Ouço um canto longínquo:
Ai Deus! pois me a fizeste mais que a mim amar,
mostrai-ma, onde possa com ela falar,
senão dai-me a morte.
Ouço, ouço. Mas não sei o que quer quem assim se lamenta. Não sei qual das vozes assim me fala. Tantos nomes e nenhum. Só sei que não deixo que Deus me mostre àquele que na noite me chama, àquele que comigo não pode falar.
Escondo-me onde a sua voz não me alcance, fecho os olhos para que nenhuma luz me chame. Fecho-me para que nenhuma palavra tente acender o meu desejo.
Mas ouço o longínquo murmúrio:
E se vos nom vir, que farei?
Pensando em vós, eu morrerei
de amor, de amor, de amor, de amor,
por vós, senhora, de amor
Detenho-me. Suspendo a respiração.
Não morras, não morras, não morras por mim. Pensa em mim, nunca te esqueças de mim, chama por mim. Mantem-te vivo. Por mim.
Não morras, não morras, não morras por mim. Pensa em mim, nunca te esqueças de mim, chama por mim. Mantem-te vivo. Por mim.
Sei bem que, mesmo que o teu coração deixe de por mim bater, ainda a tua memória se agitará para chamar aquela que não conheces, de quem não sabes o nome, a quem nunca viste o olhar. Mas quero-te vivo para além dos minutos em que a tua mente e os fiapos do teu espírito se agitariam querendo dizer o meu nome. De ti quero mais do que o silêncio. De ti não sei o que quero.
Fecho os olhos, em silêncio chamo também por ti. Mas não sei por que nome te chame. Chamo por todos. Mas nenhum deles é o teu.
Não sei se existes. Também não sei se existo.
Não me verás. Isso não. Não saberás o desenho dos meus lábios, a luz do meu olhar, não saberás a doçura das minhas mãos. Mas saberás que, as a shadow, passarei por ti.
Sem nome. Sem rosto. Sem palavras.
E, por favor, não digas
porque, já devias saber, não sou uma senhora.
Não sei se existes. Também não sei se existo.
Não me verás. Isso não. Não saberás o desenho dos meus lábios, a luz do meu olhar, não saberás a doçura das minhas mãos. Mas saberás que, as a shadow, passarei por ti.
As a shadow. As a shadow.
E, por favor, não digas
... por vós, onde for, hei de penar
de amor, de amor, de amor, de amor,
por vós, senhora, de amor.
porque, já devias saber, não sou uma senhora.
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Excertos de duas cantigas de amor, uma de Bernal de Bonaval e outra de Pedro Anes Solaz.
Billie Holiday interpreta Lady Sings The Blues
Fotografias de Mert Alas e Marcus Piggott
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E, caso queiram mergulhar num mundo cheio de perigos ocultos, queiram, por favor, descer até ao post seguinte.
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1 comentário:
já agora uma atenção para os seus leitores não reformados e no regime normal
https://www.economias.pt/quantos-anos-preciso-de-descontar-para-pedir-a-reforma/
a partir de 1994 por exemplo, 1995 tenho 40 dias, 1996 tenho 50 dias e 1997 tenho 110
ao juntar estes 3 anos para ter 120 vai sobrar 90 dias de 1997 que são para deitar fora, última linha 1.ª página e primeira da 2.ª página link abaixo (imagine que isto pode acontecer a 2 milhões de portugueses ou mais)
e mesmo assim fala-se na sustentabilidade do sistema
agora este mesmo problema antes de 1994 um ano com 358 (falta 2 dias para um ano civil 360) e outro com 359, vou buscar 2 dias a este e sobra 357, nada dizem neste formulário
, aplica-se a mesma regra posterior a 1994? e deita-se fora 357 dias
http://www.seg-social.pt/pensao-de-velhice?p_p_id=56_INSTANCE_xK5i&p_p_lifecycle=1&p_p_state=exclusive&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_INSTANCE_xK5i_struts_action=%2Fjournal_content%2Fexport_article&_56_INSTANCE_xK5i_groupId=10152&_56_INSTANCE_xK5i_articleId=968929&_56_INSTANCE_xK5i_targetExtension=pdf
Bob Marley
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