segunda-feira, novembro 16, 2020

Ó Senhor Primeiro-Ministro, os portugueses estão a ter um comportamento exemplar...?
Jura...?
-- Só contaram pr'a você...

 

Por acaso não fotografei mas, se calhar, deveria tê-lo feito. Vindos do campo, ao regressarmos a casa, combinámos encontrar-nos com parte da família, junto ao rio, ali perto da Champalimaud. É lugar de passeio habitual, sempre agradável. Os meninos podem subir às árvores, andar de trotineta. 

Mas hoje não foi fácil. Seriam onze e picos e estivemos lá até ao meio dia e tal. Pejado de gente. Tudo pejado de gente. Carros por todo o lado, chusmas de gente. Junto ao rio, na ciclovia: tudo, tudo,  pejado de gente. 

E, até aqui, nada de mais: eu também lá estava. O pior é, pois, outra coisa: o pior é que a larga maioria estava sem máscara. A correrem, ofegantes, sem máscara. A andarem de bicicleta, sem máscara. Não passava nem meio metro que não nos cruzássemos com várias pessoas: praticamente todas sem máscara. 

Não percebo. Juro que não percebo. Não sabem que há covid? Num lugar em que não há qualquer distanciamento, onde meio mundo ofega de boca aberta, a maioria anda sem máscara. Não ouvirão as notícias? Não sabem que, em lugares assim, a máscara não é opção, é obrigação?

Como é que as autoridades e a comunicação social continuam a dizer que o comportamentos dos portugueses é exemplar?

Exemplar? Exemplar só se for do que é a burrice.

Têm que mostrar as imagens que estou a ver neste momento na televisão e dizer que os portugueses estão a meter os pés pelas mãos, a porem-se a jeito. E o Governo tem que mandar avançar a GNR, a Polícia ou os Militares para fazerem acção pedagógica junto desta gente. Ou autuar. Autuar e mostrar na comunicação social que estão a autuar. Qualquer coisa. Algumas coisa tem que ser feita. O que eu hoje presenciei deixou-me estupefacta e preocupada.

E depois há outra coisa: há muita gente que já não vê televisão. Vê netflix, andam pelas redes socias, não ouvem notícias. É, pois, aí também que muita campanha tem que ser feita. 

Ou o Governo passa urgentemente à acção mas uma acção de divulgação inteligente, abrangente, persistente, quiçá até musculada, ou os números não vão parar de subir. Bolas para isto.





PS: Quanto aos grunhos que acham que não há covid, negacionistas de meia tigela que sujam a palavra Liberdade e violentamente se insurgem contra a comunicação social, contra a ciência, contra a racionalidade, contra a democracia, bem como a manif da gente da restauração que tem razão para estar assustada mas que não tem razão em vir tentar incendiar a opinião pública, com os oportunistas-populistas do Chega sempre à boleia, só fico mais tranquila pois sei que a malta do SIS não dorme em serviço. Estes momentos de crise profunda, em que parte da população está aterrada, são propícios a que os grunhos da extrema direita se infiltrem e manipulem os amedrontados e, em geral, lancem a confusão. 

Espero que quem tem que agir o faça rapidamente, os identifiquem e os ponham com dono. É urgente neutralizar esses fachos, esses oportunistas, antes que a rua pegue fogo.

2 comentários:

João Lisboa disse...

"a malta do SIS não dorme em serviço"

Mas cochila um bocadinho.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Isto em março foi pelo cagaço, agora com tanta tanga a alimentar a negação anda meio mundo armado em libertário da treta.

Uma leitura sobre a espuma dos tempos:
https://www.sppsicanalise.pt/tolerar-esta-frustracao-uma-curta-reflexao-sobre-as-defesas-radicais-suscitadas-pelo-clima-pandemico/?fbclid=IwAR2yj7aKE_N2Eb3xzXblkthZXJTbmOnfw5bZdm3fDf8Ynl6aR-oS0NH5XZ4

Um belo serão.