quinta-feira, fevereiro 20, 2020

A Lena e o Paulo


Ora bem. A conversa ali mais abaixo vai animada mas o dia foi longo e passa bem da uma da manhã, hora imprópria para me meter ao barulho ou para encetar tema estruturado. Além do mais, depois da Beatriz Gosta e da vida sentimental dos portugueses, em tese pouco mais haverá a acrescentar. A vida humana, vendo bem as coisas, pode ser uma coisa muito simples.

O dia que me espera é daqueles que me traz afeliada, sem saber como devo reagir perante o que vai acontecer e, muito francamente, com muito medo da minha reacção. O dia que aí vem é de rotura, e devo dizer que hesito entre escrever rotura e ruptura, e sei que terei que apelar aos meus melhores dons de representação, coisa em que sou péssima. E o que vai acontecer durante e após seria motivo mais do que suficiente para me colocar apreensiva. Mas, ao contrário, só de pensar nisso já me apetece rir e rir é coisa que, de maneira alguma, poderei fazer em público. E, se penso no assunto e na forma como seria bom que eu reagisse, volto a desatar a rir e o que me alivia é pensar que, se continuar a rir-me, talvez esgote o riso e, quando a coisa acontecer, pode ser que consiga manter-me sisuda.

E o meu dia transacto foi muito cheio de coisas, de natureza diversa, pegas e refregas, dilemas e desabafos. Nem um pequeno espaço de bucolismo, nem uns instantes de metafísica. Como diria o outro, tudo no duro. E passaram-se umas cenas que dariam para notícia em primeira página de jornal e outras para profundas dissertações sobre a natureza humana. Mas traçando a bissectriz a tudo, neste meu mundo em permanente geometria variável, o que resulta é um vector neutro, branco e, portanto, sobre isso melhor que se abata o silêncio.

Mas, à vinda, apanhei o Guilherme Leite com o Alvim, na Antena 3, e vim a rir de gosto todo o caminho e tudo o que poderiam ser divagações ou reflexões foi, acto contínuo, para o espaço. E falaram na Marilú do Ena pá 2000 e eu cheguei aqui e fui recordar e voltei a ficar bem disposta, como se não houvesse preocupações que pudessem afectar-me. E estive vai não vai para o colocar aqui já que é um verdadeiro hino à vida fora de órbita e essa, para o meu alter ego, é a melhor forma de viver a vida. Mas como o meu alter ego não é para aqui chamado, deixo o lancinante apelo do Manuel João para outro dia e foco-me num outro grande momento: uma entrevista a um casal improvável, uma lésbica e um gay. Pode haver quem ache que isso é banal, que esse é padrão mais do que muito déjà-vu, mas eu sou assim mesmo, dada a banalidades, a commodities de toda a espécie e feitio. Portanto, com vossa licença, neste momento que deveria ser de reflexão e de interioridade, é a este emblemático casal que dou voz. É certo que a coisa se deu há já dez anos; mas o que são dez anos na longa marcha da humanidade não se sabe bem em direcção a quê?

Portanto, ouçamos o testemunho da Lena e do Paulo, um casal pouco dado a espiritualidades que, noves fora nada, não costumam ser de grande préstimo na igualmente longa construção dos caminhos da sabedoria e whatever.

Ei-zi-os: a Lena e o Paulo

(Ei-zi-os ou eizi-os? -- o priberam não esclarece, caraças)


E siga o baile. 

1 comentário:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Lindo, grande Herman e grande Manuel!

Um belo serão!