domingo, julho 26, 2015

Estoril, praia em tarde de calor e mar azul. E um cachorrão politicamente incorrecto. E a Human Nature. [E como foi a minha experiência inaugural de um sábado sem Expresso]


Passa da meia noite e o dia foi, como de costume, dos bons (leia-se: dos jeitosos).

O dia começou cedo com um homem a vir cá a casa a ver onde se há-de instalar um aparelho de ar condicionado nesta sala. Sempre resisti, não queria aqui um camafeu na parede. Mas o calor venceu-me. Mas, ainda assim, a ver se dá para pôr um de chão (tenho é que arranjar um bocado de parede vazia, coisa que não é fácil, num sítio sem grandes obstáculos à frente, coisa ainda menos fácil, e, ainda por cima, na parede das janelas, para passar o tubo que liga ao aparelho que fica na varanda -- ou seja, condicionantes que são, em si, um desafio e tanto).

A partir daí foi um longo dia, a começar por uma caminhada de 7 km e, daí até agora, foi uma festa: compras, visitas aos ascendentes com os descendentes, ida a feiras, a concertos, jantares animados, etc, etc, etc.

Pelo meio, estivemos no Estoril. Não fomos à praia propriamente dita mas, estando por perto, apeteceu-nos ir espreitá-la e, então, passeámos pelo paredão, vimos gaivotas sobrevoando as águas e as pessoas e, até, uma delas descer ao areal e roubar um croissant de uma caixa cujos donos não estavam por perto, vimos veleiros e cargueiros, vimos beldades exibindo os seus bem desenhados corpos e os seus diversos tons de pele, vimos tatuagens artísticas para todos os gostos, vimos zonas de rocha e de pouca gente como se não estivéssemos onde estávamos, vimos descontraídas mulheres em topless enquanto homens solitários, no paredão, espraiavam o olhar pelo concorrido areal e etc e tal. E eu, sempre com a máquina fotográfica, lá arranjei maneira de fazer o gosto ao dedo, e levar a cabo uma breve reportagem. Eizia.














É tão bom ver o nosso país, apanhar sol, ver pessoas, ver o mar, mergulhar o olhar no azul. 

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Os meus filhos estão permanentemente a dizer-me que, quando era com eles, eu não os deixava comer cachorros, beber refrigerantes, comer gomas multicores, etc. Pois. Confirmo. Era uma fundamentalista insuportável, só lhes dava comida saudável e os coitados sofriam por não poderem enfardar aquilo que viam os amigos a comer à tripa forra. A verdade é que, com o tempo, me tornei menos ortodoxa e, quando estou com os meus pimentinhas mais lindos, nem me lembro de como era eu nessa minha outra encarnação: desforro-me eu e desforram-se eles da austeridade parental. Hoje quiseram cachorros e quiseram com tanta sofreguidão, coitados, que claro que tiveram cachorros. Cachorros carregadinhos de batata-palha em cima das salsichonas, Um escândalo. Chamaram-lhes um figo. 




Enfim. Têm os outros dias para comerem sopas, saladas e demais comida politicamente correcta.

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Este sábado teve ainda um atractivo suplementar: tal como referi no post abaixo, não comprei o Expresso e sobrevivi. Sempre pensei que não conseguiria passar sem este hábito de anos. Mas não: passei e passei muito bem. 


Não precisei de me arreliar com a oca pesporrência do Ricardo Costa, sempre a mostrar que previu, que prevê, que há-de prever, e que todas as suas previsões se hão-de verificar, nem precisei de me enjoar com as escolhas editoriais que manipulam, induzem, condicionam os leitores no sentido de que a história é a que o Expresso forja e não a real, e no sentido que esta tropa fandanga que nos desgoverna fez o que tinha que ser feito porque TINA (There Is No Alternative), nem com aquelas crónicas vazias e distorcidas do Henrique Monteiro que se acha sabedor e engraçado, nem tive que me arrepender de ter gasto dinheiro num jornal que já mais parece um pasquim ao serviço da estratégia dos PaFs e etc. 
Claro que fico com pena de não ler o Pedro Santos Guerreiro ou o Pedro Mexia ou José Tolentino de Mendonça. Mas, enfim, a vida é feita de escolhas e a minha é esta: se para os ler tenho que apanhar com as aldrabices veiculados pelos láparos, vice-irrevogáveis, cavacos e cagarras, merkels e seus discípulos, então, paciência, prescindo. E tomara que muitos leitores do Expresso façam o mesmo. Ou seja, mantenho: Expresso bye bye.
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Um Leitor que me tem dado a conhecer tanta gente fantástica, tão boa música e tão boas leituras, falou-me em Vijay Iyer. Não conhecia. Enquanto passei as fotografias para o computador e enquanto escrevo tenho estado a ouvi-lo de gosto. Partilho convosco e agradeço-lhe a ele tantas boas dicas.



