E, no seguimento do carro na biblioteca, mais um vídeo que o mesmo Leitor de há bocado me enviou. Este, já verifiquei, dá para ver directamente no blog. E, de novo, tem a ver com carros. Com carros e com tudo o que são novas tecnologias. E estas eu acho que são das boas. Se um carro que ande sozinho me faz um bocado de confusão (e dizer um bocado é favor pois, na verdade, nem um ensaio eu quero fazer -- livra!), já isto de o carro estar sensorizado, a enviar sinais para um computador que saiba interpretar se está ou não tudo bem e, se não estiver, se encarregue de tratar de tudo, me parece uma boa ideia.
Ao ver a situação do vídeo abaixo lembrei-me do que me aconteceu há ano e picos, num período algo atribulado da minha vida em que parecia que tudo o que acontecia tinha o condão de me incomodar -- desde um convite irrecusável que ousei recusar até à pressão que sofri para o aceitar (e que me levou a tomar a atitude óbvia, a mais drástica possível, e que, para minha surpresa, pôs fim ao assunto), passando por dois acidentes idênticos na mesma semana, em locais próximos. Tudo me acontecia, de seguida. Parecia que tinha sido envolvida por um bando de nuvens negras. Uma malapata. Em ambos os acidentes, eu sossegada, parada no meio do trânsito, e um carro, atrás, a arrancar a toda a força contra mim. Em ambos os casos, o carro a ter que ir para a oficina, com a particularidade de que um deles era o de substituição. Felizmente nada me aconteceu mas, no segundo acidente, o condutor que o causou não apenas partiu os óculos como, acho, também o nariz. E, das duas vezes, aconteceu-me aquilo a que tantas vezes assisto: ficámos, ali no meio, a empatar o trânsito do fim da tarde. No primeiro caso, o assumido culpado era um jovem, despachado, a coisa resolveu-se rapidamente mas, na segunda, que envolveu três veículos pois, com o forte impacto, saltei e fui bater no da frente, a coisa foi mais complicada. O causador estava nervoso, não encontrava os papéis da declaração amigável, eu também não. Como era sexta-feira ao fim do dia, pensei que o melhor, em vez de esperar pelo reboque e bagunçar ainda mais o trânsito, era ir a conduzir o carro até a casa, no estado em que estava, espatifado à frente e atrás, com partes a menos e outras penduradas. Uma cena.
Dessa segunda vez, estava a falar com a minha mãe (via bluetooth do carro!) quando aconteceu o pum!, e eu: 'Ai, não acredito, bateram-me outra vez' e ela, assustada: 'Bateram-te? Mas estás bem? O que foi? O que aconteceu?' E eu: 'Mãe, está tudo bem mas tenho que desligar para ver como está o carro e para tratar das coisas'. Passado um bocado, estava eu a tomar nota dos dados dos outros, toca-me o telemóvel. Era a minha filha: 'Ligou-me a avó, toda assustada, diz que te bateram...' E eu: 'Está tudo bem, agora não dá para falar'. Entretanto, já tinha ligado ao meu marido: 'Olha, bateram-me outra vez, e igual, eu parada, e pimba, por trás'. E ele, depois de um silêncio: 'Não é possível'. Pois não, não é. Mas foi.
Ora se, em vez de tudo, me têm ligado imediatamente do seguro e tratado de tudo, que descanso teria sido. E que graça teria tido.
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