Quando se está grávida, depois da emoção da descoberta de que vem aí um bebé, começa por haver a expectativa de ir vendo que se está mesmo a concretizar, que vai adiante. Há alegria em ver o ventre a arredondar, depois a surpresa de sentir o primeiro movimento. A princípio mal de sente, fica-se até na dúvida se foi. Depois é nítico. Pequenos movimentos, uma alegria, um serzinho de verdade ali dentro. O ventre crescendo, o bebé a mexer. Depois começam os seios também a crescer, os mamilos a aumentarem. Sente-se como que repuxar, o volume a pressionar a pele, os seios cada vez mais tensos. Para o fim os movimentos do bebé são mais fortes, o bebé, apertado, estica-se, espeta um joelho, espeta um pé. A barriga parece deformar-se para um lado, depois para o outro. Há um bebé de verdade dentro do nosso corpo e sentimos que, não tarda, ele vai querer sair.
Ao mesmo tempo que há alegria, há também a expectativa: como será o bebé? estará mesmo tudo bem com ele? E como será depois? Quem ficará com ele, quando formos trabalhar? Pensamos, avaliamos. Queremos o melhor. Já nos custa a perspectiva de o deixarmos entregues a outros que não nós. Transportamos dentro de nós um ser, carne da nossa carne, queremos tê-lo nos nossos braços e tudo faremos para que seja o mais feliz possível.
É bom termos quem nos acompanhe num período em que as emoções fervilham, que partilhe os nossos receios e anseios, quem nos ajude. A família, os amigos, o pai do bebé, todos unidos na alegria de estarem prestes a acolher uma criança que é e sempre será um motivo de felicidade. Preparamos o enxoval, o berço, preparamos tudo para a sua chegada.
Para o fim da gravidez, quase não há posição quando estamos deitadas. E o ventre pesado pressiona a bexiga e temos que ir muitas vezes à casa de banho, mesmo quando estamos a dormir e acordamos amiúde.
Até que um dia aparece um sinal, um pouco de sangue. É o rolhão mucoso que sai dando sinal de que o dia se está a aproximar. E depois rompem-se as águas. E aí sabe-se que vai mesmo acontecer.
O ventre contrai-se, fica muito duro. Dói. Pode doer muito, muito, muito. Há anestesias mas, quando as não há, as dores podem ser insuportáveis. Contracções cada vez mais seguidas, cada vez mais dolorosas.
Se é importante que uma gravidez seja acompanhada para que os exames atestem a viabilidade do feto, para que haja a garantia de que a mãe está de boa saúde, para que o bebé também venha saudável, no momento do parto ainda mais acompanhamento deve haver. Não só é necessário garantir assistência em caso de problema da mãe ou do bebé como o pós parto pode exigir cuidados para um ou para outro. E, não menos importante, o apoio emocional, o afecto. Num momento tão especial, tão física e emocionalmente intenso, a presença de quem nos ampare e dê carinho é quase indispensável.
Até que o grande momento chega: o bebé sai de dentro de nós, por vezes rasgando-nos. Ensanguentado, frágil, dependente de nós.
Até que o grande momento chega: o bebé sai de dentro de nós, por vezes rasgando-nos. Ensanguentado, frágil, dependente de nós.
E logo todas as dores param, advém o supremo alívio.
E logo a seguir há a suprema emoção e alegria de sentir o bebé nos nossos braços. Nasceu. Um filho a quem desejamos o melhor do mundo. Para sempre quereremos o seu bem, para sempre contará com o nosso amor.
E logo a seguir há a suprema emoção e alegria de sentir o bebé nos nossos braços. Nasceu. Um filho a quem desejamos o melhor do mundo. Para sempre quereremos o seu bem, para sempre contará com o nosso amor.
E logo o leite começa a subir, os seios a incharem, todo o corpo preparado para alimentar e ter o bebé nos braços. E imediatamente se estabelece a cumplicidade entre mãe e filho, aquela intimidade boa que queremos que dure a vida inteira.
