As notícias do mundo são um eco tardio que aqui chega apenas quando, à noite, a casa meio adormecida, por inércia, procuro o que antes procurava com avidez.
Tal como dantes aqui eu via passar os aviões ou ouvia ao longe o rugido longínquo e constante dos carros nas autoestradas e agora, perante a ausência desses sinais, quase já nem me lembro de como era, assim com as notícias.
Há pouco, ligámos a televisão e dizia 'sem sinal'. Como os meninos a tiveram ligada à Play Station, ficámos sem saber se deveríamos desligar ou ligar alguma coisa. Afinal era simples. Mas já passa bem da meia-noite, já estou no dia seguinte. Não ouvi notícias. Não sei de Trumps, Bolsonaros ou quejandos. Também não sei bem os números. Sei que ainda não chegámos aos trinta mil que era, nas minhas humildes projecções, o valor máximo a que se chegaria no fim de Abril. Mas, fora do mundo urbano e longe das notícias, tudo isso me parece um tema bom para filmes e que um dia alguém haverá de explicar. Gostava de ser capaz de adivinhar o que vai passar-se a seguir mas não sou; o que me parece é que a vida será, cada vez mais, uma roleta russa. Alguém, que não sabemos exactamente quem, permanentemente andará a jogar aos dados num tabuleiro indefinido, com peças invisíveis, sem regras. Um mundo topológico no seu melhor. Nós talvez sejamos os dados; ou nem isso.
Mas.
Abri agora o DN e vi coisas meio incompreensíveis e relativamente às quais não me apetece aprofundar.
Por exemplo.
Uma civeta pode ser a chave para fechar o puzzle. E eu nem sabia que isto era um puzzle. Mas, pelos vistos, é. A chave para o puzzle também poderia ser coisa normal. Mas não, o elo que pode estar a faltar para ligar o morcego ao homem pode ser mais sexy que o pangolim, bicho exótico até no nome. Pode não estar sequer numa experiência macaca feita em laboratório. Agora, segundo dizem as más línguas, a chave para perceber esta cegada pode estar numa civeta. Tive que ler uns parágrafos para saber o que é uma civeta. Sou ignorante, já confessei. Vejo que também dá pelo nome de gato-de-algália. Pensava eu que algália era aquele tubinho que se enfia num certo buaquinho para tirar o chichi para um saquinho. Ele há coisas. Afinal a civeta pode ser a tal coisa que explica o que os outros que andam a levar tiros no peito andam à procura. Nem vale a pena procurar mais. O bicho mijão é que sabe.
Abri agora o DN e vi coisas meio incompreensíveis e relativamente às quais não me apetece aprofundar.
Por exemplo.
Uma civeta pode ser a chave para fechar o puzzle. E eu nem sabia que isto era um puzzle. Mas, pelos vistos, é. A chave para o puzzle também poderia ser coisa normal. Mas não, o elo que pode estar a faltar para ligar o morcego ao homem pode ser mais sexy que o pangolim, bicho exótico até no nome. Pode não estar sequer numa experiência macaca feita em laboratório. Agora, segundo dizem as más línguas, a chave para perceber esta cegada pode estar numa civeta. Tive que ler uns parágrafos para saber o que é uma civeta. Sou ignorante, já confessei. Vejo que também dá pelo nome de gato-de-algália. Pensava eu que algália era aquele tubinho que se enfia num certo buaquinho para tirar o chichi para um saquinho. Ele há coisas. Afinal a civeta pode ser a tal coisa que explica o que os outros que andam a levar tiros no peito andam à procura. Nem vale a pena procurar mais. O bicho mijão é que sabe.
Mas eis que leio também que o lama pode ser o caminho para a salvação. Já não é atitude plena de misericórdia nem a da pia expiação dos pecados. Não. Agora o caminho para a salvação pode fazer-se a cavalo num lama. Não vale a pena pedir milagre a santinho. Basta sacar material genético ao Winter e ver no que dá.
