quinta-feira, junho 25, 2020

Breathe, Sergei, breathe


Esta coisa da pandemia tem que se lhe diga. Os que acham que alguma coisa tem que mudar baseiam-se na constatação de como tudo mudou num abrir e fechar de olhos. Os aviões pararam, as autoestradas esvaziaram-se, os centros comerciais e hotéis fecharam, em média o consumo caíu cerca de oitenta por cento e, de uma maneira ou de outra, meio mundo ficou fechado em casa enquanto os invisíveis, os sem voz e os precários mantiveram as cadeias de abastecimento e as cidades a funcionar (e, portanto, garantiram que nada faltasse aos outros).

Podemos dizer, como os cépticos: não mudou nada, continuamos tão estúpidos como antes. E até pode ser que continuemos tão estúpidos como antes mas lá que o mundo mudou, mudou. E pode ter acelerado a mudança em relação ao que éramos no mau sentido porque já provámos que o medo verga o mundo e o deixa à mercê de qualquer coisa -- da vigilância permanente, da total falta de liberdade, da manipulação mais torpe -- mas também pode ter tornado algumas pessoas mais sensíveis à necessidade de preservar e respeitar e adorar a natureza, de olharem para os outros, para os outros que desconhecemos porque os ignoramos.

De certa maneira é como se isto da pandemia fosse um crivo em que a maioria passa pelo ralo e desanda para o esgoto do costume, o esgoto das redes sociais, da futilidade, da maledicência, mas há uma parte que fica, que sobressai, que olha para o mundo de outra maneira.

Como faço parte do grupo dos tontos (leia-se: dos optimistas), ainda estou em crer que algumas coisas boas haverão de emergir da caldeirada geral.

Esta iniciativa aqui abaixo é daquelas que me deixa de sorriso posto, toda crente, desejando ver o que vai sair dali. As grandes ideias são simples, são sempre simples, Esta aqui abaixo tem tudo para vir a maravilhar-me. 



1 comentário:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Tonto me confesso também.

Um belo dia.