Nada disto sentiu Sara, a jovem de 22 anos que atravessou a gravidez sozinha, escondida. em situação precária. Sem acompanhamento médico, sem acompanhamento afectuoso, sem apoio emocional. Como se alimentava? Se queria ir à casa de banho, onde iria? Quando lhe custava estar deitada, como se deitaria? Numa pequena tenda, assente em chão duro, como ajeitaria o corpo? Nestes dias em que choveu e em que a temperatura desceu à noite, como se aqueceu? Quando pensava como seria o seu bebé e que vida lhe poderia proporcionar, que abismo se desenharia perante os seus olhos? Pensaria, com lágrimas escorrendo, que não tinha roupinhas, não tinha berço, não tinha apoio familiar, não tinha futuro?
Nada sei de Sara a não ser que ninguém sabia que estava grávida, que fugia de quem pudesse descobri-la, que vivia numa pequena tenda, que talvez seja de ascendência cabo-verdiana.
O corpo dela passou pelas mesmas transformações de todas as mulheres grávidas mas em vez de alegria talvez sentisse apenas medo e desespero.
Quando soube do que aconteceu, foi nela que logo pensei. Coitada, coitada. Que coisa mais triste. Como deve precisar de um abraço, como deve precisar de se sentir amada. Coitada. Que pena sinto dela. Coitada, coitada.
Li que vivia em condições de extrema vulnerabilidade e que quando descoberta, não tinha sinais de ter consumido drogas, não ofereceu resistência e pareceu estar triste.
Não sei como funciona a justiça neste casos nem sei do que se passou com Sara para chegar ao ponto a que chegou. Mas sei que, com o meu desconhecimento, o que eu faria seria acolhê-la numa daquelas casas que acolhem mães desprotegidas, trataria de que sentisse apoio, carinho, companhia, tudo faria para enquadrá-la socialmente, para lhe arranjar um trabalho e para que sentisse que tinha um lar.
E se, nessas circunstâncias, ela sentisse que queria criar seu filho, nada faria para impedir que esse vínculo se estabelecesse. Pelo contrário, ajudá-la-ia de todas as maneiras.
Não há amor maior que o amor de uma mãe pelo seu filho e toda a sociedade se deveria mobilizar para que nenhuma mãe sentisse alguma vez não ter condições para criar o seu filho e, temendo pela sua vida futura, o abandone. Nunca.
O mesmo amor que o bebé precisa, precisa, certamente, Sara, sua mãe.
Nada disto sentiu Sara, a jovem de 22 anos que atravessou a gravidez sozinha, escondida. em situação precária. Sem acompanhamento médico, sem acompanhamento afectuoso, sem apoio emocional. Como se alimentava? Se queria ir à casa de banho, onde iria? Quando lhe custava estar deitada, como se deitaria? Numa pequena tenda, assente em chão duro, como ajeitaria o corpo? Nestes dias em que choveu e em que a temperatura desceu à noite, como se aqueceu? Quando pensava como seria o seu bebé e que vida lhe poderia proporcionar, que abismo se desenharia perante os seus olhos? Pensaria, com lágrimas escorrendo, que não tinha roupinhas, não tinha berço, não tinha apoio familiar, não tinha futuro?
Nada sei de Sara a não ser que ninguém sabia que estava grávida, que fugia de quem pudesse descobri-la, que vivia numa pequena tenda, que talvez seja de ascendência cabo-verdiana.
O corpo dela passou pelas mesmas transformações de todas as mulheres grávidas mas em vez de alegria talvez sentisse apenas medo e desespero.
Quando soube do que aconteceu, foi nela que logo pensei. Coitada, coitada. Que coisa mais triste. Como deve precisar de um abraço, como deve precisar de se sentir amada. Coitada. Que pena sinto dela. Coitada, coitada.
Li que vivia em condições de extrema vulnerabilidade e que quando descoberta, não tinha sinais de ter consumido drogas, não ofereceu resistência e pareceu estar triste.
Não sei como funciona a justiça neste casos nem sei do que se passou com Sara para chegar ao ponto a que chegou. Mas sei que, com o meu desconhecimento, o que eu faria seria acolhê-la numa daquelas casas que acolhem mães desprotegidas, trataria de que sentisse apoio, carinho, companhia, tudo faria para enquadrá-la socialmente, para lhe arranjar um trabalho e para que sentisse que tinha um lar.
E se, nessas circunstâncias, ela sentisse que queria criar seu filho, nada faria para impedir que esse vínculo se estabelecesse. Pelo contrário, ajudá-la-ia de todas as maneiras.