Também vi que o corona foi apanhado a surfar no sémen. Ao princípio ainda pensei que seria no sémen do lama ou do civeta. Mas não. No sémen humano, mesmo. Como é que o bicho lá foi parar? A coisa não é inalada? Será que há ligação directa entre o pulmão e o testículo? É que, a ser tudo isto verdade, inspira-se o corona e ele anda, anda, e vai aconchegar-se no quentinho do tomatinho. Coisa mais fofa... Todo feito pompom com totós cor-de-rosa lá vai ele à procura de leitinho. Face a isso, o melhor é ninguém se aproximar de certos bicharocos abelhudos antes de lhes pôr uma máscara. Não tarda que apareçam tutoriais de gente habilidosa a ensinar a fazer mascarilhas para énis. Digo énis para não ferir algumas susceptibilidades. E também aconselho a que, à falta de melhor, não se agarre em qualquer coisa para fazer uma zaragatoa. E façam o favor de levar em linha de conta que honi soit qui mal y pense.
E vi também que o PCP quer fazer a festa do Avante porque, tal como a manifestação do 1º de maio não foi uma manifestação, também a festa do Avante não é um festival. Percebe-se. Também a maluqueira da Coreia do Norte não é uma maluqueira nem a maluqueira da Venezuela é uma maluqueira. O Magritte teria muito com que se entreter com estes estados de negação. Em vez de andar a escrever que o desenho do cachimbo não é um cachimbo poderia fazer pinturas com as maluqueiras dos camaradas. Ceci n'est pas une manif. Ceci n'est pas um montão de camaradas a cantar loas ao camarada Jerónimo. Aleluia, Irmãos. E mordam aqui a ver se eu deixo.
Podia ainda falar naquela bacana da vespa gigantona, bicho grandalhão, olharapo de dar susto. Uma vespa mandarina, dizem que assassina. E dizem mais, dizem que veio da Ásia de propósito para dar cabo de mais umas quantas coisas no ocidente, a começar pelos amigos amaricanos. Ao que consta não veio para dar trinca no bicho-homem mas, sim, para dar conta das abelhas. Mas é assim que os filmes começam. Parece passarinho inocente, coisa quase de abelhinha maia. Certo que mede cinco centímetros, oito quando abre as asonas. Mas, devagar, devagarinho, a mandarina, que é prima do corona, também pode vir para mostrar que, neste mundo desgovernado, quem manda são os tais do império do meio. Ou, se não for isso, é outra maluquice qualquer. O melhor é pedir aos camaradas que arranjem um argumento onde estas coisas façam de conta que fazem sentido.
Eu, pela parte que me toca, nada mais tenho a declarar.
Há mais recriações de obras de arte no tussenkunstenquarantaine. Vêm, aqui, ao som das The Unthanks de que gosto bastante mas que sempre associarei ao dia em que fiquei sem travões e ia indo desta para melhor ao som delas. Mas tenho que isolar. Se gosto delas, tenho que me abstrair do lado sinistro-soft que há nelas.
Eu, pela parte que me toca, nada mais tenho a declarar.
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E saúde, minha gente.
2 comentários:
…e ainda, o problema de ter um bom sistema imunitário.
No telejornal da RTP de ontem, pelas 20,09 horas , o imunologista de serviço afirma que
“ … aqueles que têm uma maior capacidade de resposta, melhores defesas, que acabam por ter uma resposta tal, que os pode levar à morte …”
https://www.rtp.pt/play/p6559/e471236/telejornal
O texto da UJM faz-me lembrar a clarividência do rapaz que no fim da fila da farmácia, impaciente, gesticulava para o farmacêutico, pedindo-lhe em linguagem menos apropriada um preservativo. Este, ofendido, atirou-lhe com um "cuidado com a língua", tendo ouvido então rapaz responder "tem razão, tem razão, quero dois, dois"
António Costa:
A atividade política do PCP ou de qualquer outro partido não está proibida, nem nos passa pela cabeça, creio eu que a ninguém, proibir a atividade política.
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