Costumo escolher a minha roupa de véspera porque, de manhã, com pouco tempo, se desatino é um ver se te avias a escolher e a rejeitar toilettes. Preciso de tempo pois tudo tem que fazer pendant. Se penso que vou de claro, a lingerie tem que ser clara. Se a blusa é em tons de encarnado ou bordeaux, o soutien tem que ser no tom. Portanto, se penso que aquela blusa não, o mais provável é que tenha que mudar tudo e, às tantas, tenho que vestir-me e despir-me de alto a baixo até a coisa ficar a gosto. E ver o tempo a escoar-se e eu naquilo é enervante. Não dá.
Assim, de véspera, sem stress, escolho a blusinha, o top para vestir por baixo caso o decote seja excessivamente pronunciado ou se a blusa for fininha demais, as calças ou a saia a condizer ou a contrastar, o conjunto de lingerie a preceito, o colar, os brincos, o anel.
Coisa de coquette, bem sei. Sou.
Quando era miúda, os meus pais contrariavam-me, diziam que eu ainda não tinha idade para. Mas a coisa era forte, coisa de ADN, e eu reincidia. Mas era uma luta. Portanto, mal me vi com idade para, nunca mais dei descanso. Feminina até à raiz dos cabelos e em todas as manifestações da feminilidade, até nestes sinais exteriores.
E assim aconteceu hoje.
Acresce que.
Para não ver e ouvir comentários sobre a suspensão dos jogadores do Sporting e os absurdos posts no Facebook, a patética dor nas costas e a ridícula conferência de imprensa do troglodita Bruno de Carvalho, estive no meu boudoir, nas calminhas, fazendo tempo, desfrutando o gosto de estar neste meu mundinho bom, quase vitoriano, cheio de frou-frous, sedas e rendas, a arrumar a minha roupinha, a escolher o modelito de amanhã e etc.
Agora aqui regressada, convencida eu que o tema burlesco já se tinha esgotado, constato com desagrado que não senhor. Não se esgotou. A criatura ainda aqui está, baboseirando em directo, provocando, trumpizando o futebol português. E o meu marido, em vez de fazer zapping, está a dizer, com asco na voz, que 'este gajo á muita estúpido' -- mas mantém-se a ver. Um sportinguista é isto: gente nascida para sofrer. Ao princípio dizia que estava com esperança que o troglodita se fosse demitir. Agora acho que está apenas perplexo, quase paralisado a ver esta anormalidade.
E assim aconteceu hoje.
Acresce que.
Para não ver e ouvir comentários sobre a suspensão dos jogadores do Sporting e os absurdos posts no Facebook, a patética dor nas costas e a ridícula conferência de imprensa do troglodita Bruno de Carvalho, estive no meu boudoir, nas calminhas, fazendo tempo, desfrutando o gosto de estar neste meu mundinho bom, quase vitoriano, cheio de frou-frous, sedas e rendas, a arrumar a minha roupinha, a escolher o modelito de amanhã e etc.
Agora aqui regressada, convencida eu que o tema burlesco já se tinha esgotado, constato com desagrado que não senhor. Não se esgotou. A criatura ainda aqui está, baboseirando em directo, provocando, trumpizando o futebol português. E o meu marido, em vez de fazer zapping, está a dizer, com asco na voz, que 'este gajo á muita estúpido' -- mas mantém-se a ver. Um sportinguista é isto: gente nascida para sofrer. Ao princípio dizia que estava com esperança que o troglodita se fosse demitir. Agora acho que está apenas perplexo, quase paralisado a ver esta anormalidade.
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Mas voltemos, então, ao muito relevante tema da indecisão na escolha das toilettes
Halie Loren - Perhaps, perhaps, perhaps
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