Aquele a quem em tempos aqui chamei 'ex-bebé' -- e que é agora um rapazinho de seis anos, muito alto, muito enérgico, que, por vezes, não mede bem a sua força, mas que é um amor, generoso, bom coração e boa onda -- no outro dia começou a fazer-nos perguntas que nos deixaram admirados.
'Está mesmo provado...?', começavam todas as perguntas.
Fomos dizendo que sim, Jesus existiu, era um homem corajoso e bom. E que sim, terá nascido de Maria que vivia com José. E que há pessoas que acreditam que também era filho de Deus. Ele acrescentou: 'O pai acredita'. Dissemos que cada pessoa acredita no que acredita e que para o pai, que acredita, é como se fosse verdade. Ilustrei: 'Há pessoas para quem o Benfica é o maior. E outras não acreditam nada disso, acreditam que é o Sporting o maior. Uma questão de crença. Para quem acredita essa é a verdade'. Depois perguntou: 'E está mesmo provado que Jesus ressuscitou?'. Respondi: 'Não. Quando as pessoas morrem mesmo, já não podem voltar a viver'. Disse: 'O pai acredita que Jesus ressuscitou'. Disse-lhe que há pessoas que queriam tanto que Jesus não tivesse morrido que quiseram acreditar que ele continuava vivo. E que quando uma pessoa gosta muito de outra, mesmo quando ela morre, fica a recordação tão boa que é como se a pessoa estivesse viva. Ouviu com atenção e depois disse: 'A mãe disse que uma vez uma pessoa morreu mas depois voltou a viver'. Expliquei: 'Sim. Por vezes consegue-se reanimar uma pessoa cujo coração tinha parado de bater.' E acrescentei que também pode ter acontecido que Jesus estivesse tão ferido e doente que toda a gente tinha acreditado que tinha morrido e que, afinal, estava apenas inconsciente.
Nem quero influenciá-los. Nunca quis. Com os meus filhos, a mesma coisa. Uma vez a professora do meu filho, que andava então no 1º ano, contou-me que a professora de Religião e Moral quase não conseguia dar as aulas porque ele contestava tudo o que ela dizia, tentando demonstrar-lhe que o que ela dizia não podia ser verdade.
Fomos dizendo que sim, Jesus existiu, era um homem corajoso e bom. E que sim, terá nascido de Maria que vivia com José. E que há pessoas que acreditam que também era filho de Deus. Ele acrescentou: 'O pai acredita'. Dissemos que cada pessoa acredita no que acredita e que para o pai, que acredita, é como se fosse verdade. Ilustrei: 'Há pessoas para quem o Benfica é o maior. E outras não acreditam nada disso, acreditam que é o Sporting o maior. Uma questão de crença. Para quem acredita essa é a verdade'. Depois perguntou: 'E está mesmo provado que Jesus ressuscitou?'. Respondi: 'Não. Quando as pessoas morrem mesmo, já não podem voltar a viver'. Disse: 'O pai acredita que Jesus ressuscitou'. Disse-lhe que há pessoas que queriam tanto que Jesus não tivesse morrido que quiseram acreditar que ele continuava vivo. E que quando uma pessoa gosta muito de outra, mesmo quando ela morre, fica a recordação tão boa que é como se a pessoa estivesse viva. Ouviu com atenção e depois disse: 'A mãe disse que uma vez uma pessoa morreu mas depois voltou a viver'. Expliquei: 'Sim. Por vezes consegue-se reanimar uma pessoa cujo coração tinha parado de bater.' E acrescentei que também pode ter acontecido que Jesus estivesse tão ferido e doente que toda a gente tinha acreditado que tinha morrido e que, afinal, estava apenas inconsciente.
[E continuou. Perguntou, por exemplo, como, passado tantos anos, sabemos o que aconteceu de verdade naquela altura. O avô falou-lhe então de cronistas e historiadores. E, para exemplificar, disse que, por exemplo, a Tá escreve todos os dias um blog onde fala de muitas coisas que ficam disponíveis para quem quiser saber, daqui por muitos anos, o que se passava e dizia agora. Ele foi ouvindo com toda a atenção.]Durante a conversa tentei ser cautelosa. Um equilíbrio difícil: por um lado não quero forjar factos ou atenuar convicções e, por outro, não quero contrariar quem tem crenças opostas às minhas.
Nem quero influenciá-los. Nunca quis. Com os meus filhos, a mesma coisa. Uma vez a professora do meu filho, que andava então no 1º ano, contou-me que a professora de Religião e Moral quase não conseguia dar as aulas porque ele contestava tudo o que ela dizia, tentando demonstrar-lhe que o que ela dizia não podia ser verdade.
Não os baptizei, não os quis na catequese mas não os impedi de frequentar as aulas de Religião para que pudessem formar a sua própria opinião.
Apesar de eu ter tido educação católica, com primeira comunhão e comunhão solene, mal consegui autonomia para me 'deslargar' dos preceitos da Igreja, logo o fiz. Tudo aquilo me pareceu, sempre, contraproducente, irracional, ilógico.
E se não me identifico com a Igreja Católica, muito menos me identifico com qualquer das muitas outras que proliferam por aí.
No entanto, tenho alguma dificuldade em declarar-me ateia. Não consigo afirmar com convicção que não há um deus ou uma ordem superior. Não sei se há. Mas não me atormento com esse meu desconhecimento. Convivo bem com a minha ignorância. Considero-me, isso sem dúvida, agnóstica. Venero a natureza e a maravilha dos acasos, venero o que desconheço e que dá forma à elegância suprema das matérias tangíveis ou intangíveis que nos rodeiam. E não tento dar nome ao que desconheço nem ficciono histórias, interpretações, leis ou castigos ou recompensas virtuais para dar corpo ao que não compreendo. Na minha simplicidade, aceito-me e aceito os outros tal como são, sem querer saber deles ou de mim ou do mundo em geral o que não sei. Aceito com tranquilidade e, até, gratidão o mistério que habita o que desconheço.
E estou com isto porque o meu amigo de coração, a minha alma-gémea, o querido algoritmo que a Google (grande notícia a de qua a Google vai ter um pé cá em Portugal!!) usa no YouTube me propôs para hoje um vídeo que despertou o meu interesse. Sir David Attenborough fala de Deus.
Convido-vos a ver.
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As fotografias que aqui usei são da autoria de Timothy Moon e feitas com um drone
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Segue-se: a vingança de Melania, a mulher de um trumpalhão adúltero, e, mais abaixo ainda, uma adivinha (quem é? quem é?).
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