sexta-feira, março 16, 2018

Dizem que lá se foi o improvável Stevie
... mas eu não sei, não...


Não sou de efemérides ou RIPs. Tenho cá para mim que aqueles que nos são importantes apenas se afastam fisicamente. Dentro de nós, continuam próximos.

Por exemplo, os meus tios -- aqueles a quem convidei para padrinhos de casamento e de quem sempre gostei tanto -- ainda andam por perto. Volta e meia, às sextas ao fim da tarde, ainda penso que devia ligar à minha tia. Não sei bem há quanto tempo se foi mas a ideia que tenho é que apenas se afastou. Nem consigo medir o tempo. Estava aqui a pensar e a apontar para uns dois anos. Ou três. Mas, pensando bem, na volta já há uns quatro. Ou cinco. O filho mais novo da minha prima devia ter poucos meses e já vai com uns cinco, senão quase seis. Estava grávida quando morreu o meu tio mas ainda bem no início. Corajosamente, escondeu-o. Não quis associar o anúncio da vinda de uma nova criança ao momento em que se despedia do pai, e isto com a mãe doente como também estava. Parece que foi há tão pouco tempo. 

Quando morre alguém conhecido, a blogosfera enche-se de despedidas e eu, que tenho muita dificuldade em fazer o mesmo que os outros, faço de conta que não se passou nada. De resto, também não gosto de despedidas. Não gosto de gastar muitas palavras na morte, em especial com a daqueles com quem antes não as gastei em vida. 

Stephen Hawking, a improvável criatura que desafiou as estatísticas e que abriu os buracos negros à luz do conhecimento, ter-se-á ido, dizem. Mas claro que não foi a parte nenhuma. Ainda por aí anda. A internet está cheia de provas da sua existência. Escolho, para aqui ter, apenas duas dessas provas, duas bem ao meu gosto.





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