Não sou de efemérides ou RIPs. Tenho cá para mim que aqueles que nos são importantes apenas se afastam fisicamente. Dentro de nós, continuam próximos.
Por exemplo, os meus tios -- aqueles a quem convidei para padrinhos de casamento e de quem sempre gostei tanto -- ainda andam por perto. Volta e meia, às sextas ao fim da tarde, ainda penso que devia ligar à minha tia. Não sei bem há quanto tempo se foi mas a ideia que tenho é que apenas se afastou. Nem consigo medir o tempo. Estava aqui a pensar e a apontar para uns dois anos. Ou três. Mas, pensando bem, na volta já há uns quatro. Ou cinco. O filho mais novo da minha prima devia ter poucos meses e já vai com uns cinco, senão quase seis. Estava grávida quando morreu o meu tio mas ainda bem no início. Corajosamente, escondeu-o. Não quis associar o anúncio da vinda de uma nova criança ao momento em que se despedia do pai, e isto com a mãe doente como também estava. Parece que foi há tão pouco tempo.
Quando morre alguém conhecido, a blogosfera enche-se de despedidas e eu, que tenho muita dificuldade em fazer o mesmo que os outros, faço de conta que não se passou nada. De resto, também não gosto de despedidas. Não gosto de gastar muitas palavras na morte, em especial com a daqueles com quem antes não as gastei em vida.
Stephen Hawking, a improvável criatura que desafiou as estatísticas e que abriu os buracos negros à luz do conhecimento, ter-se-á ido, dizem. Mas claro que não foi a parte nenhuma. Ainda por aí anda. A internet está cheia de provas da sua existência. Escolho, para aqui ter, apenas duas dessas provas, duas bem ao meu gosto.
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