quinta-feira, outubro 23, 2014

IRS em 2015, cláusula de salvaguarda, regime à escolha do freguês, casados com ou sem declaração conjunta e também à vontade, etc, etc. Só inovações, só facilidades. Não querendo estragar a festinha, o UM JEITO MANSO pergunta daqui ao ministro Paulo Núncio, à sua ajudanta Albuquerque e ao subordinado dela Passos Coelho: quem é que vai gerir todas estas alterações informáticas no Portal das Finanças? A louríssima Paula Teixeira da Cruz? A tal do Citius em baixo e dos tribunais num caos? E quem é que vai harmonizar as fórmulas subjacentes à fantástica calculatória apregoada? O inteligente C-Rato? O das cratinas colocações? Contem-me coisas, contem, vá lá, make my day.


No post abaixo já vos mostrei um vídeo feito pelos Verdes europeus na despedida do cherne. Fartam-se de gozar com o peixe balofo, tadinho dele, que até já estou com saudades do nulo-zeo. Agora em quem é que a Merkel vai limpar os pés quando se apresentar em Bruxelas? E será que o Juncker já apagou o número de telemóvel dele? Aposto que sim. Para que é que o Juncker ia precisar de falar com um cherne fora de prazo?

No post mais abaixo fiz-me eco de uma notícia que corre na rádio alcativa e que tem a ver com o regresso do saudoso Relvas.

Mas tudo isso é a seguir.

Aqui, agora, vou inquietar-me com mais outra que estes inconscientes que nos desgovernam, se não forem travados a tempo, podem estar a preparar-se para fazer.



Inquietação - Camané




Poema e musica de José Mario Branco
 Camané interpreta com Dead Combo; 
Animação de Ryan Woodward; 
Edição Rui Ramusga




Com a ligeireza de quem não sabe nada na vida, vão fazendo e desfazendo, não deixando pedra sobre pedra. A Albuquerque até, sem querer, já deixou cair que vão ser precisos não menos de 10 anos para reconstruir o que têm vindo a destruir. Desta feita, a propósito do OE 2015, deu-lhes para anunciarem alterações no regime do IRS em cima do joelho e umas atrás de outras. 

À medida que os jornalistas e consultores vão fazendo simulações e exprimindo dúvidas sobre o que saíu da pornográfica sessão contínua de 18 horas, eles vão tirando laparotos fiscais da cartola. Tudo facilidades. Simulações, vários regimes disponíveis para cada um experimentar qual o regime que melhor lhe assenta, uma limpeza.

Ouço isto e só penso: tal como não perceberam a origem da crise nem porque é que a receita aplicada não resultou, também não perceberam porque é que o Citius baqueou e porque é que a contratação para a bolsa de escolas deu o berro em toda a linha.

E, portanto, não sendo capazes de somar dois e dois, continuam a anunciar coisas que implicam muito trabalho e trabalho bem pensado, provavelmente investimentos cuja concretização leva tempo, como se fosse canja de galinha; pela burrice que toda a conversa revela, temo que, na altura, nada daquilo esteja a funcionar.

Poder-se-ia pensar que, com esta minha preocupação, só posso ser masoquista. Pois não sou. Apesar de largar mais de metade do que ganho em impostos e contribuições, sei bem que é por eu (e todos os que podem) pagar impostos é que os que não podem pagar poderão usufruir de escola e saúde públicas, ter segurança nas ruas, etc. Por isso, eu quero pagar impostos, sim (embora, queira pagar muito menos, se faz favor). 


As vozes já se começam a ouvir. Transcrevo:


Rui Morais, que liderou o grupo de trabalho da Reforma do IRS, acha que a cláusula de salvaguarda no IRS anunciada ontem por Passos Coelho vai ser uma "salganhada".


Rui Morais garante que este mecanismo de cláusula de salvaguarda compromete um dos pilares do novo IRS, que é a simplificação do imposto, e defende que uma reforma tem de ser feita a pensar no universo dos cidadãos a quem se dirige e não tendo em conta casos particulares.




