Anos e anos de vida, serenas na sua quietude, deixando que o tempo passe por elas, as pedras têm uma beleza tranquila da qual gosto de estar rodeada. Com elas me maravilho sentindo que delas me vem a memória de dentro da terra. Têm por vezes aspecto de bichos, outras vezes são apenas um bocado do mundo que pousou na minha vida.
Ou são as escadas que nelas foram escavadas para que as sintamos quando por aqui andamos. E nelas nascem ervas, flores e os nossos passos.
E são as minhas guardiãs e eu não sei se são cegas ou se me vêem ou se são surdas mas eu sinto-as vivas, a pele macia, passo-lhes a mão e sinto como respiram, minhas irmãs silenciosas.
Ou são uma euforia, folhos, rendas, cores, poros como pontos de bordados e aconchegam-se umas nas outras e eu aproximo-me querendo partilhar a sua intimidade tranquila, cheia de segredos bons.
Elas viverão para além de mim, eternas, serenas na sua imensa sabedoria.
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