quarta-feira, abril 12, 2017

A liberdade dos nómadas e a encantadora de águias
-- E a pobreza, a solidão e o mais absoluto abandono às portas de Lisboa --


Li uma notícia que me deixou petrificada. Um acontecimento que julgaria impossível. Li com horror e sem conseguir encontrar uma explicação à luz do mundo que conheço, ou talvez, do meio em que vivo. Talvez seja problema meu por desconhecer que se pode chegar a um extremo destes nos dias de hoje. Talvez seja miséria, sim. Ou talvez seja apenas um caso sem paralelo, talvez alguma demência, talvez um estado de abandono extremo.

Não sei se por cobardia ou desconhecimento das palavras certas perante uma situação tão triste, não vou dizer mais nada. Acho que só um texto feito de lágrimas faria sentido. E silêncio. Um silêncio muito fundo, um silêncio que recue até onde deixamos a nossa humanidade cair num negro abismo.

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Por isso, permitam que me desvie para as altas montanhas, que procure a liberdade dos nómadas, que me entregue ao sonho dos voos que cruzam os infinitos horizontes. Permitam que sorria ao ver o sorriso de uma menina com a pele do rosto curtida pelo frio e pelo sol, permitam que me admire com a coragem e ousadia de uma menina que desafiou convenções lá bem no fim do mundo. 




Esta é a história de Aisholpan, a menina de 13 anos que não tem medo de águias, que não tem medo do mundo, a menina que enfrenta as montanhas e a força dos altos voos descendo sobre si com as garras afiadas com a alegria de quem vive no meio dos seus, rodeada de lonjuras e de beleza



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E queiram descer até ao post seguinte, caso vos apeteça saber 'as últimas' sobre Sylvia Plath e Ted Hughes.

Paixão, violência e tragédia numa história que podia ter sido apenas poética.

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3 comentários:

bea disse...

Penso que a vida é difícil. Por um lado, um filho que não sepultou a mãe não se sabe bem por que motivo e nem ele mesmo saberá (não acredito muito na história da cremação) que a mente tem às vezes caminhos escusos em demasia. Por outro, uma garota que não invejo nem um pouco. Não gosto de águias nem de garras nem de bicos em garra que despedaçam e esfrangalham, não gosto de predadores, animais que não lutam pela presa, apanham-na desprevenida e ganfam-na sem remédio. Penso que a Mongólia - que só ontem soube ser um país, julgava, ignorante de mim, que era uma região abrangendo vários países - é um país de clima inóspito. Mas por vezes as flores nascem em lugares de nenhuma doçura. Acontece.

Anónimo disse...

Caramba Bea, tanta ignorância (refiro-me à Mongólia - e a História não nos ensina muita coisa?)! Às vezes é melhor não a confessarmos.
Quanto aos predadores (águias incluídas) que seriam das presas se eles não existissem? Proliferavam e era um problema de equilíbrio entre as espécies! é um pouco como a pessoa que fica muito traumatizada por ver uma águia a atacar uma pomba, ou um falcão (em Londres) a fazer o mesmo, para evitar que as pombas se possam expandir, ou uma zebra a ser morta por um leão, ou um búfalo por um tigre. Se não fosse assim, que seria dos pastos, das terras, dos solos, arrasados pelos herbívoros, sem predadores?

bea disse...

Caro anónimo

estou-me lixando para os equilíbrios entre as espécies, ainda que reconheça que é capaz de ter razão. Mas não gosto de coisa nenhuma razoavelmente. A minha bitola, se é que existe, deve ser outra, não perco tempo a pensar nisso.

É verdadinha, em Geografia sou um zero à esquerda da vírgula. Voltará talvez a ter razão, mas quem lhe garante que estou a falar verdade e não pretendo apenas chamar a atenção de gente anónima?! Ninguém. Tão pouco eu.

Grata pela atenção