Ele há coisas, sempre o disse. Ainda hoje. Depois do trânsito e das outras coisas que me maçam, cheguei a casa inspirada, bem comportada. Fui-me à máquina e fotografei a pilhinha de livros aqui ao meu lado. Era pequenina e, como costuma acontecer às pilhinhas, desatou a crescer e agora já está de um tamanho que começa a impor respeito.
Depois virei-me para o sofá ali da parede ao fundo onde ontem estive a ler as entrevistas a fotografei o livro e a soft mantinha.
Resolvi, então, ir buscar mais dois presentinhos de papai noël, a eau de toilette que cheira a figueira e o passarinho que, quando a gente o aperta, pipila tal e qual. Não sei se é passarinho se é passarinha nem sei de que raça é porque me desfiz da documentação antes de perceber o que continha, mas é fofinho e faz um piu-piu de dar gosto. Quanto ao perfuminho, o meu marido diz que tem passado horas a podar figueiras e que nunca percebeu que dali viesse perfume. Disse-lhe que ele não dava para ser nez e ele disse que até é bastante sensível a cheiros. Disse-lhe que não, senão saberia bem qual o cheiro das flores da figueira ou do chá verde de figo que vai tudo dar ao mesmo. Ficámos assim. Como não foi ele que mo ofereceu, permite-se reagir desta forma e eu acho que há temas em que a discussão não leva a lado algum. Posso não ser tal e coisa, coisa e tal, mas sábia eu acho que sou.
Depois resolvi virar-me para a pilhinha dele, pequenina, modesta. De livros que recebeu do Santa Klaus, quero eu dizer. Fotografei-a também. É a de aí de cima.
E depois fui-me ali à estante e fotografei algumas particularidades, nomeadamente o Santo António que, em vez de ser pendurado, ficou ali a bater uma soneca e a menina, ao seu lado, que em vez de também ir apanhar ar, se deixou ficar deitada ao lado do Santo. Lá sabem.
Ou seja, estava numa de deixa cá ver, o ano está a começar e giro, giro, era eu mostrar como já estou a cumprir o ponto 1 da minha lista de to-do's que é mostrar que isto a partir de agora é sempre a abrir, lifestyle, auto-ajuda, pensamentos evoluídos e do mais positivos que há, reflexões bué elaboradas -- ou seja, nada que se lhe possa botar defeito, que a idade diz que dá juízo e eu não quero ser desmancha-prazeres que com a minha idade já devia ser capaz de rezar uma missa quanto mais dissertar num blog fajuto.
Mas, então, chego eu aqui ao meu sofá, ponho-me a passar as fotografias para o computador, a imaginar fazer um post a explicar como é bom fugir da barafunda da grande cidade não para o campo mas para o sofá para dizer coisas pequenas que mostrem que penso grande e, na minha inocência, toda eu cheia de teorias imbatíveis.
Só que há aquele grande deus que acompanha os meus passos e que, mal se apercebe das minhas boas intenções, à sorrelfa me prega uma rasteira. E logo resolveu que nem pensasse eu em dar passo maior que a perna. Que é como quem diz não pensasse eu em meter-me a besta, ensaiando conversa filosófica ou beata. E então, vai daí, com aquela driving force que sempre me faz desviar dos bons caminhos, pôs-me a ver as estatísticas do blog, nomeadamente mostrando-me o que as pessoas, naquele preciso instante, tinham escrito nos motores de busca e as tinha trazido até aqui. E eu, instantaneamente, cagüei (por favor, ler o ü para não soar a inconveniência) para as boas intenções e resolvi aqui dar conta do fantástico sucedido.
A seguir peguei nas palavras e fui eu experimentar se conseguia chegar até mim -- e não consegui. Portanto, ainda mais extraordinário: alguém lembrou-se de fazer tais pesquisas e o maluco do algoritmo achou que aqui, neste santo blog, é que há disso. Mas, se for eu, está bem, está, vá mas é dar banho ao cão.
A seguir peguei nas palavras e fui eu experimentar se conseguia chegar até mim -- e não consegui. Portanto, ainda mais extraordinário: alguém lembrou-se de fazer tais pesquisas e o maluco do algoritmo achou que aqui, neste santo blog, é que há disso. Mas, se for eu, está bem, está, vá mas é dar banho ao cão.
Pois eu, para mostrar ao algoritmo que sou mais esperta que ele, vou arranjar maneira de que não apenas os depravadões encontrem aqui com que se entreter como eu própria hei-de ser capaz de vir parar ao Um Jeito Manso: vou escrever essas palavras no título do post, ah vou, vou.
Portanto, a partir de agora, o sol nascerá para todos: para os malucos da net, para as malucas sem cuecas, para os que gostam de andar à sombra e para mim. E passa a ser oficial: quem queira ver mulheres sem cuecas no jardim ou as 50 sombras do greg, tem aqui o que procura, oh oh, se tem. Olha aí.
Aqui é fazer de conta que a menina estava a jogar à malha no jardim, ok? |
Este não sei se é o tal do Greg ou se estão à sombra; mas, pronto, é fazer de conta. |
E, assim sendo, e nada mais tendo, por ora, a declarar, vou suspender o expediente e dedicar-me à tapetaria antes que a tal sinistra driving force que me desvia dos meus bons propósitos continue a fazer das suas e vos deixe a todos de olhos estarrecidos.
Com vossa licença, inté.
4 comentários:
Para quem gosta de fotografia e necessita escrever como eu, na medida da minha parca disponibilidade aqui para a dimensão virtual, este "Um jeito manso" esta-se-me a tornar incontornável; claro que enquanto eu do género masculino, ao escrever isto logo na presente postagem possa levar, ao menos em parte, a pensar-se ou crer-se que é pela ante-penúltima e penúltima imagens animadas(!), sem ainda prejuízo do texto, aqui e ali, com alguma, digamos, pró "picante/provocadora" ironia... o que não deixando de ser um tanto verdade ;-), também vai muito além disso, porque esta minha apreciação inclui a visita a outras recentes/diversas postagens e todas me encantam, duma ou doutra forma!
Até por tudo isso, esperando já esteja a ser, passo a desejar continuação dum Feliz e inspirado 2019
O Santo Antoninho e a bonequinha, que coisa linda!
Abraço.
Olá Víctor,
Volta e meia dá-me para a maluqueira, para a farrinha, para apimentar a conversa com brincadeirinhas inocentes e se a coisa sai boa de ler só posso ficar contente.
Inspiração e alegria também para si, Víctor.
Olá Francisco,
Eram para já estar pendurados mas foram ficando ali à espera de quem quisesse pregar um prego bem seguro. Como isso foi tardando, fui-me habituando e agora acho que estão bem ali, sossegadinhos, a fazerem companhia um ao outro.
Uma boa friday!
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