A propósito do post abaixo em que falei de pessoas que mentem com todos os dentes, mentem descaradamente, mentem sem se darem ao trabalho de disfarçar que são mentirosos e em quem, surpreendentemente, meio mundo acredita, a Leitora Rosa Pinto deixou o seguinte comentário:
A mitomania é uma distúrbio de personalidade onde o paciente possui uma tendência compulsiva pela mentira. Esta doença é também conhecida como mentira obssessivo-compulsiva.
Uma das grandes diferenças do mentiroso esporádico ou "tradicional" para o mitómano, é que no primeiro caso o indivíduo não tem resistência em admitir a verdade, enquanto o portador da compulsão por mentir usa a mentira em proveito próprio ou prejuízo de outro de forma imoral e insensível sem sentir necessidade de desfazer o engano.
O mitómano é o indivíduo que mente compulsivamente. Algumas vezes são pequenas mentiras, enquanto que outras vezes são pitorescas, elaboradas detalhadamente, que induzem o próprio mentiroso a acreditar nelas. Na mitomania o paciente usa a mentira de forma consciente para enganar pessoas e tirar vantagens, ele nunca admite suas mentiras embora tenha plena consciência de que são histórias imaginárias, e também não se constrange quando suas mentiras são descobertas.
Nem de propósito. Conhecemos todos muito bem alguns, todos os dias nos entram pela casa dentro. Estou a ver o noticiário e estou a ver um deles.
Pois bem, esta introdução feita, e ainda sem saber os resultados das eleições da Grécia mas sabendo-se já que o Syriza obteve a maioria dos votos, só posso dizer que os Gregos mostraram que são gente que preza a liberdade e a democracia, e que os tem no sítio. Sempre os tiveram, mesmo quando lhes não restava outra alternativa que não vir para a rua gritar, encher as ruas, chorar a plenos pulmões. Foram roubados, humilhados, sujeitos a toda a espécie de espoliações. Mas não deixaram que lhes roubassem ou espezinhassem a dignidade.
Quando surgiu a crise que começou por afectar dramaticamente a Grécia, numa altura em que qualquer pessoa com dois dedos de testa o que deveria ter feito seria cerrar fileiras e formar um cordão de solidariedade em torno dos mais frágeis, os cobardes lavaram as mãos. Por cá, a seita de Passos Coelho e Paulo Portas demarcou-se, marcou ainda mais funda a divisão, deixou que os urubus quase devorassem os gregos. Nós não somos a Grécia! - gritaram. E passaram anos a dizer isto. Ainda há pouco tempo, o pantomineiro-mor aí andou a apregoar: Nós não somos a Grécia!
Estúpidos, não viram que isso era o pior. Com essa cobarde atitude, não foram apenas os gregos que ficaram isolados, entregues à sua sorte, a carne viva a ser debicada pelos que se aproximam mal lhes cheira a carniça: foram também os portugueses e todos quantos viriam a ser vítimas desta austeridade absurda.
Estúpidos, não viram que isso era o pior. Com essa cobarde atitude, não foram apenas os gregos que ficaram isolados, entregues à sua sorte, a carne viva a ser debicada pelos que se aproximam mal lhes cheira a carniça: foram também os portugueses e todos quantos viriam a ser vítimas desta austeridade absurda.
Se, na altura em que os juros da dívida na Grécia começaram a disparar, a UE mostrasse que estava ali para defender os seus e o BCE tivesse feito o que agora anunciou que vai fazer, não teriam sido precisos todos estes biliões. Com muito menos, comprando parte da dívida grega, teriam afastado os abutres e nada do que se veio a passar nestes últimos quatro anos se teria verificado.
Por isso, hoje, numa altura em a Grécia uma vez mais mostrou o que é um povo livre, sempre quero ver se todos os apoiantes da actual coligação, PSD e CDS, - que nos últimos dias, quais descarados pirueteiros, vieram aplaudir a medida de Draghi - têm igual falta de vergonha na cara para virem também aplaudir a vitória do Syriza. Não me espantaria pois nada me espanta já naquela gente.
NB: Não conheço bem o programa do Syriza. Do que tenho lido, parece-me ousado e fracturante embora tenha vindo a observar o abrandamento nas opções, mostrando que, na política, a arte do equilíbrio é uma virtude. Vamos ver como vai Alexis Tsipras avançar para não defraudar as expectativas do eleitorado e, ao mesmo tempo, não dar passos maiores que a perna.
Quem diria há uns anos atrás que Alexis Tsipras (40 anos, engenheiro civil, juventude formada nas fileiras comunistas, dois filhos) ia estar onde está hoje?
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De qualquer forma é sempre positivo pois é um abanão no status quo europeu, um abanão nos acomodados desta vida, nos que vão na cantiga de qualquer pantomineiro, nos cobardes que se agacham de cada vez que a bardajona da Merkel arreganha o dente.
Contudo, para não me acontecer a decepção que tive com o Hollande em quem depositei esperança e que veio, afinal, mostrar não ser mais do que um insignificante frango do aviário da Merkel, vou esperar para ver.
Mas, independentemente disso, mesmo que não venha a ser o motor de arranque de um grande movimento de mudança de rumo que eu desejo nesta Europa amorfa e decrépita, esta vitória já vale por si - nem que seja apenas para mostrar que, contra o desânimo e a coluna vergada, há sempre a possibilidade de levantar a cabeça, cerrar os punhos, manter a coluna bem direita, caminhar sobre os próprios pés, traçar os próprios caminhos, caminhar em direcção ao futuro.
Democracia é isto.
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1 comentário:
Num rápido comentário, ainda sob o impacto dos resultados, gostaria de deixar aqui, bem expressa, a minha enorme satisfação pela victória do Siryza. Do que fui lendo e ouvindo do seu lider não me parece que o seu programa seja muito radical, ou exageradamente radical, embora, obviamente, esteja longe dos parâmetros do que a Direita teria preferido (sempre de joelhos perante a Finança internacional, a Srª Merckel, o Banco Central alemão, o FMI, a Troika, etc).
A Europa reaccionária estava a precisar de um abanão destes. Só espero que se seguiam outros, com um Podemos em Espanha.
A Europa, como disse o líder do Siryza tem de ser, ou passar a ser, uma Europa de Solidariedade e não de Austoridade.
Vamos então ver como a Grécia passará a trilhar o seu caminho, doravante. Ouço dizer que mais de 80 mil milhões de euros sairam entretanto da Grécia, ainda com um governo conservador/Direita.
Lá está, é caso para se dizer que, uma vez mais, os ricos (no caso, Gregos) decidiram, ou acharam, que a crise é para ser paga pelo povo e classe média e que eles, ricos, nada têm a ver com aquilo - apesar de terem estado na sua origem. Como cá. Veja-se a atitude do capital financeiro, etc.
Daí que, este abanão pode vir a ser uma mudança com características muito interessantes, que pode vir a “revolucionar” a Democracia, tal como hoje - em pleno Séc. XXI – está a ser praticada e levada a cabo.
Só espero que entre nós se retirem lições e no póximo Outono sejamos capazes de correr com estes patifes imundos que nos desgovernam, PSD/CDS, e inmplementar uma prática politica-economica e social diferente, virada para a maioria, sobretudo de quem mais precisa de apoio e solidariedade socio-económico.
P.Rufino
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