sábado, abril 15, 2017

O pó das estrelas, eu, aquilo que fui, aquilo que serei



Muitas vezes sinto que tenho em mim memórias de outros tempos. Se recuar até eles, parece que me vejo lá. Casas vitorianas, saias roçagantes, chás perfumados, tertúlias literárias. E recuando mais ainda: aquelas sombras dos átrios em que, etrusca, me deliciava com prazeres vários, liberdades a céu aberto. Tenho também a impressão que me identifico com bichos, árvores, como se fosse feita da mesma matéria que eles. Irmã de árvores, cúmplice de bichos. Como se eu agora fosse uma mulher a viver um intervalo de tempo e que, depois, muito de mim continue por aí, não tanto nestas palavras que talvez perdurem através dos vastos espaços siderais, mas vivendo através da natureza. Átomos que vão e vêm, viajando através dos tempos, pós estelares que pousam onde o tempo lhes dê espaço para viver.

Digo isto e, se me olhar de fora destes meus pensamentos, sou capaz de me atribuir momentos de pura navegação imaginativa, a mente à deriva.


Contudo, sei também que isto que digo não são apenas palavras de efeito. Há nelas qualquer coisa de verdade. Dizia Sagan:“The nitrogen in our DNA, the calcium in our teeth, the iron in our blood, the carbon in our apple pies were made in the interiors of collapsing stars. We are made of starstuff.”

Transcrevo de um site que encontrei ao procurar isto escrito em língua portuguesa.
Uma pesquisa comprovou o que Carl Sagan já falava há tempos: os humanos realmente são feitos de poeira de estrela. Depois de analisar 1500 estrelas, astrônomos chegaram à conclusão de que tanto os seres humanos quanto os astros brilhantes possuem 97% do mesmo tipo de átomos. 
Constataram ainda que os elementos essenciais para a vida como a conhecemos (hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre) são mais prevalecentes nas estrelas que estão no centro da galáxia. 
A questão é: como os astrônomos sabem quais elementos compõem as estrelas se eles não conseguem chegar até elas? Elementar, meu caro Watson. Eles usam uma técnica conhecida como espectroscopia.
O vídeo abaixo, da autoria de Emma Allen, de certa forma remete para isto.

An animated self-portrait exploring the transfer of energy of life forms from one incarnation to another. 

Ruby - Stop-motion face paint animation



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E queiram descer caso queiram contemplar a luz das flores em Lisboa


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