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E, por agora, por aqui me fico.
Ainda vou ver se consigo ler um bocado de um livro cujo início me agarrou pelos colarinhos (virtuais): Camilo, Génio e Figura por Agustina Bessa-Luís.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo dia de domingo.

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5 comentários:

Rosa Pinto disse...

A zona litoral mais linda do mundo. Uma caminhada da poça até á boca do inferno e volta - claro. Mergulho na azarujinha et voilá ...

jose neves disse...

Só para dizer que "Um jeito manso" foi persistente e andou durante muitos anos numa fezada de que o "expresso" continuava a valer a pena ou ainda voltaria a valer a pena.
Pois eu que fui leitor desde o 1º número consegui ler o dito assiduamente mas em meados de 1985 entendi que já não precisava desse jornal porque para além de muita coisa boa, o cartaz e outras da altura como suplemento cultural, já manipulava e desinformava acima da minha capacidade de aceitar desonestidades e. especialmente, como diz, percebi que realmente o "expresso" já usava dessa fórmula ainda subtil de querer fazer-impor a sua visão da história.
Aliás todo esse processo de vender a sua história começara, precisamente, com Marcelo que continua igualzinho.

Anónimo disse...

Rosa Pinto tem razão, é talvez a mais bonita zona litoral do país. Um dos prazeres que tenho, quando venho de Lisboa a conduzir, é fazer esse percurso pela Marginal (evitando a auto-estrada), até Cascais e depois continuar dali, através da costa do Guincho, sempre a subir. Para quem não conhece bem, sugiro um passeio de carro do Guincho até, por exemplo, as Azenhas do Mar. A vista que se desfruta depois da Malveira da Serra até lá, é simplesmente deslumbrante. A Câmara de Cascais tem feito um bom investimento nesta parte, que aqui nos mostra, mas, sobretudo, ultimamente, no percurso da estrada do Guincho, com zonas para pedestres e ciclistas, bem como colocando vários bancos onde muita gente se senta para gozar uns bons momentos virados para o mar. Não esqueço igualmente o bom trabalho que a Câmara de Oeiras também fez, desde há uns anos a esta parte, ajudande a tornar a Marginal mais bonita e apetecível.
Aquela fotografia da rapariga com um reduzido bikini de renda preta e a tatuagem nas costas, com aquele carinho da perninha em cima da dele, está o máximo!
P.Rufino

Pôr do Sol disse...

A vida todos os dias nos obriga a abicar do que somos.
Mas, como disse um dia Mário Soares, só não mudam os burros.

Tambem eu tentei, com a minha pequenita, retardar a entrada na chamada fast food. Até que um dia me argumentou que se vier uma guerra e houver falta de alimentos, teremos de comer de tudo. Nessa mesma tarde, na Estrada do Guinho, sentadas numa pequena esplanada com um imenso mar à nossa frente, vi avô e neta deliciarem-se com um cachorro cheio de batatas e molho. Depois disso já descobriu as sandes de atum. Continua, contudo, para surpresa de toda a gente, pouco fã dos Mac Donalds.

Tambem eu teimei nos ultimos meses em comprar o Expresso, apesar do refilanço do meu marido. Ultimamente era só mesmo pela revista. Agora nem isso e constacto com revolta, que não temos um unico jornal que seja isento. Não sei onde este país irá parar.

Desejo-lhe uma boa semana cheia de paciencia e alegria.

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

No sábado fui almoçar a um restaurante japonês antes de me ir encontrar com o meu pessoalzinho todo. Ao nosso lado estava um casal com uma menina linda, um avô, uma avó toda gira e uma neta linda e amorosa. Quer crer que me ocorreu que fosse a Pôr do Sol com a sua princesinha? Imagino-a como aquela avó, sabe? E agora que aqui veio tinha que lhe dizer isto.

Quanto a isto de se ser avó e de deixar os netos fazerem coisas que não deixávamos os filhos fazerem, ainda hoje o meu marido me dizia que muito se admirou que eu ontem tivesse deixado dois dos rapazinhos estarem a jogar à bola na sala. De facto, pensando nisso, até eu fico surpreendida. Mas a sala é ampla, a bola é mole e eles, coitados, até estavam a ter algum cuidado. Mas a verdade é que me custa zangar-me com eles quando acho que não estão a fazer mal nenhum... :)

Um beijinho e felicidades para si, Sol Nascente, e para o seu marido, para a sua neta e para a sua filha!