terça-feira, julho 07, 2015

Nuno Melo diz que é "um absurdo" falar-se em perdão de dívida. E como ele muitos. O moralismo tolda-lhes as capacidades cognitivas. Penso que para gente assim só mesmo o tratamento de que o psiquiatra Daniel Amen, especialista em desordens mentais, fala no vídeo abaixo. [E, depois disto, se me permitem vou mas é escolher a minha toilette para mais um dia de labuta. E vou ouvir a Consolation.]


No post abaixo já referi a coisa sensata que o BCE e demais súbditos dos grandes chefes estão a fazer cortando a torneira da liquidez aos gregos já que eles não pagam a dívida com o dinheiro que não têm. 

Talvez devessem os gregos retirar os dentes de ouro, quiçá peças metálicas que tenham no corpo, próteses e assim, e mandassem derreter isso tudo, talvez sempre desse para pagar um bocadinho. E talvez devessem as mulheres cortar rente o cabelo e o vendessem. Talvez todos pudessem também vender um rim. Até um olho. Para que querem os gregos dois olhos com tanta gente a precisar de olhos novos? Talvez se todos os gregos se juntassem e dessem verdadeiramente um pouco de si, talvez o Nuno Melo ou o seu vice-irrevogável chefe brincalhão ficassem mais tranquilos, 
Esta posição resume muito do pensamento dos partidos de direita, PSD e CDS, que estão no Governo e que se negam a admitir qualquer perdão da dívida grega (e ainda qualquer perdão da dívida portuguesa por arrasto). 
e, quem diz eles, diz todos os outros igualmente espertos que por aí andam a exigir que os gregos paguem o que devem.

E eu, que não tenho o raciocínio formatado como os melos desta vida, pergunto: Paguem? Mas paguem como? Paguem tudo o que os abutres querem? Tudo, tudo?
Só para nos situarmos, a situação esta segunda feira foi assim:

Os juros das Obrigações do Tesouro português a 10 anos sobem para 3%. Trajetória de subida também nas obrigações espanholas e italianas. Juros da dívida grega acima de 17%. 


Volto à carga: Há alguém que consiga fazer face a agressões destas, com uma economia débil, enterrado em dívida? Juros acima de 17%? A dívida alimenta-se, cresce descontroladamente. Pagá-la? Mas pagá-la como?


Em contrapartida, do lado de lá, ouvem-se vozes sensatas. Só que temo bem que gente tão burra como os que não conseguem ver um boi à frente do nariz, nem saibam ler a língua inglesa. Se soubessem, talvez aprendessem umas coisas. Assim é uma pena. Não sabem, não sabem que não sabem, não sentem que precisem de aprender. Um verdadeiro desastre.

Seja como for, para um just in case, do editorial do The New York Times aqui transcrevo:


For Europe’s Sake, Keep Greece in the Eurozone


The resounding victory for the “no” vote in Greece’s referendum has left European leaders like Chancellor Angela Merkel of Germany with a stark and clear choice. Only they have the power to decide what happens next — whether to shove Greece out of the eurozone or offer some path forward for the Greek economy, starting by writing down its huge and unpayable debts. 
Greece has suffered and will continue to suffer: its unemployment rate is over 25 percent; its gross domestic product has fallen by a quarter since 2008. What the past several years have shown is that suffering and austerity did nothing to help Greece or its creditors. And no more moralizing and punishment at this point will change that reality.
(...) Those against debt relief have argued that saving Greece would merely reward a government that has failed to reform its inefficient economy. But that is a self-serving misreading of what happened in the crisis. It was European leaders and the International Monetary Fund that made the biggest error in 2012 when they only partially restructured Greece’s debts, a lot of which were owed to banks in Germany and the rest of Europe.
They compounded the problem by demanding that the country cut spending and raise taxes. That depressed a weak economy and drove up unemployment, making growth and increased revenues impossible. In their most recent proposal, Greece’s creditors sought even more cuts to already modest government pensions, which would lead to further economic contraction.
Yes, Greek officials past and present are responsible for many of their country’s problems. But European leaders have made the crisis worse by their mismanagement. Now it’s incumbent on them to end the threat to the eurozone by saving a small, paralyzed country.

Cristalino.

Fico a pensar se, para além de uns cursozitos de inglês e de bom senso, não seria de dar também cursos de aritmética aos melos, aos camelos avençados, aos papagaios ferreiras e a outros cursados em direito, letras, jotas, comunicação e jornalismos a metro que, de repente, se armam em doutores-economistas-cirurgiões-dentistas, revelando que não conseguem fazer as operações aritméticas mais simples. De caminho, dava-se-lhes também algumas aulas simples de cultura geral -- mas, bem entendido, uma coisa resumida (a ver se, sendo pouco, lhes entrava). 

Mas talvez o problema seja mais complicado do que se pensa, talvez tenham mesmo um problema naquelas cabeças. Não sei se alguém já lhes espreitou para dentro. Na volta o problema está mesmo aí: buracos que até fervem,

Fui à procura de solução para isso (que eu cá sou a favor da inclusão).

E achei. Daniel Amen explica como muita gente que revela problemas sérios de comportamento afinal tem é pancada na cabeça. E - boa notícia! - isso trata-se. 




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[Falei no tema da recuperação cerebral na maior ligeireza mas agora falo a sério: estes assuntos fascinam-me. Infelizmente para o meu pai estes tratamentos já não lhe fariam nada. A lesão (provocada por um grande AVC na sequência de outros menores) foi severa e a idade também não ajuda. Mas para quem tenha menos idade e lesões menos extensas e profundas é uma esperança. O cérebro pode recompor-se e, no caso em que a doença ou os acidentes levam as pessoas para os caminhos da marginalidade, é pena que em vez de se investir tanto dinheiro a aprisionar tanta gente não se invista na sua verdadeira recuperação.]

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Adiante.

Não vos canso mais. 
Vou mas é pensar na toilette que vou usar para mais um dia de cão. 
Mal por mal, ao menos que me sinta arranjadinha.

Não, assim não, não faz bem o meu género. 


Talvez mais assim.
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E pronto, está na hora de me recolher. Em paz.


Horowitz interpreta Liszt - Consolation No.3

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Relembro que abaixo há mais: a Grécia e os bancos, Moisés e os Mandamentos, a bardajona com pena que o Tsipras não seja a Marilú e assim,

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E desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela e feliz terça-feira.

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