sexta-feira, outubro 17, 2014

O tijolo e a bolinha, segundo Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo. O tijolo é o peso da realidade. A bolinha ou o berlinde (que vem do CDS e sobre a qual todos os papagaios para aí andam a discutir) e que nem é bem bolinha mas sim uma molécula, é a novidade que, de tão insignificante, praticamente não existe. Isto é o Orçamento de Estado para 2015 sobre o qual os três intervenientes concordam que traz um agravamento fiscal e que, quem disser o contrário, mente e não tem vergonha


Abaixo descrevi o ataque implacável ao OE por parte de Manuela Ferreira Leite no seu comentário semanal da TVI 24. Encarecidamente vos peço que não percam pois é importante que se veja o que uma pessoa que já foi ministra das Finanças e líder do PSD diz do Orçamento apresentado por um Governo da sua cor política. Ela é certamente uma voz esclarecida e isenta. Dela nenhum cão com pulgas poderá dizer que é uma radical de esquerda. 

Mas isso é no post a seguir. Aqui, agora, falo do que estou agora a ver: a Quadratura do Círculo.


Pacheco Pereira apresentou-se com um tijolo e com um berlinde. Por baixo do tijolo escreveu realidade, por baixo do berlinde escreveu novidade.


Diz ele que o CDS apareceu com uma novidade, novidade essa sobre a qual toda a gente fala, bolinha que não passa de um pequeno berlinde quando comparado com o peso do tijolo que é a carga terrível da realidade. 


Lobo Xavier corrigiu-o: nem será bem um berlinde, é ainda menos que isso. Ficaram, então, os três de acordo que, a bem dizer, deve ser apenas uma molécula, qualquer coisa que, a existir, apenas será detectada com microscópio.





Pacheco Pereira não se está a ficar atrás de Manuela Ferreira Leite. Do OE 2015 apresentado pelo Governo de Passos Coelho e Paulo Portas, diz que se trata de uma ficção propagandística, que introduz complicação nas deduções fiscais, que não passa de conjunto de fantasias.  Um OE cheio de truques. E, com mal disfarçado nojo, refere as brincadeiras verbais como aquela do fanatismo orçamental na boca de Passos Coelho.


[Num aparte e quanto ao processo da Tecnoforma contra Pacheco Pereira, Lobo Xavier ofereceu-se para o defender pro bono pois diz que ainda se vão divertir à brava. Contudo, diz que os juízes não costumam dar seguimento a coisas destas pelo que acha que essa brincadeira não irá dar em nada.
Pacheco Pereira já tinha dito que se tinha limitado a comentar afirmações proferidas por administradores ou ex-administradores da Tecnoforma; e que, nesse caso, não se percebe porque é que não os processam em vez de o processarem a ele. E que dorme bem em qualquer lado pelo que, a propósito disto, é para o lado que se vai deitar melhor]

Lobo Xavier, de seguida, confirma que este OE tem um agravamento fiscal (que há agravamento em alguns dos impostos já existentes e vários novos impostos) e que ninguém, a não ser que fosse algum cómico, por exemplo o Herman a gozar com os políticos, poderá dizer que, com o que ali está, vai haver algum alívio fiscal. Só se tiver falta de vergonha, diz ele.


Pacheco Pereira chama a atenção para a mistificação que é chamar poupanças a cortes e mais uma vez está a ter uma grande intervenção. Fala contra o gueto em que este governo enfiou a pobreza, diz que é essencial que um futuro Governo reponha os elevadores sociais, restaure a classe média que é o verdadeiro motor do desenvolvimento de um país. Diz que esta gente do governo chumbaria em qualquer exame (a começar em Economia), que tudo o que fazem revela uma profunda ignorância. E di-lo quase com repugnância - e como eu o compreendo.

E estão os três de acordo que é indispensável recompor a sociedade, restaurar o equilíbrio entre desenvolvimento e rigor nas contas públicas, mudar o paradigma, voltar a manifestar respeito pela dignidade das pessoas.

Pacheco Pereira diz também que este Governo está bloqueado e que institucionalizaram o funcionamento de facção (PSD/CDS) e que, se continuarem a governar, será uma perda de milhões e milhões para o País. 



António Costa fez uma intervenção também muito clara, reforçando a necessidade de fazer a agulha, de focar a acção governativa no desenvolvimento económico; e diz que este Orçamento é a pedra tumular sobre este governo que, para cúmulo, paralisou o funcionamento de instituições essenciais - e, como exemplo, diz que hoje, no concelho de Lisboa, ainda estão por colocar 300 professores! 


E todos concordam que este Governo está em gestão corrente, não governa e que é, em si mesmo, uma fonte de instabilidade para o País.


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Nota: Agora que estou a acabar de escrever isto, começou o noticiário da meia-noite na SIC onde estão a passar o dito Paulo Núncio e, seguindo a sugestão que acabo de ouvir na Quadratura do Círculo, acho que isto deve ser uma rábula, uma cena cómica, pois, apesar de estar com cara de governante, só o ouço a dizer manipulações esparvalhadas, piadolas, fantasias e a dar grande relevo a berlindes, ou melhor, a moléculas que, à vista desarmada, ninguém conseguirá ver. 