Não há amor maior que o amor de uma mãe pelo seu filho e toda a sociedade se deveria mobilizar para que nenhuma mãe sentisse alguma vez não ter condições para criar o seu filho e, temendo pela sua vida futura, o abandone. Nunca.
O mesmo amor que o bebé precisa, precisa, certamente, Sara, sua mãe.
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As fotografias de grávidas provêm do site Photo-Maternité
19 comentários:
O encómio da vulva e o repúdio do Salvador
... um epitáfio possível para a antropolatria.
"E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. 22 E eis que uma mulher cananeia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de David, tem piedade de mim, que a minha filha está cruelmente atormentada por um demónio. 23 Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe: Manda-a embora, que vem gritando atrás de nós. 24 E Ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. 25 Então, chegou ela e ajoelhou-se, implorando: Senhor, socorre-me. 26 Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom tirar o pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. 27 E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. 28 Então, respondeu Jesus e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé. Seja isso feito para contigo, como tu desejas. E, desde aquela hora, a sua filha ficou sã."
Mateus 15:21-28
Exactissimamente!
outeiro
Uma situação tão triste. Gostei do seu texto e dos seus sentimentos, UJM.
❤ Muito bem.
Rico domingo.
No meio desta história toda, ainda não consigo encontrar nenhuma explicação para prenderem esta mulher.
É o primeiro texto que leio onde se fala,com verdade. daquela mãe em situação limite. E fala com o coração,com compreensão,como se deve falar.
Os tribunais vão tratar do caso com a sensibilidade a que estamos habituados e que tão belos resultados dá. Fala-se em homicídio frustrado,creio não ser o caso: o que chamaríamos a uma facada,um tiro,uma tentativa de asfixiamento? Crime de abandono,sim,mas um abandono gerado por tal encadeado de circunstancias...
Resta a criança e creio que nada de básico, agora,lhe faltará. Que os deuses lhe concedam a graça de nunca vir a saber como foi o início da sua vida.
Um abraço.
É difícil tecer opiniões sem saber os factos. O que não fiz quando soube que apareceu um bebé deixado dentro do lixo, foi começar a linchar a progenitora. Porque NINGUÉM SABE o que faz com que uma mulher (que como diz tem tendencia para desenvolver emoções durante a gravidez) tome essa decisão. Eu imaginei-a uma mulher madura e destruida pela vida, explorada pelos homens, violada e a criança, dessa violação, só a lembraria dessas malditas circunstancias. Não quis desenvolver afectos durante a gravidez, recusou aceitar a gravidez, passou por ela por não ter escolha mas a escolha de se livrar do que gerasse já estava tomada. O que me deu alento foi ter despejado a criança no contentor de cartão. Parece parvo mas, estando o do vidro ali ao lado, se fosse nesse acharia cruel de mais! Assim até parece que, inconscientemente, talvez desejasse que o feto ficasse protegido do frio e a sua queda fosse amparada pelo conteúdo. Mas isso sou eu a fazer histórias, como você fez a sua.
Se "Sara" é só vítima? Certamente que não. Mas tem de se estudar as circunstâncias.
Quanto ao parto - sim, é lixado. Mas nos tempos dos nossos avós eram todos NATURAIS. Sem anestesias. E estas mulheres pariam mais de 10 filhos ao longo da vida. Não lhes seguiria o exemplo tendo à disposição o que se tem hoje mas também JAMAIS IREI MENOSPREZAR A CAPACIDADE DE UMA MULHER EM AGUENTAR TANTA DOR! E passar por isso tantas vezes.
Matenhamos a distância e deixemos a Justiça fazer o seu papel. Este tipo de comportamentos estão tipificados na Lei Penal vigente e nenhum agente quer policial (PJ), quer da magistratura judicial, pode deixar de actuar perante o sucedido e procurar apurar responsabilidades. As emoções não devem contar para a análise fria dos factos, sob pena de os subverter. Isto não quer dizer que, após uma investigação imparcial e objectiva se chegue à conclusão de que existem atenuantes fortes que explicam o acto daquela jovem mãe. O pior neste tipo de situações é deixar os sentimentos sobreporem-se aos factos. Manda o bom senso que se apurem os factos primeiro, isto no plano judicial, e depois se retirem as devidas conclusões. Também não fica bem ver o PR a tomar posição relativamente à jovem mãe, como tem sido noticiado, o que acaba por vir a constituir uma forma de pressão sobre a Justiça que investiga o caso em apreço. Como jurista e professor de Direito, o PR deveria ter assumido uma postura mais distanciada. Infelizmente, não foi o caso.
