sexta-feira, abril 24, 2015

O fantástico José Gomes Ferreira que gostava de ser Ministro da Economia ou quiçá Primeiro-Ministro foi ao '5 para a meia-noite' dar música ao Nilton. Mas a quem ele não deu música nenhuma foi a um Leitor do Um Jeito Manso que ficou altamente indisposto apesar de estar do outro lado do mundo


Depois dos dois posts abaixo com o humor da rapaziada da Porta dos Fundos, outro assunto:


Wonderland


O  Um Jeito Manso aproxima-se do milhão de visitas e eu, que jamais pensei chegar aqui, hesito sobre a sua continuação ou, pelo menos, na continuação nos mesmos moldes.

Sempre gostei de escrever e de partilhar, e este é o espaço que tenho aproveitado para diariamente opinar ou falar do que gosto ou divulgar o que recebo. Faço-o como sempre o fiz: sem pretensões, sem querer provar nada a ninguém, sempre consciente de que tudo é efémero, muito mais um veículo como este, um entre muitos milhares ou milhões, em que, a toda a hora, posso decidir fechar a porta.

Se o tenho feito com gosto tenho-o também, muitas vezes, feito com um sentimento de que isto invade demais o meu tempo: para estar aqui, reduzi em muito o meu tempo de leitura, deixei de fazer tapetes de Arraiolos, não consigo tempo para tentar escrever alguma coisa com mais substância e, verdade seja dita, tenho diminuído o meu tempo de descanso. Sempre me deitei tarde, é certo, não é de agora. Era eu ainda menina e moça, e em casa dos meus pais arranjava maneira de puxar o candeeiro da mesa de cabeceira para a cama, para o lado da almofada, e deixava-me ficar a ler até de madrugada. De vez em quando, se ouvia que algum dos meus pais se levantava, apagava a luz e ficava imóvel até que voltassem a deitar-se para, então, retomar a leitura. Outras vezes, eram eles que vinham pé ante pé e me apanhavam, zangando-se comigo por ‘estar a dar cabo dos olhos’ em vez de estar a dormir. Mais tarde, ainda os meus filhos eram miúdos, esperava que eles adormecessem e que toda a casa entrasse em modo de silêncio, para, então, eu ter o meu tempo.

Ainda agora, é depois de estar despachada do resto, que aqui me sento. Mas muitas vezes apetece-me pegar com tempo num livro ou fazer qualquer outra coisa de que gosto e penso que ou é isso ou o blogue.  No entanto, disciplinada como também sou – apesar de poder parecer o contrário – tenho sempre vontade de não defraudar as pessoas que sei que diariamente adquiriram o hábito de aqui vir espreitar que coisa terei eu colocado na véspera à noite.

Pode parecer alguma vaidade da minha parte dizer isto, convencida de que o que aqui ponho é importante para alguém, mas a verdade é que recebo mails que me dizem isso mesmo.


Sunrise Friends


Esta semana, por exemplo, recebi um mail.

Porque o mail continha uma escrita que me agradou, fluida, assertiva e divertida, e falava de um assunto que eu desconhecia mas que me merece reflexão, pedi autorização para o transcrever. Obtive-a e, por isso, vou fazê-lo.

De facto, a comunicação social está cheia de fazedores de opinião, gente que pouco préstimo tem mas que, pela forma afirmativa como fala, acaba por manipular a opinião alheia. O que é dito na televisão é como se passasse a ser verdade e isso é um perigo dada a falta de qualidade e, tantas vezes, de ética de quem passa pelo palco do comentário público nos meios de comunicação social.

Hoje, ao enviar-me o mail com a autorização para que transcrevesse o mail anterior, disse-me algumas palavras amáveis (por exemplo: Se algum dia se cansar ou não puder escrever tanto, escreva menos mas não deixe de escrever) – e senti essas palavras como o apoio de que algumas vezes me sinto necessitada para continuar a achar que ainda faz sentido aqui continuar. Mas, enfim, esse nem é o tema de hoje.


The Emperor


Passo, então, a transcrever o referido mail:


UJM, 


Estou no estrangeiro e tenho de engolir a pobreza da RTP internacional se quiser ir sabendo do País. Este meu desabafo vai à conta de um programa que vi ontem nesse canal, penso que com uma semana de atraso. Vai-me desculpar usar o seu e-mail para a minha catarse, mas sou seu leitor assíduo, e quando mais nada me alenta tenho-a a si, ao seu blogue.

