quarta-feira, junho 24, 2020

As três realidades básicas do universo


Por entre tentativas disto e daquilo, quase todas goradas, estive com o Harari ao colo. Estive a tentar acompanhá-lo naquilo da diferença entre cérebro e mente. E estive a ler sobre o nosso desconhecimento sobre tudo isso. Na verdade, fiquei a pensar no total desconhecimento de tudo o que de mais íntimo nos diz respeito. É muito estranho, isso. E é tema que muito me intriga. Diz ele que já estamos na fase em que os algoritmos sabem as nossas preferências e que, se não nos apressamos, um dia serão eles a determinar o que nos é dado a conhecer.

Já estamos quase lá. E mantemo-nos indiferentes a essa evolução do rumo dos humanos. Um dia, talvez não muito longínquo, já pouco teremos daquilo que somos hoje. Se chegarmos até lá, claro. É que pode haver uma pandemia em que o vírus seja menos condescentente que este coroninha tinhoso ou pode o degelo encharcar meio mundo e a outra metada ficar ressequida, com os humanos feitos carapaus secos. 

Mas, até lá, iremos evoluindo no sentido em que agora vamos: cada vez mais fúteis, mais parvos, mais mentecaptos. Vítimas de tudo, reféns de tudo, nomeadamente de tretas como as redes sociais -- e, talvez por isso, narcisistas, burrificados, superficiais. Mas isto já sou, não é ele, que ele é mais contido que moi.

Também estive a ler o que ele diz sobre a preocupação das pessoas com o que acontece depois da morte. E concordo com o que diz. Se as pessoas não se importam em saber o que são antes de morrer, porque se preocupam tanto com o day after? E preocupam-se como se, enquanto estivessem vivas, fossem unas, com uma identidade imutável. Ora se mudamos todos os dias, mudam as nossas células, muda o que as mantém vivas e unidas, muda a nossa perspetiva, muda tudo, porque nos olhamos sem nos vermos como somos, algo em permanente mudança? Mas olhamo-nos como se fossemos calhaus, havendo muita gente que se gaba de, se fosse hoje, faria o que fez há mil anos, da mesma maneira. Pensam que mostram coerência. Contudo, o que eu ali vejo são anos de aprendizagem desperdiçados. E nem se dão conta da burrice que revelam, E estas apreciações também já são de minha lavra. 

E li sobre outras coisas mas agora não vos quero maçar mais. Tinha pensado em transcrever algumas coisas mas estive aqui de roda de outra coisa e já é tarde demais para me armar em copista. Ainda se, com a mente, eu pudesse seleccionar um trecho de uma página e, copy paste, pumba para aqui... 

Agora assim, o estado da arte ainda não chegado a esse ponto e tendo que ser à mão, limito-me a esta coisa pouca:

"(...) as três realidades básicas do universo são que tudo está em constante mudança, que nada tem uma essência duradoura e que nada satisfaz totalmente".

A seguir ele explica porque são estas e não outras as realidades básicas do universo mas isso é informação preciosa demais para ser despachada aqui em três penadas, 

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Fotografias de Ren Hang que, como é bom de ver, não tinham nada que ser para aqui chamadas. 
Talvez por falta de inspiração, não me ocorreu nenhuma música desapropriada para aqui colocar

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E tenham uma boa quarta-feira, está bem?

1 comentário:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Reflexões tão pertinentes não são maçadoras, mas sim bem-vindas.

O narcisismo omnipotente é sem dúvida a grande pandemia da humanidade que a cada tempo se manifesta de modo diferente.

Um rico dia.