sexta-feira, outubro 17, 2014

Manuela Ferreira Leite na TVI 24: um orçamento de que a troika não desdenharia, com uns impostos colossais, em que vai haver aumento da carga fiscal, em que as medidas da fiscalidade verde são todas no sentido de aumentar impostos e em que toda a tentativa de reduzir o défice vem pelo lado da receita



Apenas 8 países na UE usam a fiscalidade verde e nós, armados em campeões, lá vamos outra vez à frente avançando com novos impostos. E isto numa altura em que seria preciso desafogar a industrialização. Ora, em vez de a atrair a indústria, ataca-se com uma nova leva de impostos.


Quanto à descida do IRC, era importante perceber se um IRC mais baixo tem facilitado a vida às empresas. Só são beneficiadas as empresas grandes e seria interessante saber se, para as empresas, não seria mais importante haver menos burocracia ou a justiça a funcionar como deve ser.

Quanto aos indicadores que estão na base do orçamento, crescimento da economia e valores do desemprego, parecem imprudentes. Não se vê razão para o optimismo que ali aparece e, se isso não se vier a verificar - como não se vê razão para acreditar que aconteça - então logo ali nasce um défice maior.

O orçamento parece um panfleto eleitoralista com aquela medida inédita de falar no reembolso de uma parte da sobretaxa, se vierem a cobrar mais impostos do que imaginam. Um orçamento só tem validade de 1 ano. Um orçamento só é válido para o ano a que se refere e, portanto, estar lá ou não estar é a mesma coisa. É inédito e inútil porem no orçamento uma coisa que não tem validade. É uma coisa imaginativa mas que não tem o mínimo de efeitos práticos. Para ser vinculativo como diz o Secretário de Estado Paulo Núncio não seria assim que se deveria fazer. Ou seja, assim como está feito não vale um caracol e se fizessem de outra forma, se quisessem consignar a despesa, seria inconstitucional.


Isto é a prova provada do que é o descalabro do CDS a fazer coisas a nível governativo. Para não perderem mais uma bandeira inventaram agora mais uma ilusão. É um eleitoralismo desagradável, um panfleto, e é lamentável.


Uma rectificação: ser o primeiro orçamento que prevê um défice abaixo de 3% é mentira, embora seja improvável que isso venha a acontecer em 2015.

Quanto aos cortes, o corte no orçamento da Educação é um exemplo de como se pode ir de corte em corte, quando toda esta área já está tão mal, sem verbas para Investigação. 

Também não se percebe um corte nas despesas informáticas, incluindo no Ministério da Justiça. Dir-se-ia que é necessário fazer qualquer coisa para melhorar o sistema informático da Justiça e, portanto, o corte anunciado é estranho.

De resto, também não é verdadeira a forma como apresentam o Orçamento para 2015: se o orçamento visasse um relançamento económico nunca poderia haver um corte na Investigação. 

Este Orçamento visa exclusivamente conter o défice (e, mais uma vez, toda a tentativa de o controlar vem do lado da carga fiscal) quando por toda a Europa já se diz que se deve fazer o contrário e quando até o Vítor Gaspar já veio dizer que o que é preciso é desenvolvimento e que a carga fiscal deve ser inteligente.


Depois está outra coisa que revela bem a falta de rigor: o corte nas Outras Despesas é fantasia porque quando se corta sabe-se em quê. Quando se põe em Outros é porque não se sabe em quê, ou seja, o que ali está é nada.

O discurso do PSD e do Governo deveria passar a ser mais exacto, não dizerem o contrário do que fazem, não apregoarem o oposto do que se apresentam.


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Relevem, por favor, a escrita apressada e pouco cuidada mas o que acabaram de ler são anotações sobre o que Manuela Ferreira Leite acabou de dizer no comentário semana da TVI 24, perante um Paulo Magalhães que, volta e meia, até fica sem palavras.

Manuela Ferreira Leite continua em grande forma, objectiva, focada, directa, sempre a rematar à baliza. É ainda a verdadeira CR7 da Oposição. A ver se o PS de António Costa consegue ter equipa à altura desta implacável ponta de lança.



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Daqui lanço uma pergunta ao cão com pulgas: será que Manuela Ferreira Leite, tal como o PS, também se está a encostar à extrema-esquerda?



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