Viu a miséria do 5 para a meia-noite do Nilton com o Gomes Ferreira? Uma criatura que a Sic-incumbadora deste Governo lá tem, e que de vez em quando finge criticar o Governo para parecer isento aos olhos dos muitos que o ouvem e “emprenham” com a sua autoproclamada sapiência. E que são muitos, devem ser quase tantos como a respectiva audiência. Um que tem cabeça de gnomo e pensa que é economista e dono da verdade? Foi um horror, pior do que ter ácido sulfúrico a corroer-me o estômago.


O homem nem se sentava de tão cheio de si. Parecia um pregador. Diz que o jornalismo é chegar a soluções para oferecer às pessoas, uma coisa do género, dizia que se podia criticar os caminhos que levaram aonde chegámos mas que o que interessa é o resultado, o mesmo que dizer que estamos em franca ascensão, que o Coelho merece uma medalha! Um nojo. A branquear o governo, sempre!

Jornalista é a última coisa que a criatura devia chamar a si próprio (ai, agora também se autodenomina ESCRITOR, imagine-se!). Ele faz política reles, verdadeiramente, e é isso que assume perante o caga-tacos deslumbrado do Nilton… desculpe a expressão, mas não lhe bastava o palanque da SIC, ainda o Niltonzinho o convida para, à conta do erário público, vender o lixo que escreve? E fazer a sua propaganda de direita?! Nem houve mais convidados, tal a imensidão da criatura. À conta de gente como eles que usa a coisa pública para fins particulares e sustento da prole é que a despesa pública cresce…

Enfim, é só um desabafo, uma catarse… Já agora acrescento que a criatura que lá canta “o Martim”- de que nunca tinha ouvido falar antes do grande Nilton o catapultar para a “fama”, acompanhou a última comitiva do Cavaco a Macau. Vale a pena vê-lo de boca aberta enquanto o pregador da Sic papagueia os seus dogmas. Ele de boca aberta e o Nilton com os olhos a faiscar de tanta excitação. Uma coisa…

O País podia lá passar sem aquele exímio músico a representar a Nação... quem devia ser ignorado pelo Cavaco? O Carlos do Carmo, pois. Uma vergonha. Supostamente veio acompanhar a Kátia Guerreiro, outra que não larga o escavacado.

Um pesadelo, mesmo vindo para o outro lado do mundo para manter alguma dignidade, a que não se consegue fugir. Uma afronta. O país está dominado por esses medíocres de campanha encarniçada, o PS que não se cuide, a esquerda que não atine…

Enfim, mais um cantinho fascizóide na TV pública… todas as sextas-feiras, com hora marcada. Raios partam o Nilton:




Cumprimentos cordiais e obrigado por arranjar sempre energia para escrever.


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E muito obrigada eu pelo mail e pela simpatia.

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Para ilustrar o texto usei fotografias que não têm nada a ver, apenas são bonitas. São de  Nadav Bagim (a.k.a AimishBoy) e obtive-as no Bored Panda.

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Relembro: Mais abaixo há dois vídeos da Porta dos Fundos, sempre aquela graça.

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Desejo-vos, a todos vós, meus Caros Leitores, uma boa sexta-feira. 

Felicidades para todos.

5 comentários:

Vitor disse...

Estimada UJM ,
Compreendo, bem, o tempo que lhe toma o dedicar-nos as suas palavras, todos os dias.
Mas . . . já não será possivel sentirmos a sua ausência !
Como muito bem diz o seu Leitor , no Estrangeiro, ( gostei muito do texto) escrevêr menos, enfim, mas, por favor, escreva , sempre !
Melhores Cumprimentos
Vitor

Anónimo disse...

Tenho vindo a seguir esse número, a chegar quase ao Milhão. Fantástico!
Quanto ao que pensa fazer depois, continuar, mudar ou acabar, UJM é que melhor saberá que decidir. Todavia, quando um Blogue chega e passa o tal Milhão de visitantes é porque gostam dele. É porque tem qualidade. É porque interessa a muitos dos seus leitores. É porque aquilo que a sua autora, no caso, escreve agarra quem a lê. Em resumo, julgo haver sobejas razões para continuar e ir até aos 2 milhões! E depois se verá. Também é de admitir que se canse de manter este seu Blogue. Pode aceitar-se. Mas, com (muita) pena, acredite!
P.Rufino

ECD disse...

UJM Um milhão de visitas afaga o ego é certo... mas, muito mais do que isso, cria obrigações. Por favor, continue.

Humberto disse...

Caríssima UJM
Espero e desejo que continue a deliciar-nos com a sua escrita.
Não é em vão que espero até à 1 hora para a ler.
Muito Obrigado
Um abraço
HB

P.S. : Então já decidiu se avança ? ( também espero e desejo que o faça ) Olhe que faz falta ao país.

Rosa Pinto disse...

Boa noite.
Parabéns pelo belo número de visitantes. Não deixe esta "casa"!