sábado, novembro 28, 2015

Qual a parte do seu rosto que prefere? - Antes de ler o que se segue, feche os olhos e pense na resposta. Depois confira: é que isso diz muito sobre si.


Digo já que não sou nada narcisista. Muito menos sou convencida. Zero. Uma das coisas que mais odeio, acho que já aqui o disse, é ter reuniões à primeira hora da manhã e ter que ir directamente para a sala de reuniões sem me poder ver antes ao espelho. Sinto-me insegura, não sei se estou bem. Ou se deixo o carro num parque público e vou a pé, ao vento, pela rua, e dali directa para uma sala de reuniões, sem saber se o cabelo está minimamente aceitável ou disparatadamente pelos ares. Além do mais, dormindo pouco e estando muitas vezes ao computador, sinto que, por vezes, tenho os olhos um pouco avermelhados. Se calha dizer que os sinto assim, dizem-me que não se nota mas não sei se não estão apenas a ser simpáticos.

Mas, enfim, fiz o exercício e fui conferir se a resposta revelava mesmo a minha personalidade.

Olhos

A visão    A imagem
a sutura do espelho

Quando se dá a ver 
o rosto ou a alma

Ou então se mostra
a face do desejo
Tentando capturar
a beleza invisível

Tal como surge 
ao ser encarada

Antever     Entrever
verificar o estrago

Que a sedução produz
na memória narrada
A mon seul désir 

Por isso, perante uma pergunta destas ('Qual a parte do seu rosto que prefere?), fico sem saber bem o que responder. Contudo, talvez que o que, no meu rosto, 'faz mais sucesso' sejam os meus olhos. Têm uma cor variável e acho que talvez seja isso que tenha alguma graça. Ou isso ou a forma como olho, não sei. Mas são inconvenientes, os meus olhos: falam o que eu, por vezes, não quero dizer. Mas, às tantas, acontece isso com toda a gente. Não sei.

Ora, respondendo eu que talvez o que prefira mais no meu rosto sejam os olhos, então dizem que sou sobretudo clássica:
  • que, imagine-se, no Natal prefiro o galo capão (e não é que é verdade? Uns dias antes do Natal, vou sempre ao talho encomendar um galo capão!), 
  • que o meu autor fétiche é Shakespeare (e, não sendo eu grande leitora de poesia que não em língua portuguesa, a verdade é que gosto mesmo de Shakespeare -- como se pode ver na consulta às etiquetas aqui ao lado). 
  • E qual o pintor que adoro? Dizem que, provavelmente, Picasso, sobretudo no período azul (e, uma vez mais, verdade! sou maluca por Picasso; não sei, se tivesse que escolher um período, se escolheria o azul mas, sim, gosto muito do período azul). 
Jeune femme en chemise de Picasso, 1904

Ou seja, dizem que os meus gostos (incluindo as minhas cores preferidas) não se distinguem muito do comum dos mortais. E que, mesmo quando invejo os gostos incomuns, reconheço que o classicismo tem um encanto verdadeiro e uma intemporalidade sem igual (aqui tenho algumas dúvidas mas, na realidade, olhando para a forma como me visto ou para a minha casa, um ou outro apontamento mais dissonante não apagam o conjunto que, de facto, é mesmo mais para o clássico).

No entanto, também sou louca, talvez inexplicavelmente louca (e não são as loucuras todas inexplicáveis?) por Rothko e não sei se isso é muito clássico.

Blue, orange and red - Mark Rothko, 1961


Boca


Se eu hesitasse, e hesito (porque não tenho a certeza de nada disto), seria em relação à boca. A minha mãe costumava dizer que a minha boca era bonita mas sempre achei que eram coisas de mãe. Tenho os lábios cheios. Dantes não os pintava em tons rouge porque achava que ficava provocante demais. Agora já não me importo - acho que já tenho idade para me marimbar para isso.

Mas quem preferir mesmo a boca, pode ser classificada como voluptuosa: provavelmente a sua voz é grave, a sua silhueta curvilínea e, claro, os seus lábios devem apelar à volúpia. Provavelmenete dirá que, da vida, prefere o luxo, a calma e a volúpia. Ah, sim, e também deve gostar de poesia.


Nariz


Bem, se prefere o nariz, então a sua inteligência e cultura são ilimitadas. Gosta de livros antigos, de grandes mulheres da História (como a Cleópatra) e até deve gostar que a fotografem de perfil.


Maçãs do rosto

Caso prefira as maçãs do rosto, então deve gostar de estar sossegada, deve desejar que chegue a idade da reforma (ou, se já lá chegou, sente-se muito bem) e gosta de se preocupar unicamente com o quotidiano e com os pequenos prazeres da vida. Quem não tenha ainda cabelos brancos, deve estar desejando de os ter e provavelmnte sente-se bem com o cabelo apanhado atrás (num chignon) e, se calhar, até se perfuma com água de Colónia.


Sobrancelhas


Se gosta, acima de tudo, das suas sobrancelhas (incluindo, até, do tufo entre elas) então é bem capaz de ter um amor destemperado pela moda e pelo seu universo. Você deve ser um fashionista puro e duro!


Testa 



Se, sobretudo, ama a sua testa, então é uma pessoa cerebral.


Queixo

Prefere o seu queixo? Você só pensa em dinheiro, credo...


Orelhas



Se as orelhas são o seu maior trunfo, então saiba que isso significa que pensa demais.

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Já agora: se é certo que gosto muito de Shakespeare, então, aqui vos deixo, uma vez mais com Benedict Cumberbatch que diz  maravilhosamente o 'The Seven Ages of Man'

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Lá em cima, Monica Bellucci dança ao som de Dance me to the end of Love do Leonard Cohen.

Os excertos de poema pertencem a Visão de 'A dama e o Unicórnio' de Maria Teresa Horta.

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Escrevi como se o teste se aplicasse apenas a mulheres mas talvez se aplique também a homens. Não inventei isto, claro -- li [e traduzi (de forma livre)] na Marie Claire francesa: CE QUE VOUS PRÉFÉREZ SUR VOTRE VISAGE EN DIT LONG SUR VOTRE PERSONNALITÉ
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom sábado.
Saúde, alegria, paz de espírito, muito afecto.

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1 comentário:

Rosa Pinto disse...

As orelhas...

Ah! o cabelo não conta?