No entanto, a jornalista, revelando como é actualmente o trabalho de investigação ou análise jornalística, papagueia tudo o que o Núncio apregoa, falam à vez, ora o põem a ele a vender banha da cobra, ora complementa ela o que ele disse. Ele omite o tijolo e assim faz a jornalista, toda embeiçada com o berlinde.

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Nota: tal como o post que se segue, também este foi escrito enquanto ia vendo e ouvindo a Quadratura, tirando fotografias, passando-as para o computador, etc. Por isso, a escrita não terá sido a mais escorreita. Isto de estar com um olho no burro e outro no cigano, nunca deu bordado fino.

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Relembro: permitam que vos peça que desçam até ao post já a seguir pois a opinião de Manuela Ferreira Leite é digna de também ser conhecida.

Aliás, daqui lanço um repto ao PCP e ao BE (quiçá até ao PS ou, pelo menos, a franjas do PS): contratem Manuela Ferreira Leite e Pacheco Pereira para aprenderem com eles a analisar os documentos, a serem objectivos, lúcidos, a não serem míopes, a não se prenderem com minudências, para se focarem no que é relevante. Coaching, meus Caros, coaching, que bem precisados andam.


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3 comentários:

Anónimo disse...

Tanto quanto se vai lendo, vê-se, já sem surpresa mas com raiva, que o Complemento Social para os idosos levou um corte nos primeiros 7 meses deste ano de 29 milhões de Euros, o Abono de Família para Crianças e Jovens em Idade Escolar foi diminuído em 18 milhões de Euros e o Rendimento Social de Inserção (que Portas atacou furiosamente quando ele surgiu, se se recordam) teve uma redução de 14 milhões de Euros. Entre Janeiro e fins de Junho, a política do Ministério dito da “Solidariedade Social2 (o tanas é que é!) tirou ao subsídio de desemprego nada menos do que 250 milhões de Euros! E como só conta para as estatísticas quem está a receber esses subsídio, que o deixa de receber ao fim de um curto espaço de tempo, sai delas, para alegria do governo. Outro dia, uma idosa na TV dizia: “tiraram-me o RSI, não tenho pão para os meus netos. Não é só criminoso quem mata, mas também quem nos deixa morrer à fome!” Entretanto, no meio da esterqueira criminosa e miserável que é este O.E, regista-se o governo, este bando de patifes, alegremente a dizer que os reformados vão ter um aumento de 2,60 Euros por mês. Esta corja é desumana, manipula números, trucida os mais fragilizados socialmente, protege os salafrários da Banca venal, dá benesses fiscais às grandes empresas enquanto deixa cair aos poucos as pequenas, corta 700 milhões de Euros na Educação (!), fustiga e despede milhares de funcionários públicos, apoia e aposta numa política de baixos salários e pouca formação profissional (ao contrário dos parceiros europeus mais desenvolvidos), uma prática que repesca os tempos do Velho das Botas e do seu Regime, congratula-se com uma eleição nas N.U relativa aos Direitos Humanos, mas não respeita por cá Idosos, Reformados, Crianças, Jovens, Professores, Funcionários do Estado, afasta a Justiça de quem ela precisa de recorrer na Província, destrói massivamente o poder de compra da classe média, não tem uma política interna (social, económica e financeira), nem externa (de joelhos perante Berlim, a Comissão, angolanos, brasileiros, chineses, vende e deixa vender empresas de referência para a nossa soberania, EDP, PT, etc.) e ainda se dá ao luxo de rir perante isto tudo, uns burgessos, sem alma, sem respeito por quem trabalha honestamente e paga cada vez mais impostos, para que o governo depois entrega aos abutres. Uns alarves mentais. Gente abjecta. Que Belém protege! E católicos, atenção! Onde está a solidariedade social? Um bando! E, uma vez o orçamento de pacotilha aprovado pelas marionetes de serviço na A.R, lá vão para as passeatas do costume. Hoje, recebi um mail de uma agência de viagens, a quem tinha pedido uma informação sobre horários de comboios e pedem-me desculpa porque tinham estado a tratar de umas tantas viagens para uns tantos membros do governo, entre os quais, claro, o Portas Irrevogável, que passa mais tempo lá fora do que aqui. Inventou um posto governamental para andar a viajará nossa custa, o grande marau!
P.Rufino

Humberto disse...

Este ministro ex- Lambreta ( agora um Audi A7, de três mil cm3 de cilindrada ), a ministra Sum Sum Cristas, entre outros, são católicos praticantes, uns vão à missa todos os dias, comungam, batem com a mão no peito, vêm se sentar depois da comunhão com cara de mártir ( eu vi ), pertencem a um grupo católico chamado "As equipas de Nossa Senhora" , e é isto que se vê. Imaginem se não fossem católicos....
HB

FIRME disse...

Vi hoje nas gravações,este episódio! Não sendo uma metáfora fácil,gostei ver o sir Lobo,Xavier,no papel dum velho Comandante,em angola depois duma pergunta dum jovem MILICIANO,SOBRE ESTRATÉGIA,NA ZONA...respondeu; Meus senhores,não sei ...vou passar a explicar...