terça-feira, outubro 30, 2018

Antes de crucificarmos a Isabel Moreira, reflictamos um pouco.
Pintar as unhas na Assembleia da República ou, mais genericamente, no local de trabalho: sim ou não?


Obtive a foto na net e, do que vejo, não garanto que seja
a Isabel Moreira.
Mas dizem que sim pelo que admito que estejam certos
Argumentos a favor de pintar as unhas no local de trabalho: 

1. Não é preciso ter a preocupação de as pintar em casa
2. É mais fácil secá-las porque se pode ficar com as mãos sossegadas sem correr o risco de roçar em alguma coisa e dar cabo de tudo

Argumentos contra:

1. Ter que levar acetona, algodão e verniz para o trabalho
2. Ter que aturar os olhares invejosos de quem, fingindo estar incomodado com o cheiro da acetona e/ou do verniz, está apenas com pena de não ter tanta lata.

Só acrescento um ponto a desfavor e que não é pequeno: o risco de abrir uma caixa de pandora. Pensemos: a passar a ser prática comummente aceite,
quem poderá levar a mal se a Madame Cristas, na próxima vez que for debater com o Costa, sacar de toalhitas desmaquilhantes e, ali mesmo, tratar da sua higiene facial para, em casa, não ter que perder tempo com isso? 
quem poderá dizer alguma coisa se, em pleno debate, a Heloísa Apolónia se entretiver a fazer trancinhas à Mariana Mortágua? 
quem poderá depois criticar o Hugo Soares se ele, enquanto o Negrão esbraceja no Parlamento para se manter fora de água, se descalçar, tirar as meias, alçar da perna, pondo o pé em cima da bancada para, com um corta-unhas, ali mesmo aparar as unhas que lhe estão a esburacar as meias?
Mas, enfim, incumbe ao nosso Presidente da Assembleia decidir sobre qual o código de conduta a adoptar no hemiciclo. Eu, por mim, só posso dizer que a mim, no meu trabalho, não me dá jeito. Mas isso sou eu.

6 comentários:

Isabel Pires disse...

UJM, situações similares à que aqui foi relatada, são patéticas e reveladoras de falta de sensibilidade.
Não está em causa ser na assembleia, ser uma figura pública... a montante de tudo isso está a falta de senso para perceber e agir em conformidade que há diferenças de comportamento a ter nos espaços públicos e no espaço privado.
Se 'objectivamente' não prejudica o trabalho e, por exemplo, posso estar a ouvir uma comunicação num encontro de trabalho e ao mesmo tempo a pintar as pestanas? Sim, consigo ouvir ao mesmo tempo, mas não é só isso que interessa. Mal de nós se for necessário estar a redigir códigos de conduta por causa destas parvoíces. (Afinal, queremos liberdade ou não?)

Há quem ache muito "cool" este tipo de "minudências", o que não é nadinha o meu caso.

Um aluno dum mau professor disse...

So o espirito de intriga pode valorizar situacoes destas. Para mim este gesto foi uma forma de aliviar o stresse. E se ela estivesse a roer as unhas tambem incomodararia o perspicaz fotografo ? Isto para mim é uma fofocoquisse para gosto a direita lamber os beiços.

Anónimo disse...

Ainda no outro dia me saltou uma lente de contacto a meio de uma reunião. Em vez de sacar do espelho de mão que tenho na mala e resolver logo ali o meu assunto, nem sequer corri à casa de banho. Afinal, podia até ter aproveitado para dar um toque no rímel. (Se usasse rímel, claro. Agora até fiquei com vontade.)

Na verdade, uma lástima o que a Isabel Moreira fez. É que com coisas destas uma pessoa já nem pode fofocar sobre os belíssimos anéis, um no polegar e outro no indicador, como nos dias que correm se "usa" usar - verbo que a senhora deputada "usa" usar com certeza para matar aquela saudadinha que até uma Isabel Moreira tem do Estado Novo.

Bem, pelo menos com a unhas a secar, não pode tirar macacos do nariz...

Abraço,
JV

Anónimo disse...

Oh UJM, cá para mim ela viu vários colegas no facebook, atentos ao feed de notícias em vez de atentos ao debate, e, achando mal, lembrou-se 'ai é ? ora bem, eu então vou pintar as unhas, quero ver como vocês reagem'. Não sei, mas acho estranho a Isabel agarrar assim na tralha, coloca-la na mesa, e ala a adiantar serviço. hummm acho estranho.
L.

AV disse...

No mínimo, espera-se um pedido de desculpas e, a não ter acontecido, acção adequada do chefe da respectiva bancada e do presidente da AR. Todos nós temos códigos de conduta no trabalho e espera-se que a AR também o tenha.

Abraço,


Ana

Anónimo disse...

UJM,
Tenho estado fora e quando regressei e vim ver este seu Blogue e dei uma olhada a este Post, depois de ler os artigos sobre o assunto, o que me ocorreu foi o seguinte: uma Magistrada (quer Juíza, quer Procuradora), ou uma Advogada, estaria a pintar as unhas numa audiência por ocasião de um Julgamento? Jamais! Nesse sentido e num local daqueles, um Orgão de Soberania com a relevância que tem o Parlamento (a Assembleia da República), aceita-se e é-se compreensivo para com uma Deputada que, durante uma sessão plenária (ou outra que tivesse sido) esteja a pintar as unhas??????????? É uma falta de respeito, de consideração e sobretudo do que ela pensa sobre os trabalhos que decorrem no Parlamento.
Isabel Moreira deu uma péssima imagem não só dela, mas do respeito que lhe merece a Assembleia da República.
Aqui há uns 10 anos, assisti a um enxovalho que um Juiz Presidente de um colectivo deu (e muito bem) a um advogado por estar a “tirar macacos do nariz”, em plena sessão do julgamento. Para mim é igual a Deputada Isabel Moreira ou o Senhor Advogado estarem a praticar atitudes menos respeitosas em determinados locais, sobretudo quando são órgãos de soberania, como é o caso da Assembleia da República, ou mesmo um Tribunal.
P.Rufino