Quando falo em Inteligência Artificial, na Internet das Coisas ou no tratamento de Big Data as pessoas ouvem-me com alguma estupefacção, intuo que percebem vagamente que podem por aí vir alguns riscos mas, mal páro de falar, sinto que preferem que mude de assunto. Talvez lhes pareça coisa de ficção, realidade virtual, coisas longínquais daquelas que 'até lá não me doa a mim a cabeça'.
Percebo. Se a mim me falarem, mesmo que apaixonadamente, de futebol, de jogadas, de jogadores, fico também insensível: é um outro mundo e essa não é, definitivamente, a minha praia.
Se eu, àqueles meus temas, juntar a minha preocupação com a conjugação disto tudo e com o advento da tecnologia quântica acessível ao mercado, aí é que me dizem claramente: 'pode ser que sim mas não percebo nada disso'. E eu percebo que está na hora de fazer a agulha para assuntos mais cosmopolitas.
A física da matéria, as partículas elementares e a energia quântica fazem parte daquele outro território que, uma vez trazido para o mundo do dia a dia, mudará a nossa vida e o mundo tal como hoje o conhecemos.
O vídeo que abaixo divulgo está disponível há poucas horas, é recentíssimo, e peço que o vejam. And read my lips: cuidado com o que aí vem.
Quantum technology opens up a world of possibilities
After a century confined to the laboratory, the quantum realm is turning its theoretical promise into practical opportunities.
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E, volto a dizer: não sou alarmista e abomino teorias da conspiração.
Volto a dizer: penso que é indispensável que estes temas entrem na agenda mediática para que a sociedade acorde e alguma regulação seja introduzida (enquanto é tempo).
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1 comentário:
Uma pergunta que faz calafrios: o que seria da humanidade se Hitler tivesse acesso às tecnologias do tempo presente? Uma pergunta que faz MUITO MAIS calafrios: sendo certo que Donald Trump não passa de um pateta alegre nas mãos de indivíduos muito mais perigosos do que ele, o que será da humanidade com o acesso que estes indivíduos têm às tecnologias do tempo presente?
Minha cara amiga, não se preocupe (muito) com a Internet das Coisas. Para já, pelo menos, ninguém vai querer um microondas com ligação à Internet, embora a IoT vá muitíssimo mais longe do que apenas permitir que os fornos de microondas ou os frigoríficos tenham acesso à Internet.
Não se preocupe (muito), igualmente, com a computação quântica. Os fenómenos quânticos ultrapassam a nossa compreensão, é verdade que sim, mas desde que se inventou a Eletrónica, há mais de cem anos, não se tem feito outra coisa que não seja explorar as possibilidades que a Física Quântica nos oferece.
PREOCUPE-SE (isso sim!) com a Inteligência Artificial, sobretudo com as possibilidades oferecidas pelas chamadas redes neuronais. As redes neuronais são redes de processadores ("neurónios") que estão ligados entre si através de conexões ponderadas ("sinapses") e que procuram imitar o funcionamento de um cérebro. Os processadores das redes neuronais são muito simples; por si sós não representam qualquer perigo, mas eles podem ser muitíssimos. As sinapses ligando dois processadores também são simples; não passam de ligações, às quais são atribuídos "pesos" com um valor situado entre 0 e 1, que representam a "força" da ligação entre dois processadores. O verdadeiro perigo está NO CONJUNTO disto tudo. Uma rede neuronal pode APRENDER SOZINHA! Por razões que ainda não são completamente conhecidas, as redes neuronais conseguem, POR SI PRÓPRIAS, adaptar-se a novas situações e resolver novos problemas. Os carros autónomos, que a Tesla, a Uber e outras empresas estão a desenvolver, são um exemplo acabado desta capacidade de aprendizagem das redes neuronais. AINDA MAIS ASSUSTADOR do que tudo isto é o facto de cientistas e engenheiros terem desistido de compreender o que se passa dentro de uma rede neuronal! Eles têm-se preocupando apenas com os dados que são apresentados à rede e com os resultados que ela produz, sem quererem saber o que é que se passa lá dentro. Pode parecer inacreditável, mas é verdade, pelo menos até agora! Finalmente, apareceram pessoas preocupadas em perceber o que é que se passa dentro das redes neuronais. Sobre este assunto, chamo a sua atenção para o seguinte artigo da prestigiada revista Science: http://www.sciencemag.org/news/2017/03/brainlike-computers-are-black-box-scientists-are-finally-peering-inside. Na figura inicial, está representada uma rede neuronal muito simples, em que os pontos representam os "neurónios" e as linhas que os unem representam as "sinapses".
Quero ainda chamar a sua atenção para um outro artigo, este de outra revista científica de grande prestígio, a Nature, e que também nos dá muito que pensar: http://www.nature.com/news/how-facebook-fake-news-and-friends-are-warping-your-memory-1.21596?WT.mc_id=GOP_NA_1703_FHNEWSFFACEBOOKANDFAKENEWS_PORTFOLIO.
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