quarta-feira, agosto 30, 2017

Ah.... agora foi a Oracle...? E todas as outras, tecnológicas e não tecnológicas...?


E não tenho muito mais a acrescentar em relação ao que disse ontem.

Se começam a procurar, vão encontrar muito, muuuiiiitoooo.... E andam à procura na Administração Pública por algum motivo em particular? Nas empresas isso não interessa? Não...? Porquê...?


E porquê esta súbita caça às bruxas numa coisa que é prática arreigada desde sempre? Corrupção isto...? 

Eu que assisto de perto a esta prática não estou certa disso. Mas nem disso nem do contrário. A menos que as almas sejam fracas e se deixem corromper com tão fraca prebenda... Mas, por outro lado, porque o aceitam sabendo que não há almoços grátis...? 

Ainda não há muito tempo deixei um grupo de VIPs consideravelmente desconfortável ao declinar com amabilidade uma ida já nem sei onde, desta vez acho que algures nos States. Disse-lhes que não gosto de cultivar a proximidade com entidades junto de quem acho preferível cultivar um saudável distanciamento. Como é bom de ver isto não é agradável de ouvir por quem convida nem por quem aceita (porque há sempre quem aceite; melhor, geralmente todos aceitam, sorriso agradecido, sensibilizados pela gentileza do convite).

Toda a minha vida cultivei esta atitude, causando desconforto à minha volta. Muitas vezes disse simplesmente: acho que, se quero almoçar bem, devo ser eu a pagar os meus almoços e, se quero conhecer o mundo, devo ser eu a pagar os meus passeios. Ora, isto pode cair bem aqui no blog mas de certeza que não cai bem junto de quem tem outro modo de ver e agir.

Mas se acho que há uma questão de isenção ou de ética, não estou completamente segura sobre a eficácia 'subornativa' destes gestos. Conheço pessoas que gostam é de comer em restaurantes caros e de ir ao estrangeiro sem gastar um tostão. Podem dar a entender ao fornecedor que apreciam estes gestos e que esse apreço será relevante aquando da tomada de decisão a favor dele mas isso não é forçosamente verdade. Pode ser que sejam simplesmente gulosos. Ou deslumbrados. Ou pacóvios. Muitas vezes tenho pensado isto: este tipo não é corrupto, é simplesmente um zé-ninguém.

Mas a verdade é que é matéria em que não tenho certezas absolutas. Muitas vezes, nas empresas onde tenho trabalhado, me indigno com alguma atitude de tácita aceitação de tudo o que os fornecedores querem impingir e digo, entredentes, que não me admiro face à proximidade e amizade que é patente para com os fornecedores. Mas isso significa, sobretudo, que acho que a pessoa não tem estatura para o cargo que ocupa -- é demasiado dúctil (digamos assim), quando se exigiria verticalidade e firmeza.

Mas proximidades e promiscuidades entre clientes e fornecedores é o que há mais e não me parece isso mais perigoso na administração pública do que nas empresas privadas pois termos empresas privadas nas mãos de gestorzecos que se deixam embeiçar por um passeio aqui, ali ou acolá só serve para termos uma economia ainda tolhida e pouco profissional. 

Portanto, se é para se entrar numa de caça às bruxas, não tomem a nuvem por Juno ou a árvore pela floresta: comportamentos desses são às resmas, paletes... e por todo o lado.

NOS?

Oracle? 

Bahhh.... E todas as outras? 

Podia dar algumas pistas mas claro que não vou dar -- até porque o difícil será encontrar grande empresa que o não pratique, quer convidando clientes quer tendo entre os seus quadros quem seja convidado por fornecedores.

Mas isto deve ser coisinha passageira junto desta comunicação social acéfala e junto das virgens que pululam nas redes sociais. Agora que aquilo dos manuais para meninos e meninas pariu uma nano-ratinha que as deixou ficar mal, arranjaram esta das viagens. Um dia destes desencantam outro tema e largam isto tal como largam tudo o resto. Um bando galinhas sem cabeça, é o que é.

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