Também o presidente do Sindicato dos Impostos tem “sérias reticências sobre a exequibilidade” desta cláusula. Paulo Ralha lembra que a idade média do parque informático do Fisco é de 12 anos e que a medida prometida pelo governo irá exigir maiores necessidades de processamento do sistema informático. E se o sistema já agora sofre quebras dificilmente terá capacidade de responder perante as necessárias alterações de programação que o tornarão ainda mais pesado. 


Paulo Ralha admite mesmo um cenário similar ao bloqueio que afetou recentemente o sistema Citius do Ministério da Justiça.


O fantasma do colapso informático foi também levantado por José Tribolet, conselheiro do governo na área informática. Em declarações à TSF, o professor universitário revela que já avisou para o risco de colapso e exaustão do sistema informático do Fisco. Mas que estes alertas não foram até agora acolhidos. “Falar com a autoridade tributária é como falar com uma parede”.





Paulo Núncio, o actual chefe do governo em exercício

(de um governo em roda livre)




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E se pensam que estou a ser pessimista, que estou a exagerar, eu e todos os que antevemos mais uma porcaria em preparação, se acham que não há cisnes negros e coiso e tal, então vejam, por favor, o vídeo abaixo.




Black Swan 

Saturday Night Live (com Jim Carrey)



E que o humor nunca nos falte.

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Relembro: já a seguir tenho a festa de despedida ao Cherne Barroso e as boas vindas ao Senhor do Esquentador (que, segundo ele informa, vem aquecer os motores da Europa).

Mais abaixo, tenho de volta ao UJM o Vai-estudar-ó-Relvas. Momento grande.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira.

...

1 comentário:

Anónimo disse...

Convém sublinhar que a figura é militante do CDS, por conseguinte, quando o Expresso vem com as tretas de que Portas não sabia de certas manigâncias do chefe Passos, isso não passa de manobras para distrair os tolos. Portas e Passos, com a tal Albuquerque, mais o Núncio e quejando, tudo prepararam em conjunto, conscientemente. Portas depois finge que está a fazer o seu melhor pelo povo, enquanto lhe vai extraindo o sangue à socapa. Quanto a esta reforma do IRS, ainda estou para ver se não colide com a Constituição ou alguns dos seus princípios e lá temos depois o TC a chumbar mais normas orçamentais. Salta ainda à vista o cinismo miserável deste governo, desta turbe, quando aqui há pouco dizia, por exemplo, que os funcionários iriam recuperar 20% daquilo que lhes tinha sido retirado actualmente, quando na verdade com esta reforma fiscal, o que o Estado devolve com uma mão, retira com outra! Esta gente mete nojo aos cães. E ainda vai pôr aqueles que não têm filhos (as pessoas não são obrigadas a serem pais, ou até pode suceder não os poderem ter por razões fisiológicas, ou genéticas) contra os que têm. Uma reforma fiscal que passou ao lado da Banca, que uma vez mais não vê o seu IRC passar, como devia, para uns 22,5%, nem tem em linha de conta as pequenas, micro e médias empresas que deveriam ter um IRC mais baixo, enquanto que as grandes empresas veriam o seu subir um pouco. E as grandes empresas que pagassem salários deliberadamente muito baixos deveriam ser penalizadas fiscalmente (como sucede no grande comércio de retalho, mas não só). Eu iria ainda mais longe, taxaria todas as operações especulativas, quanto maior o ganho, mais elevado o imposto. E ainda também, pesadamente, as indemnizações por saída das administrações, como se viu, por exemplo, recentemente com o Zainal, o Granadeiro e tantos outros. E aliviava o peso do IRS na classe média e baixa. Enfim, qualquer reforma que este governo faça é sempre manhosa e para prejudicar a maioria dos contribuintes, beneficiando uma minoria, ao salvaguardá-la.
P.Rufino