No post abaixo já falei de não irmos ter Primeira-Dama e, até, mostrei a minha compreensão: Rita Amaral Cabral deve ter mais que fazer que aturar os salamaleques que a função exigiria, deve querer manter a sua profissão e, às tantas, acima de tudo, deve estar melhor assim: o Marcelo na casa dele, a armar aqueles furdunços lá dele, sms, mails, telefonemas, um frisson a duas mãos (não se dizia para aí que escrevia, em simultâneo, com as duas mãos?) e ela, sossegada, na sua própria casa.
Mas, enfim, sobre esse tema tão empolgante, falo no post abaixo.
Aqui, agora, o tema é arte. Há bocado estive a ver o que o autor de um artigo considerava serem As 10 obras de arte mais importantes de todos os tempos.
Já tive a sorte de ver parte delas ao vivo. Não sei se concordo com a escolha de J.C. Guimarães, o autor do artigo, uma vez que, de imediato, poderia lembrar-me de outras tantas que me impressionaram tanto ou mais que algumas daquelas. Mas a verdade é que não ousaria pôr-me a fazer uma escolha. Nem saberia escolher 'as mais importantes', nem tão pouco 'aquelas de que mais gosto'.
Se me perguntassem quais os 10 livros da minha vida ou quais as 10 músicas haveria de ser igual batalhação: sei lá. Acho que me ia esquecer dos mais importantes. Não sou de fazer listas nem rankings. Se gosto, não quero deixar num lugar baixo do pódio ou deixar de fora aquilo que merece a minha estima. Gosta-se apesar das diferenças e há lugar para tudo aquilo de que se gosta. É como com pessoas: não é por gostar dos meus filhos que vou deixar de gostar dos meus amigos, não é por gostar do meu marido que vou deixar de gostar dos meus pais. E as crianças: vão chegando e a gente gosta sempre delas como se fossem únicas. O nosso coração é elástico.
Por exemplo, se gosto desta bela e enorme pintura (que ainda há uns dois anos vi no Rijksmuseum),
VÊNUS DE MILO (século II a.C., autor desconhecido) FONTE (1917), de Duchamp MONALISA (1503-06), de Leonardo da Vinci |
Já tive a sorte de ver parte delas ao vivo. Não sei se concordo com a escolha de J.C. Guimarães, o autor do artigo, uma vez que, de imediato, poderia lembrar-me de outras tantas que me impressionaram tanto ou mais que algumas daquelas. Mas a verdade é que não ousaria pôr-me a fazer uma escolha. Nem saberia escolher 'as mais importantes', nem tão pouco 'aquelas de que mais gosto'.
Se me perguntassem quais os 10 livros da minha vida ou quais as 10 músicas haveria de ser igual batalhação: sei lá. Acho que me ia esquecer dos mais importantes. Não sou de fazer listas nem rankings. Se gosto, não quero deixar num lugar baixo do pódio ou deixar de fora aquilo que merece a minha estima. Gosta-se apesar das diferenças e há lugar para tudo aquilo de que se gosta. É como com pessoas: não é por gostar dos meus filhos que vou deixar de gostar dos meus amigos, não é por gostar do meu marido que vou deixar de gostar dos meus pais. E as crianças: vão chegando e a gente gosta sempre delas como se fossem únicas. O nosso coração é elástico.
Por exemplo, se gosto desta bela e enorme pintura (que ainda há uns dois anos vi no Rijksmuseum),
A RONDA NOTURNA (1642), de Rembrandt |
ou deste clássico de Picasso,
a verdade é que logo penso em Caravaggio, em Chagall, em Matisse, em Gauguin, em Van Gogh, em de Chirico, em Rothko, em tantos, tantos - e isto se pensar em pintura.
Mas logo me ocorrem as esculturas, Rodin, por exemplo.
Mas tantos, tantos.
No entanto, e podem chamar-se conservadora ou conceptualmente míope, já tenho problemas em perceber que a provocação de Duchamp com o urinol, chamando-lhe fonte e classificando-o de obra de arte, possa ombrear com as inquestionáveis Vénus ou Mona Lisa. Nunca percebi. Nunca vou perceber. Poderá aquilo ser uma obra de arte?! Como...?! O tanas é que é. Caraças para tanta parvoíce.
