As gaivotas gritam, o sol está ameno, a água ainda fresca, os barcos vagarosos, os andantes demoram no passeio, o tempo dura - a sul não faz sentido querer correr porque a sul só o mar.
De todos os cantos do mundo
amo com um amor mais forte e mais profundo
aquela praia extasiada e nua,
onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Cheiro a terra as árvores e o vento
que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
a selvagem exalação das ondas
subindo para os astros como um grito puro.
Quando eu morrer voltarei para buscar
os instantes que não vivi junto do mar.
(...)
Indecifrada escrita de outros astros
No silêncio das zonas nebulosas
Trémula a bússola tacteava espaços
Depois surgiram as costas luminosas
Silêncios e palmares frescor ardente
E o brilho do visível frente a frente
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
(...)
Caminho da manhã (Lagos) - Sophia de Mello Breyner Andresen,
dito por Eunice Munoz.
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Poemas ou excertos de poemas de Sophia de Mello Breyner
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