quinta-feira, agosto 22, 2019

Pardal pela mão do Marinho a caminho de ser deputado?
Continuem a dar-lhe palco... continuem...


Do que se lhe conhece, acabou o curso há pouco tempo, está há pouquíssimo tempo inscrito na Ordem, há processos a correr contra ele por burla e mais não sei o quê.

A seguir abriu um escritório, fez-se fotografar ao lado do Marcelo e emoldurou a fotografia, fez um vídeo a divulgar o escritório, o maior do país, onde mostra a fotografia e onde não se põe com modéstias. E, vai daí, arranjou um cliente: um sindicato. Arranjou, não: criou. Criou um cliente. Criou o  sindicato. Criou o sindicato cuja morada é a do escritório, fez-se vice-presidente, porta-voz e assessor jurídico. E, a partir daí, tem sido uma festa.

Armou banzé, fez uma greve que lançou a confusão no país, fez tocar todos os sinos, as televisões sempre em cima, os coletes amarelos a apoiarem, as televisões em cima, os sindicatos existentes a sentirem-se a ficar com os pés no ar, e, de então para cá, não tem parado, sempre nos media, as televisões sempre a acompanhar, aceita uma coisa para logo vir dizer o contrário e querer mais mas sempre sob ameaça de greve, as televisões sempre em cima, o PSD e o Bloco de Esquerda ao lado dele contra o Governo -- como se, numa cena de sindicatos contra patrões, em que o Governo se preocupa em manter a normalidade no País, o culpado fosse o Governo e o herói fosse o dito Pardal -- e as televisões em cima, e, quando parece que as coisas vão entrar nos eixos, eis que o Pardal quer mais baderna e mais palco e marca nova greve e as televisões sempre em cima, sempre, sempre em cima. 

E assim, com a ajuda das televisões e o apoio dos totós e dos distraídos, eis que o Pardal vira astro.

E eis que, num novo golpe de ilusionismo, sai à cena outro populista, um demagogo-encartado, o Marinho -- que fala muito, muito alto, e tem a particularidade de não dizer nada -- e resolve fazer aquilo que se anunciava: mais palco ao Pardal. Desta vez, upa-lá-lá, um upgrade para o Pardal, um colinho para o fazer saltar para a política. Efe-erre-á. Á.

E eis que, de repente, num ápice, com aquele ar blasé de quem não tem nada a ganhar, o Pardal aparece nas televisões e, mostrando à saciedade que para ele vale tudo, eis que já é o verdadeiro arauto da liberdade e da democracia, a verdadeira voz do 25 de Abril, aquele que irá restituir ao povo os valores de Abril, que irá acabar com a corrupção no Parlamento, que irá devolver Abril aos portugueses. Alé-cui-alé-cuá. Xiripitá-tá-tá-tá.

E o que, em boa hora, vos digo é que se as televisões continuarem a andar sempre, sempre, em cima, o Pardal vai morder a mão que o Bloco lhe estendeu e, por muito que o Bloco, uma vez acordado, perceba o que se está a passar e queira denunciar o perigo da serpente que se esconde debaixo daquele corpo de ouriço bronzeado, poderá ser tarde demais.

E mesmo o PCP, que tem andado entretido a atacar o PS e a marcar posição junto de um eleitorado cada vez mais envelhecido, irá perceber que o linguajar populista do Pardal -- que irá prometer todos e mais alguns amanhãs que cantam -- terá mais efeito junto dos que se deixam encantar por qualquer serpente do que a sua forma de falar já muito datada.

Portanto, um alerta aos jornalistas, em especial aos da televisão: parem de entrevistar o Pardal, deixam de o chamar para as televisões, deixem de falar sobre ele, ignorem-no, tirem-no, o quanto antes, do palco, apaguem os holofotes, esqueçam-no.

Percebam que, a bem do País, há um mantra a ter sempre a bailar nas vossas cabeças: 

Cortemos o pio ao Pardal.


Eu, pela parte que me toca, só o trago aqui para o denunciar e tudo o que diga será pouco. Read my lips. Cuidado com o Pardal.

5 comentários:

Paulo Batista disse...

Olá UJM,

Enquanto os partidos dito socialistas continuarem o caminho da terceira via, os populistas de direita e neofascistas têm caminho aberto para espalhar os seus amanhãs que cantam. Os terrenos da cada vez maior massa de pobres e remediados estão cada vez mais férteis. É semear que a terra dá.
Que as desigualdades sociais, económicas e territoriais não param de aumentar parece-me evidente, pelo que vou observando, mas também pelos números e estudos que conheço. Que as políticas que têm vindo a ser implementadas pelo centro-esquerda têm sido incapazes de reverter essas grandes tendências também me parece claro.
Aqui no burgo, o meu prognóstico é que nas próximas eleições, se se confirmar o reforço do BE e do PAN e/ou quiçá a maioria absoluta do PS (o PCP não foi aniquilado pelo seu discurso, mas por ter dado o suporte a este governo e ter abdicado de lhe fazer oposição, deixando de ser a válvula de escape política das reinvindicações sindicais), será a derradeira oportunidade de reverter essas políticas de terceira via e as consequentes desigualdades (no que respeita exclusivamente aos rendimentos do trabalho em sede de IRS, a medida alternativa daquela palhaçada da tsu, no governo anterior, era mais redistributiva que o irs atual...)
Se não for aproveitada (o que dúvido) estes fenómeno populistas vão ganhar tracção.

