segunda-feira, setembro 30, 2019

Read my lips: a Catarina Martins é uma populista. Muito cuidado com ela.


Tenho a televisão ligada na RTP 1 e estão a passar imagens da campanha. 

A Cristas, com o seu séquito a reboque, anda pelas feiras e mercados e não sei se hoje algum militante do CDS terá dito o que disse no outro dia, que quer toda a ciganada a votar no PS. Aquela mulher não pode ser levada a sério. É alarmista, é desbocada, é despropositada, o pé está sempre a pedir-lhe chinelo. Desagradável.

Não vi nada no PSD. Não sei se o Rio estará a ver para que lado há-de aparecer virado na próxima aparição ou em que costas há-de espetar mais um punhado de facas ou se fui eu que estive distraída e não os vi em campanha. 

Vi o Jerónimo, digno como sempre, inteligente, com um discurso conciliador, civilizado. Posso não me identificar com a ideologia que têm no ADN mas reconheço no PCP um registo de parceria fiável. Já o disse e volto a dizer. Jerónimo de Sousa é um senhor. E só não escrevo senhor com maiúscula porque, apesar de simpatizar com ele, acho que também não é caso para o equiparar a Deus Nosso Senhor.

Vi o PS e estavam em Matosinhos, num espaço enorme, cheio de gente. Prestei relativa atenção ao Augusto Santos Silva e uma vez mais pensei que, apesar de ser uma pessoa inteligente, culta e de ser dono de um espírito suculentamente irónico, não faz bem o meu género. Ele gosta de uma boa polémica e de a agarrar com truculência. Seria uma boa pessoa para duelos aparatosos, supimpamente relatados por quem bem manejasse a pena. Só que os adversários de hoje não são gente de ir à luta de peito feito, são gente de falinha mansa, mamar doce. Por isso, não sei se o estilo Augusto Santos Silva terá a eficácia necessária.

E isso leva-me ao Bloco de Esquerda. Farejo perigo quando pressinto um populista. E esta Catarina tornou-se um concentrado de populismo. O que ela diz, naquela sua voz suave e bem cadenciada, é música para os ouvidos de quem a ouve. Se está numa terra em que fecharam serviços, ela diz que os quer abrir. Se for a um sítio em que a população tem rendimentos baixos, ela fala do apoio que o governo deu aos bancos. É como se uma foice tivesse cegado toda a compreensão económica e todo o sentido de responsabilidade que alguma vez pudesse ter tido e a única coisa que agora valesse fosse a palavra que cai bem. Se me vierem dizer que a reforma vai passar a ser aos cinquenta e que quem trabalhar mais do que isso receberá uma bonificação por cada ano a mais e se eu não fosse pessoa razoavelmente informada, se calhar também ficava cativada e me bandeasse para o lado dela. E o receio é este: que os menos informados caiam na esparrela das palavras ilusórias.

Além disso, tem mostrado ser desleal, uma pessoa que mostra querer o poder a todo o custo. Não era assim, ela. Dá ideia que lhe subiu o poder à cabeça. Ela e o Bloco a reboque dela. Tentam agarrar qualquer pessoa, até apelam ao voto nos descontentes do CDS (como, no outro dia, em Viana do Castelo). Ouço-os e fico arrepiada. Tomara que as pessoas percebam a tempo e lhes mostrem que em política não vale tudo. Este não é o Bloco do João Semedo. Nem o do Miguel Portas. Esta é uma degeneração, uma deriva populista. Já não são de esquerda nem de direita, são, simplesmente, populistas.

Aliás, estou em crer que um dos males do mundo e uma das maiores ameaças ao desenvolvimento sustentável e harmonioso dos países é a chaga do populismo.

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Entretanto, começou a entrevista ao Costa, na sede do PS, e a sua segurança e maturidade, a sua visão equilibrada e humanista e o seu vasto conhecimento da realidade nas suas diversas vertentes, confirmam porque é que vou votar no PS. Além do mais, pelos frutos os conhecemos.

4 comentários:

Anónimo disse...

O seu ódio à Catarina Martins acaba por meter dó. Julgava-a mais inteligente e capaz de uma abordagem mais distanciada e imparcial. Afinal de contas, acaba por fazer parte daqueles que no PS vêem no BE o inimigo a abater. Uma histeria patética, que faz pena.
O “Um jeito Manso” acaba por ser um Blogue de alguém a quem falta algum bom senso e equilíbrio analítico q.b. É triste, mas só lhe fica mal a si.
E depois, essa sua adulação a António Costa é confrangedora. Faz-nos recuar aos tempos do antigamente, quando António Quadros dizia o mesmo do “Presidente do Conselho”. Que tristeza!
Martin Figueiredo
(PS: por qualquer razão que me escapa, não consigo entrar no seu Blogue a não ser desta forma, talvez por o meu email ser Yahoo – martin.figueiredo@yahoo.com)

Anónimo disse...

Parece-me talvez exagerada a crítica à Catarina Martins. O PS também teve momentos de grande deslealdade, com o Costa a desmentir acordos sobre legislação a aprovar na AR. Se bem me recordo, sobre a lei de bases da saúde e sobre a habitação. E foi desde essa altura que as relações PS-Bloco / Costa-Catarina se começaram a azedar. A história dos empecilhos também não foi Catarina que a inventou e ficou mal a Costa.
Um abraço,
JV

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

O Martin tem todo o direito de não gostar do PS e de António Costa, agora o mundo não gira em torno de si nem dos seus gostos, assim sendo a autora do blogue tem todo o direito a ter o seus gostos, orientações e fazer as análises que bem entender.

Anónimo disse...

Atenção que o BE é agora social-democrata......

Populismo é o que está a dar.