segunda-feira, dezembro 14, 2015

O Natal já se abeirou de mim e eu sinto que nunca agradecerei suficientemente a gentileza do Leitor que me oferece as suas palavras e as deixa num local que me é tão especial


Ainda o Natal mal se acercou e cá em casa as luzes que o anunciarão ainda não se acendem em volta dos espelhos ou da árvore sob a qual os presentes se irão acomodar, e já eu estou a ser agraciada com a gentileza dos meus Leitores. 

Ontem à noite li o mail de um querido Leitor, escrito várias horas antes, no qual ele me dava conta que, num esconderijo, o mesmo de outras vezes, me tinha deixado um presente. Mostrava-me as fotografias do local para que não me restassem dúvidas.

Àquela hora já não consegui lá ir mas este domingo lá fui, sempre com aquela expectativa infantil de quem vai espreitar, a ver se o Menino Jesus lá deixou mesmo o presente que se tinha anunciado.




Tinha chovido, podia ter-se estragado. E já já devia estar quase há vinte e quatro horas, já alguém podia tê-lo descoberto. Ou os gatos poderiam ter-se entretido com ele, sabido que é que são dados a actividades clandestinas.

Segui o caminho, cheguei ao ponto que a fotografia mostrava, baixei-me. E lá estava. Intacto, bem protegido.


Abri logo o invólucro plástico, depois o envelope. Procurei a dedicatória. Gosto tanto de ler dedicatórias; ou melhor, gosto de ler as palavras que uma pessoa concreta, um Leitor amigo, escreveu para mim. Isto do blog, às tantas, é tão virtual... -- pode parecer-vos que eu não existo de verdade e, por vezes, quase penso que vocês aí, meus Caros Leitores, são apenas presenças abstractas. Ora, vendo palavras escritas para mim, para a UJM (que é esta que sou também eu), vejo que, neste meu exercício de escrita, chego mesmo até a pessoas de verdade, pessoas que não se importam de sair dos seus caminhos usuais para vir deixar um presente a alguém de que apenas conhecem as palavras, as opiniões, os gostos.


Depois, enquanto andava, fui logo folheando, lendo os seus poemas falando de rios, de viagens, de silêncios, de caminhos de procura.


Choviscava, as gaivotas gritavam pelos ares, e eu ia andando, transportando comigo palavras de poemas que nunca escrevi mas que chegaram, soltas, até mim.


Quando cheguei a casa, fotografei o livro, a sua capa de papel sedoso, as suas páginas, sentei-me a ler os poemas, a imaginar a delicadeza de quem os escreveu -- a procura permanente da toada que reflecte o pensamento, a junção das palavras que descreve o sentimento. 


Pode a vida não ser sempre feliz mas há momentos de felicidade. 

Pensei que, ao andar, enquanto ia a ler:
Alarga-se o braço
em traços que traçam
no papel em branco
riscos, sombras, volumes,
linhas soltas, livres,
sem destino certo
(...)

uma gaivota, gritando, voou na minha direcção. Apressadamente fechei o livro, apontei a máquina, julgando não conseguir captá-la. Só quando passei as fotografias para o computador, vi, com alegria, que tinha conseguido mostrá-la com os braços abertos num largo abraço.

Se fossem letras
seriam palavras, texto
ou talvez
um poema

....

Muito obrigada, Joaquim. Saiba que me deixa muito feliz com este seu presente. Gostei... e muito.

...

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma semana muito boa -- a começar já por esta segunda-feira.

...

1 comentário:

JOAQUIM CASTILHO disse...

Olá UJM!

A Felicidade de que fala é a minha ao ter-lha conseguido proporcionar por alguns momentos!

Gostei.. e muito do seu "post" das suas palavras e das fotos!

Obrigado, mais uma vez, por tudo o que me tem oferecido!

Um abraço