(A filha, Mónica) vem todos os dias à casa do Gólgota ver se está tudo em ordem, agora que só cá vive a escritora, sempre acomponhada por uma senhora que toma conta dela e a segue como uma sombra. "Nunca a sua presença foi tão forte na casa. Sentimos a sua força, a sua intensidade, só que agora já não interfere. Só há o silêncio. Às vezes é muito desconcertante.", diz. Como um enigma.
Confere que a mãe acabou de almoçar e bebeu uma taça de champanhe. Faz questão de beber uma taça ao almoço e outra ao jantar, um hábito que adquiriu desde de que estabilizou depois do AVC, naquele acto de voluntarismo que espantou a neta. A filha interpreta esta vontade de champanhe a acompanhar cada refeição como a celebração de mais um dia.
Das imagens mais fortes que guarda de Agustina é dela na sala, a escrever com uma prancha em cima dos joelhos, papel e caneta na mão. Mónica entrou de repente na sala, a mãe interrompeu-se e deu-lhe atenção, depois regressou ao texto, numa expressão que a filha estranhou, "como em transe". Como se tivesse passado por um mundo diferente.
[Excerto do artigo "Agustina íntima" de Ana Soromenho, no Expresso deste sábado que comprei de propósito para ler este artigo. As fotografias obtive-as eu na net, ou seja, não integram o artigo]
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Já agora permitam que partilhe um vídeo que estive agora ver:
Agustina, no Porto, à conversa com Manoel de Oliveira
E, uma vez mais, o documentário "Agustina Bessa-Luís - Nasci Adulta e Morrerei Criança"
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Tchim-tchim!
Tchim-tchim!