Não sou de marcas ou títulos, não puxo galões, abomino caganças. Isso tudo. Mas, meus Caros, há uma coisa, umazinha, em que não dou bola para qualquer um.
Especifico. Cheira-me a saldos e aí vou eu, a desencantar um tempo que não tenho -- mas tenho que ter -- porque intuo que a última coca-cola do deserto está a ser vendida a preço da uva mijona e, obviamente, não posso passar ao lado dessa grande oportunidade. Posso andar à pesca no meio de balcões onde se vende tudo, os restos, a 15 euros, e quero cá eu saber que seja uma daquelas pechinchas que se poderão encontrar a pontapé em cima de qualquer zinha. Zero. Não estou nem aí. Acho sempre que o estilo está em quem veste os trapos e não nos trapos em si. Uma blusinha dessas, umas calcinhas elegantes, um colar de pérolas (das genuínas ou das outras), uns sapatinhos confortáveis e a toilette está feita.
Mas há a tal coisa. A tal.
E, caraças, se tenho tentado. Passo pelos saldos e vou tentar e tento e penso que a poupança é considerável. Mas não dá. Não dá mesmo. Não sei porquê mas não dá. Comigo tem que ser Chanel.
E pode ser o Chance, o nº 19, o Cristalle... e pode e deve ser, sobretudo, o nº 5. Tudo me cai bem. Sobretudo o nº 5. Umas gotas cujo toque muda ao longo do dia e que evoluem até eu quase não reconhecer na fragância que me chega a mesma que coloquei de manhã. Sempre fresco, elegante, discreto, refinado. Não sei descrever mas agrada-me muito.
Nota: Há um outro adereço a que também sou fiel, conservadora, elitista -- o que quiserem. O relógio. Tenho-o há anos, muitos, e desde que o ganhei de presente nunca mais fui capaz de usar outro. Até aí cirandava entre os Swatches de todas as cores e feitios e os clássicos. Tinha dois clássicos, lindos, elegantes. Pois bem. Desde que este pousou no meu pulso nunca mais fui capaz de usar outro.
Mas sobre o relógio nem me pronuncio para não acharem que ando para aqui a armar-me ao pingarelho. Coisa curiosa esta: sendo eu anónima, incógnita, uma sombra, de que forma o que aqui dissesse poderia ser exibicionismo? De forma nenhuma. Mas, enfim, para que, ainda assim, não pensem que sou um fantasma vaidoso, quedo-me por aqui. Do meu relógio, objecto já tão indissociável de mim que já me parece que falar dele seria revelar um pormenor da minha intimidade, não falo.
E, assim sendo, cedo o passo ao novo perfume Chanel: Gabrielle. Mal retorne à cidade, lá terei que ir experimentar. Estou expectante. Qual será a nota dominante...? Ah... que bom deve ser...
Kristen Stewart para Gabrielle: the new fragrance by Chanel
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E até já.
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