sábado, agosto 19, 2017

Táctica e Estratégia
(para salvar a honra do convento)





Tinha fotografias da praia ao anoitecer e penso que capazes até de estarem bonitas. O pôr do sol na praia, neste verão quente que ajuda a projectar céus em fogo sobre as águas, vem com cores maravilhosas. E tinha 'cenas' para contar que foram relembradas ao jantar, causando gargalhar geral, os miúdos a quererem mais, mais 'piadas', e nós a dizermos que não são piadas, são situações reais.

Mas, acreditem, estes meus dias têm sido tudo menos fáceis. Cansada, cansada.

Para ajudar, estávamos a chegar a casa, dei por falta da sacola de pano, bordada com missanguinhas, que uso a tiracolo e que tinha lá dentro a minha carteira dos cartões (carta de condução, de cidadão, de crédito, de seguro, da fnac, de tudo o que se possa imaginar) -- e com algum dinheiro. Ao sairmos do restaurante, no meio da confusão, agarrei no telemóvel, na máquina fotográfica, no poncho de renda que uso para me proteger da aragem do mar e, parecendo que nada me faltava, lá vim. Beijinhos, beijinhos, vão com cuidado, portem-se bem, beijinhos, e mais beijinhos. O meu marido, sabendo do que a casa gasta, ainda alertou: 'Trazes tudo? A máquina fotográfica?' Passei a mão pela máquina, 'Sim, tudo'. Sim, sim--. Já estacionados, a sair do carro, pego nos óculos escuros que tinham ficado no carro, no telemóvel, na máquina, e... a sacolinha...? Susto. Liguei logo para lá. Sim, senhora, está cá. Lá fomos de volta. O meu marido: 'Já não digo nada...'. Cansado também. 
Acho que é a sacolinha que se presta a isto. Já na outra vez, na Zambujeira, ficou num restaurante. Dessa vez, só dei por ela às quinhentas da noite. Quando lá chegámos, estava o restaurante fechado. No dia seguinte, chegámos lá: fechado para férias. Foi o bom e o bonito. E isto no dia em que supostamente regressaríamos a Lisboa. As peripécias para conseguir entrar num restaurante fechado para férias, com os donos abalados para o Algarve, nem vos conto. Lá a resgatei. Pois hoje a sacana da maleca pregou-me a mesma partida.
Aqui chegados, cada um espapaçado em seu sofá, ele adormeceu de imediato. E eu também.

Queria falar do anibálico-canibálico Banner que talvez ainda venhamos a ver a ajudar no processo gangrenatório do trumpismo mas, senhores, as vezes em que caí a dormir... Vi jeito de não conseguir chegar ao fim. Nem sei como, a duras custas, lá o desentupi de dentro de mim.

E, agora, estou a ver se acordo para me deslocar até ao quarto e o esforço esgota-me as energias, deixando-me incapaz de ir buscar as fotografias da praia ou de deitar mãos às 'cenas' maradas que nos divertiram ao jantar.

Portanto, desculpem-me a falta de assunto, mas isto hoje é um caso perdido mesmo.

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Sobre a flor lá em cima: 

A begonia radiates in the fine weather at the Southport flower show. The event is the UK’s biggest independent flower show, attracting 80,000 visitors a year. Photograph: Christopher Furlong/Getty Images [The Guardian]

Sobre a música:

Linkin Park - Numb for cello and piano (COVER). Arranged, played and filmed by GnuS Cello

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Queiram mas é fazer o favor de descer até ao post seguinte que hoje, por aqui, não passa disto. Ou melhor, se calhar é melhor não, que que aquele animal ali não é flor que se cheire.

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Mas antes -- para  tentar que não maldigam completamente este pobre convento que hoje tão poucas virtudes tem para oferecer -- deixem que partilhe convosco um poema lido pelo autor


Táctica y Estrategía na voz de de Mario Benedetti


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