Transcrevo:
SENHORAS DE AVIGNON (1907), de Picasso |
a verdade é que logo penso em Caravaggio, em Chagall, em Matisse, em Gauguin, em Van Gogh, em de Chirico, em Rothko, em tantos, tantos - e isto se pensar em pintura.
Canção de Amor -- Chagall |
Mas logo me ocorrem as esculturas, Rodin, por exemplo.
La Cathédrale ou Les Mains jointes -- Auguste Rodin |
No entanto, e podem chamar-se conservadora ou conceptualmente míope, já tenho problemas em perceber que a provocação de Duchamp com o urinol, chamando-lhe fonte e classificando-o de obra de arte, possa ombrear com as inquestionáveis Vénus ou Mona Lisa. Nunca percebi. Nunca vou perceber. Poderá aquilo ser uma obra de arte?! Como...?! O tanas é que é. Caraças para tanta parvoíce.
E vem isto agora a propósito de uma notícia surpreendente: a fotografia de uma batata foi vendida por um milhão de euros. Li e não queria acreditar.
Fotografia foi tirada em 2010 | KEVIN ABOSCH |
Fotógrafo de celebridades vende imagem de batata por um milhão de euros
Kevin Abosch, um fotógrafo irlandês de 46 anos, celebrizou-se pelos retratos de celebridades, entre as quais se contam Johnny Depp, Yoko Ono, Bob Geldof ou Dustin Hoffman. Os seus clientes de luxo chegam a pagar-lhe 250 mil euros por uma fotografia, mas até hoje nenhum dos seus retratos foi tão rentável quanto a fotografia de uma batata orgânica que tinha colocado nas paredes de sua casa.
Conforme confirmou o próprio Abosch ao The Sunday Times este fim de semana, a imagem do tubérculo, tirada em 2010, foi vendida a um empresário europeu que não quis ser identificado e que o fotógrafo recebera em casa.
Que a fotografia tem a sua graça, é um facto. Mas... 1 milhão de euros?!?!
É esta loucura que me choca, que me deixa doida. Estou a ver na televisão os refugiados, barcos perdidos no mar, gente cheia de frio e fome. E depois há um maluco que gasta um milhão de euros na fotografia de uma batata. Não dá para entender. Qualquer coisa não vai bem no reino da dinamarca para que estas coisas sejam noticiadas como se fossem normais. O caraças é que são.
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Mas, enfim, isto é capaz de ser o sono que me está a retirar presciência. Talvez o comprador não seja um simples amante de arte mas um investidor, talvez tenha a visão de longo alcance que me escapa: talvez agora alguns saloios, entre os quais me incluo, não estejam bem a ver o filme mas, daqui por algum tempo, a batata vai é valer mil milhões de euros -- com um bocado de sorte ainda passa a valer tanto como toda a dívida pública portuguesa.
Só visto, é o que eu vos digo. Duvidavam de que a lógica fosse uma batata...? Pois então revejam lá isso.
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Mas olhem, This too shall pass
OK Go
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E queiram, agora, seguir para o comentador Marcelo que virou Presidente (sem Primeira-Dama e sem ir dormir ao Palácio).
É já aqui abaixo.
É já aqui abaixo.
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1 comentário:
A Vénus de Milo foi descoberta por um camponês na ilha grega de Milos, em 1820 e de imediato comprada pelo embaixador francês em Istambul para ser levada, consignada, para ao Museu do Louvre. Na Antiga Grécia Afrodite (Vénus, na versão Romana) era invocada pelas noivas, por ocasião da cerimónia matrimonial. Vénus foi alvo de inspiração por alguns grandes artistas. Gosto particularmente da Vénus de Botticelli. Mas também da Vénus de Urbino de Ticiano, o que nos leva à Vénus adormecida de Giorgione e à Vénus ao espelho, de Velasquez, qual delas a mais sensual (o único nu pintado em Espanha até Goya, cerca de 150 anos depois).
Essa do urinol é incrível! Prefiro a história do Bidé, um pouco mais…interessante!
P.Rufino
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