Atravessando a pé a Ponte D. Luís para o lado de Gaia chega-se a um ponto, um miradouro de onde se tem boa vista para o outro lado, onde há alguns plátanos. Uma dessas árvores, enorme e majestosa árvore, tem os troncos cobertos de rendas. O tronco dos plátanos descarna-se e ostenta manchas pelo que apenas com atenção se descobrem estas rosetas de renda fina que se confundem com a sua casca. Não sei como as colocaram lá, tão alto. Terão trepado? Não consegui perceber. O risco de as colocar lá ainda aumenta mais o interesse do que se pode considerar uma obra de arte.
A renda conjuga-se com o rendilhado dos finos troncos, dos restos de folhas, com o metal desenhado da ponte. E de repente percebe-se como foi possível trazer ainda maior delicadeza a uma árvore já de si tão bela, superando a sua natural perfeição.
A renda conjuga-se com o rendilhado dos finos troncos, dos restos de folhas, com o metal desenhado da ponte. E de repente percebe-se como foi possível trazer ainda maior delicadeza a uma árvore já de si tão bela, superando a sua natural perfeição.
sobre a minha cidade, falei-te ontem, mostrei-te
as esquinas do tempo, a imagem de fachadas
que ainda conheci, de outras que
eu próprio ignorava; sobre
a minha cidade e suas pedras, seus espaços
de árvores graves;
e o que foi arrasado,
ou está a desfazer-se; as manchas do presente, a
poluição dos homens; e o que foi
violentamente arrancado por negócios sucessivos,
erros, brutalidades: o que era e o que foi
o que é dentro de mim o seu obscuro,
imaginário ser: costumes e conflitos,
maneiras de falar, a gente
e a confusão das ruas, as casas do barredo;
sobre a minha cidade achei que tu
tiveste gratidão, a viste.
que percorreste as pontes que a minha
cidade a ti me trazem, entre
gaivotas alastrando e músicas diferentes,
e foste nascer nela.
....
O poema é 'sobre a minha cidade' de Vasco Graça Moura
Gisela João canta 'Vieste do fim do mundo' com Ricardo Parreira na guitarra portuguesa e João Tiago na viola.
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