Não me lembro se alguma vez achei que sabia muito de alguma coisa. Tenho ideia que não, que sempre achei que tinha muito para aprender sobre tudo. Mas a verdade é que, à medida que tempo passa, mais eu acho que não sei nada, mas mesmo nada. A toda a hora dou com coisas estranhas, coisas que jamais me ocorreriam, coisas que transcendem a minha capacidade de entendimento.
E podia estar a referir-me a questões científicas, descobertas espantosas, ou a questões ligadas à arte, e tanto que eu não sei sobre todas as formas de arte, podia até estar a referir-me a história, e as falhas que tenho nesta matérias são colossais - e estaria a falar verdade. Mas, de facto, não é disso que estou a falar, estou a falar no género humano, nas suas estranhas reacções - e poderia falar nas situações mais banais: gente que parece que gosta de se destruir, gente que parece que gosta de destruir os laços com as pessoas que os rodeiam mesmo com aquelas que aparentemente estimam, gente que não consegue aproveitar bem o curto espaço de vida que tem à sua disposição, gente sem generosidade ou gentileza, sei lá, mas também nem é disso que estou a falar.
Estou a falar, sim, de pessoas que resolvem transformar a sua vida humana numa vida artificial, quase não-humana. Claro que aqui também poderia enunciar um leque variado de cromos, que os há para todos os gostos (e desgostos) -- mas vou antes falar de duas jovens que, se não têm pancada da valente, então sou eu que sou mesmo completamente limitada, intelectualmente destituída, nem sei.
Começo pela Mermaid Melissa que vive como uma sereia, e disso faz a sua vida. O vídeo abaixo mostra-a e, de facto, é impressionante.
Ela faz apelos a favor da preservação dos oceanos, das espécies, tem preocupações ambientais, etc, mas a verdade é que, depois de ver o seu site e ver os vídeos, fico com aquela sensação estranha de assistir a toda a espécie de demonstrações de uma jovem que quase parece ter interiorizado que é uma sereia de verdade, como se as sereias tivessem mesmo existido e como se ela fosse uma delas, uma que, vá lá saber-se porquê, tivesse escapado e por aí andasse, pelos tanques, aquários, praias e mares, dando ao rabo.
Outra que talvez seja ainda mais estranha é a ucraniana Valeria Lukyanova que meteu na cabeça que é a Barbie humana.
Tem implantes -- e só os implantes devem pesar tanto como o resto do corpo -- e sabe-se lá onde mais ela mexeu para ficar com um corpo típico das barbies, aqueles corpos que incomodam de tão irreais e perfeitos, e maquilha-se para ficar com cara de boneca, com aqueles olhos grandes e inexpressivos. Alimenta-se de líquidos e até chegou a dizer que ia experimentar alimentar-se apenas de ar e de luz. Mas deve ter desistido pois parece que ainda está viva. Vive de ser modelo e, do que percebi, de fazer 'presenças'. Estranhíssima - digo eu mas, lá está, há muita gente que acha o contrário e quem sou eu para me achar melhor ou mais esperta que os outros?
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Só penso é no que, depois de tanta fantasia, farão estas raparigas um dia que sejam mais velhas. Enfim.
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Já agora, e passando para um mundo mais à medida do meu entendimento - a propósito de ignorâncias, do mundo pequeno e de um auto-retrato que tomara eu:
Manoel de Barros por ele próprio
Já agora, e passando para um mundo mais à medida do meu entendimento - a propósito de ignorâncias, do mundo pequeno e de um auto-retrato que tomara eu:
Manoel de Barros por ele próprio
Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço
coisas inúteis.
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