Embora a Justiça e o seus representantes, Juizes, Magistrados do MP e PJ, estejam sob o escrutínio popular neste particular caso, e noutros até, há que confiar que, com serenidade e ponderação, conseguirão resolver e levar a bom porto este mediático caso.
O que não se pode é ignorar que existe uma legislação que cobre e aprecia este tipo de comportamentos. Não há Leis para ignorar e outras para cumprir (só mesmo o Ministro Augusto Santos Silva pensa assim, tendo em conta as declarações que fez a propósito da então greve dos camionistas de matérias perigosas).Este caso terá de ser observado e investigado à luz de várias perspectivas e só depois se devem retirar conclusões.
E quem sabe, pode ser até que não tenha um desfecho mais penalizador para a mãe. Mas, como digo, deixemos a Justiça actuar. E concluir.
Meu Caro El Mucho Bad,
Gostei muito da música que escolheu. estou a ouvi-la de novo enquanto escrevo.
Não sei em que sentido refere aqui idolatria do ser humano, nem porque traz aqui esse excerto. Nem sei se há em toda esta história uma questão de falta de fé. Penso que o que há aqui é o oposto de tudo: há, parece-me, a total ausência da consciência de si, o despojamento total da condição humana. Não apenas me parece que há um total distanciamento de quaisquer valores de superação, esperança ou fé, mas também um completo distanciamento da sua condição de ser humano, de ser vivo. Custa-me pensar nos degraus que é preciso descer para se chegar aqui mas se calhar nem são muitos pois pode ter acontecido que já se tenha partido de uma base muito baixa, muito triste.
Tenho tanta pena da Sara, tanta.
Mas que sei eu, não é?
Olá Anónimo,
Obrigada. Fico contente por perceber que há mais quem sinta compaixão por esta pobre mãe antes de clamar por justiça.
Sim, tem razão Anónimo. Mas mesmo desconhecendo os pormenores do caso em concreto, uma pessoa fica a pensar se não deveria haver uma solução intermédia... Ainda que compreendendo a privação da liberdade, em cenários em que a probabilidade de o cenário da social condição ser um grande catalisador, porque não iniciar a reabilitação desde o primeiro dia e não tão só a punição? Até pela lentidão da máquina da justiça... Convinha!
Talvez até assim seja e eu desconheça.
Olá Francisco,
Soube-me muito bem ver ali o seu coração. Gracias. Há momentos em que o coração deve falar mais alto.
Uma semana feliz para si, Francisco.
Olá Paulo,
Eu também não mas, lá está, confessei o meu desconhecimento. Já vi, em comentário, que razões pode ser que haja mas, num caso destes, talvez a jovem pudesse ser acolhida, apoiada, e, em simultãneo, decorrerem a as averiguações. Mais do que estar presa, diria que necessitaria de ser cuidada.
Mas, enfim, a sociedade vai-se desumanizando.
Abraço, Paulo, e uma boa semana!
Olá Abraham Chevrolet,
Uma história dolorosa que ainda tenho esperança que possa ter vir a ter um final feliz. Não parece provável nem fácil mas estou em crer que talvez se a sociedade se empenhar em salvar a vida de Sara, talvez o vínculo entre ela e o seu filho venha a estabelecer-se.
Mas não sei. sabe-se lá o que está sob a camada visível de uma vida difícil como a dela?
O que seria bom seria que tudo acabasse bem e que o bebé fosse forte, um guerreiro, com orgulho na sua capacidade de sobrevivência. E com vontade de que nunca o amparo falte a sua mãe.
Abraço, Chevy. Gostei do que escreveu.
