.
Mas, tirando isso, para além de rápida caminhada, fomos ao supermercado, cozinhei, fomos buscar a minha mãe. Juntou-se-nos a família chegada. E eu, que nunca ofereço nada no dia da mãe nem ligo patavina a 'dias de', recebi uns inesperados presentes de que gostei muito, muito, tanto mais que nunca me passou pela cabeça que se tivessem lembrado de uma coisa da qual eu estava longe, longe. Presentes sem ser natal ou dia dos anos...? Claro que se me tivesse lembrado, teria qualquer coisa para a minha mãe. Felizmente a minha filha, que é dada a essas lembranças e atenções, tinha um presente também para a avó.
A minha mãe trouxe uma quiche que estava óptima, com frango, cenoura e cogumelos. E trouxe o seu famoso bolo de cenoura, coberto de chocolate e enfeitado com laranja. Sempre delicioso. Eu fritei uns lombinhos finos de porco. E estufei vitela aos cubinhos até ficar muito macia. Portanto, quem quis bifanas comeu bifanas, quem quis pãozinho com vitela estufada, foi o que comeu. E tinha umas bolas de berlim sem creme. E morangos mas acho que os morangos não tiveram grande sucesso.
Os meninos felicíssimos por estarem juntos. Só me apetece agarra-me a eles. O meu marido zanga-se e o meu filho avisa-me: atenção, estão cheios de covid. Esqueço-me. Não quero saber. Meus meninos mais lindos, mais queridos. Os dois mais crescidos, cada vez mais altos, ele quase da minha altura, ela a caminho, quase a virarem pré-adolescentes, muito cúmplices, sempre na conversa. Os dois do meio muito amigos, sempre a tramarem alguma, partidas, maluqueiras. E o mais novo a cirandar junto de todos, sempre completamente enturmado, de igual para igual. Ou, então, quando o que eles fazem não o entusiasma, vai buscar os seus brinquedos, carrinhos, e vai brincar com a terra, a carregar e descarregar.
A minha mãe aproveitou para tirar dúvidas no tablet e para a estar na conversa.
No sábado tinha-me dito: Amanhã faz um ano que morreu o teu pai. E eu gelei por dentro. Neste contínuo de trabalhar em casa, parece que nem sei a quantas ando. Além disso, a minha filha tinha dito que agora que se pode mudar de concelho e que não está de chuva, poderíamos aproveitar ser dia da mãe para estarmos todos juntos. Claro que nem pensei nisso de ser dia da mãe mas em estarmos todos juntos. Não preciso de pretexto. Todos os dias são bons para estarmos juntos. Ser dia da mãe, do livro, da árvore, do que for, tanto faz. Mas, quando a minha mãe me lembrou a fatídica data, temi que já não quisesse vir. Disse-lhe que o ter passado um ano é apenas uma data simbólica. Foi o que me ocorreu dizer. Ela disse: 'Pois'. E depois acrescentou: 'Também não é uma festa'. E eu disse: 'Claro que não, é só estarmos juntos'. Mas ainda disse: 'Mas, olha lá, o que é que eu vou aí fazer? Tens o trabalho de me vir buscar, de me vir trazer...' E eu disse: 'O que vem fazer é estar connosco'. Quando, no sábado à noite falei com os meus filhos, disse-lhes que no dia seguinte fazia um ano que lhes tinha morrido o avô. Não se tinham lembrado. O meu marido também ficou assim a modos que sem jeito e disse: 'Foi mal pensado'. Mas eu acho que até calhou bem. Sozinha, ela haveria de estar desolada. Assim, no meio da confusão, esteve bem disposta. A vida continua.
Mas passou correr, este ano. Parece que foi há tão pouco tempo que aconteceu... Lembro-me tão bem de tudo. E já passou um ano. A vida é isto mesmo, uma coisa meio estranha, um verdadeiro tratado sobre a irrelevância de tudo, de todos.
Que se salvem os momentos de harmonia, de paz. Que se salve o afecto. Enquanto cá estamos.
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Uma semana feliz.
Saúde. Afecto. Ânimo.
2 comentários:
Olá UJM. Quanto à pressão dos pneus, depois de colocar a pressão certa (como fez) tem que "dizer ao computador" do carro que a a pressão que tem é a correta. É simples de fazer nas "sttings" (veja no Manual como se faz). Abraço
Olá Corvo,
Penso que tem razão. Agora só tenho que descobrir como se faz. O manual é digital mas só me deixa consultá-lo se não estiver a andar, para não me distrair. Portanto, vou ter que ir para o carro, à porta de casa, ligar o carro e, parada, tentar descobrir como fazer isso. Este admirável mundo novo é chato para burro. Não era tudo mais fácil quando não havia nada destas modernices...?
:)
Obrigada, Corvo! Abraço.
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