PS: São coisas pequeninas, mas que constituem sintomas de um modo de atuação governativa do centro esquerda que me fazem ser descrente - veja-se só que uma autarquia socialista tem investido uns bons milhares de euros a comprar casa, quinta e objetos pessoais de Salazar e agora quer criar-lhe um "centro interpretativo"! Dou de barato que a ideia não tem nada de fascista... Mas digamos que esta ideia que pela promoção da atividade económica, e a indústria do turismo em particular, vale tudo... Enfim...

Um Jeito Manso disse...

Paulo,

O mundo dito civilizado desgraçadamente evoluiu para aqui, para disparidades, injustiças. Não se pode culpar os que estão no momento porque isto chegou aqui ao longo de décadas. Sai-se daqui sedimentando a democracia, interiorizando valores humanistas, dando tempo a que as conscièncias se voltem para a defesa dos mais desprotegidos. E com cultura, com conhecimento.

O populismo apregoa mãos cheias de nada e desvia as atenções do muito que há a fazer para tornar os países mais justos.

Há que elevar a discussão política, tentar levar a conversa para assuntos de fundo, levar os políticos a trabalharem com base numa visão de longo prazo.

O mundo hoje já não é o de meados do século passado. As preocupações têm que ser outras.

Os jovens têm que intervir, têm que largar o comodismo. Se querem ser felizes têm que dar o corpo ao manifesto e lutar por isso.

E quanto ao BE, ou dão a volta ao texto e aparecem, de novo, com uma conversa estruturada e adulta, ou, se continuam a derrapar para a maluqueira e para as reacções infantilistas, ainda entram no mesmo caminho descendente do CDS.

Quanto ao Museu, tem razão. Já fui fazer um post sobre isso. Nem pó. Que ninguém o permita. Que os jovens se unam e o impeçam.

E neste caso não pode haver 'enfins...', tem que haver 'nãos' rotundos, a bold, ao murro (na mesa, de preferência...)

Abraço, Paulo!

Paulo Batista disse...

UJM,

Apesar de o meu discurso parecer ancorado no passado, não sou um saudosista de soluções engendradas em contextos históricos. No entanto, o conhecimento é cumulativo e ferramentas analíticas do passado servem muitas vezes no presente, ainda que com as devidas correções. A divisão da riqueza e do poder são elementos estruturais e quase invariantes, sendo nesses que urge atuar. As soluções não são fáceis e exatamente por se colocar tanta energia a destruir estruturas sociais, supostamente "do passado", ao invés de ir construindo soluções de futuro.
Eu percebo e aprecio a energia que os jovens podem imprimir à sociedade, mas os jovens,infelizmente, parecem cada vez mais tolhidos financeiramente, atomizados e avessos ao risco social. De qualquer forma discordo. Esta é uma responsabilidade intergeracional, até porque não podemos abandonar os mais velhos. E eles estão a ser abandonados em larga escala.
A melhor proteção para os mais desprotegidos é exatamente integra-los neste processo de transformação imparável, trazendo-os para as decisões, para as reflexões. Isso implica capacitar as pessoas com os recursos básicos (e isso só o consegue fazer quem tem poder para tal...).
E sim, passa também pela cultura: a este respeito, em Lisboa, sois uns priveligiados!
Um exemplo de um interessante laboratório de energia criativa intergeracional que merecia mais projecção? Isto, por exemplo:
http://www.outfest.pt/

Abraço!

Anónimo disse...

Infelizmente, o problema não é Pardal. Nunca é Pardal. Chame-se Trump, Bolsonaro ou Mussolini... O mundo de hoje é um mundo cheio de oportunidades. Um mundo novo, de partilha imediata, de uber à mão de semear, de apartamento em Amesterdão à distância de um clique. É um mundo de onde será possível nascer uma civilização melhor, mais avançada, mais interligada. Quiçá um mundo onde humanos deixarão de existir e dar lugar a outros melhores que nós. Por enquanto... até esse mundo novo emergir, milhões, milhares de milhões de pessoas vão ficando para trás. Sem oportunidade de entrar no mundo onde as oportunidades surgem como os cogumelos que brotam em redor das árvores. Cada vez mais para trás. Sem voz e sem escape. Então outros, oportunistas de má índole, idiotas cujo mantra se limita a fazerem pela sua vidinha, usarão cada vez mais a vida desgraçada dos outros para se auto-promoveram na sua caminhada em crescendo de agigantamento da idiotice mascarada de ódio.

Um abraço,
JV

Anónimo disse...

É possível falarem um pouco mais baixo, e pouparem nas palavras vazias ?
Deixam-me votar em quem quero sem ser chamado de velho, ignorante, antiquado, irresponsável idiota etc.etc.?
UJM, gosto de vir aqui ler o que escreve...