Olá Poruguesinha,
Mas há uma diferença entre Sara, sem abrigo, que, ao que li, vive da prostituição, que se esconde de quem poderia ajudá-la, e as mulheres do tempo das nossas avós. Aí, apesar de tudo, havia o apoio da família, o amparo de uma casa, o saber que a criança seria bem vinda e, fossem quais fossem a s dificuldades, se haveria de criar.
Neste caso não houve nada disso: houve abandono total. Um parto ao que parece na rua, sem apoio, sem condições, sabendo que não tinha, de todo, como criar a sua 'cria'. Em estados de abandono e miséria as coisas não seguem o mesmo referencial do que em condições normais.
Tenho pena dela, tenho pena das pessoas que vivem como animais abandonados, acossados. Seja qual for a sua vida, tenho muita pena. E a primeira coisa em que penso é que são pessoas que precisam de ser cuidadas.
Uma semana feliz para si, Portuguesinha.
Olá Anónimo (P?)
Percebo o que diz. Percebo que há trâmites a seguir. Mas também percebo que há o lado humano, profundamente humano de toda esta história. Aliás, desumano. Acho que há muita desumanidade. Uma mulher que renega o seu lado humano. Imagino que viva num tal estado de miséria que já se tenha esquecido do seu lado humano.
Mas se calhar estou a imaginar e se calhar é correcto e não desumano prender a jovem mãe. Tomara que sim, que faça sentido e que não seja desumano.
E tem razão: a intervenção de Marcelo esteve, de novo, quase a tocar o populismo, uma conversa mediática, cavalgando a ona emocional que se formou. Não gostei de ver. Parecia que estava a entrevistar o homem que resgatou o bebé. Perfeitamente escusado. Como se o que estivesse em causa não fosse a situação limite que aconteceu àquela jovem.
Mas, enfim, esperemos que haja decência e compaixão no desenvolvimento deste caso.
Gostei de ler a sua explicação. É bom que conheçamos o lado formal das resoluções e que ponderemos antes de formarmos opiniões.
Obrigada.
Uma boa semana!
Paulo, de novo,
Tal e qual: isso mesmo.
Tomara que a justiça, neste caso, não seja lenta, injusta e desumana. Se o não for, tudo bem. A Justiça não pode alhear-se do facto de que é uma Justiça para seres humanos.
E, de novo, uma bela semana!
A ideia que tenho é que nestes casos a justiça tende a ser humana. Por exemplo, quando se dão aquelas horríveis tragédias de pais que deixam os filhos nos carros por esquecimento, os quais acabam por morrer do calor, o MP tem chegado até a nem sequer formular acusação. Não sei o que farão neste caso. Talvez aqui haja mais culpabilização da mãe por lhe ser atribuída a responsabilidade da vida que levava, por ser cabo-verdiana , por ser prostituta, sei lá. Espero que não. Só o facto de obviamente tudo ter acontecido no seguimento de um parto sem condições nem qualquer apoio é MANIFESTA causa de desculpabilização, que não pode ser punida penalmente. Tudo by the books! Como é óbvio: o direito não é técnica, é moral levada a sério.
Um abraço,
JV
Pois, UJM,
Quando determinados comportamentos integram uma moldura penal e sendo crimes públicos, a Justiça não os pode ignorar e, nesse sentido, tem de agir. Apurados os factos e as circunstâncias que levaram à prática do acto em questão, retirar-se-ão as devidas conclusões. Havendo uma explicação cabal daquela atitude que a explique, do ponto de vista do foro social e humano, até, que possa igualmente servir de atenuante, a Sara, ou acaba por não vir a ser pronunciada, ou sendo-o, poderá ver o seu caso, ou comportamento, objecto de uma decisão que acabe por não a penalizar, ou, pelo menos, que não a condene a uma pena efectiva.
Aguarde-se pois com serenidade o desfecho desta situação mediática. Embora a Justiça nos tenha surpreendido algumas das vezes, não da melhor maneira - é um facto, haverá que reconhecê-lo - continuo a acreditar nela. Não tomo a nuvem por Juno. E depois, é preciso não esquecer que ela exerce-se e aplica-se em função das Leis que foram aprovadas em sede da A.R. (ao longo das diversas Leguslaturas) e que se encontram, sendo assim, em vigor.
Conviria era que quem teria a obrigação institucional de não intervir no processo não interviesse. Não foi o caso, infelizmente. Enfim!
P.
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