sábado, setembro 06, 2014

Mais um dia à beira dos mares do sul. Um dia com uma massagem dentro. E uma medalha para um hóspede muito zen e muito lindo.


No post abaixo já vos mostrei os livros que trouxe para as minhas breves férias algarvias. Aqueles que vieram para cá já meio depenicados, assim vão voltar. Muita actividade deu nisto: pouco tempo para me cultivar.

Mas isso é no post a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. ou melhor, quase nenhuma. 

Assuntos não faltam mas dariam pano para mangas e eu estou sem tempo para altas costuras. 


Andámos na ramboiada até tarde, chegámos ao hotel já passava da meia noite. 

(Tenho um monte de mails a que não consegui responder nem vou responder até domingo. E no domingo vamos lá ver. Nem consigo responder aos comentários. Parece impossível mas é verdade. As minhas desculpas.)

Agora já vou a caminho das duas e, por isso, tenho que acelerar.

Caminhar na areia, mesmo em areia molhada, é um pouco pior do que em piso normal mas, mesmo assim, todos os dias andamos um pouco mais. Desde pequena que gosto de andar, sempre andei muito a pé. Mesmo quando o normal seria fazer certos trajectos de autocarro, eu preferia ir a pé. Aliás, até certa idade, o que eu gostava mesmo era de correr. Muito corria eu. 

Caminhamos de manhã e depois, menos distância, à tarde. Por junto, já estamos perto dos 10 kms diários. Pelo meio nadamos, levamos massagens de jactos de pressão, estamos no jacuzzi. Almoçamos na varanda do quarto. O mesmo todos os dias. Nunca tive umas férias assim. Costumamos variar de praias, arranjar programas diferentes. Desta vez tem sido a total indolência. Pela primeira vez, não fomos a Sagres nem às praias de Vila do Bispo. Nem este sábado vamos conseguir lá ir.

Mas lá conseguimos arranjar motivação para irmos até Porto de Mós, outra das belas praias de Lagos.

Esta tem falésia, rochas, limos, um cheiro maravilhoso a mar.




Quem não conheça, mais vale ligar o GPS. Lagos ainda é muito portuguesa. E, portanto, sinalização é coisa que não lhe assiste. Não há placas, tabuletas, indicações. Nem para lá nem para sair de lá. Mas vale a pena a aventura: é uma praia grande, desafogada, com zonas muito abrigadas e linda. Convém lá ir com maré vazia pois as zonas mais bonitas apenas são acessíveis na maré vazia.




A falésia está assinalada como frágil e susceptível de deixar cair bocados. Não vi ninguém lá debaixo - felizmente. Mas, por cima, andavam sempre gaivotas. Ao fim da tarde a falésia fica dourada, linda.

Mais tarde, começaram a aparecer umas nuvens, nada que incomodasse. O mar ficou prateado, muito bonito e via-se até Sagres.




Depois voltámos ao hotel para eu vir receber o meu tratamento espiritual. Desta vez a massagem era completa, isto é, incluia a cabeça, e estava em promoção e só isso me fez logo achar que era oportunidade para fazer um bom negócio. 

Pois digo-vos que foi do melhor que há. Aquela música suave que parece vinda de um riacho protegido por doce canavial, a luz quase inexistente - o ambiente é meio caminho para a gente começar a entrar em transe ainda antes da massagem começar.

A massagem começou pela testa, foi subindo, a cabeça de uma ponta a outra. Fiquei logo a levitar. Depois corpo, parte da frente. Quando ela me sussurrou que eu me virasse de barriga para baixo, estive uns segundos a reposicionar-me e a perceber onde é que estava o meu corpo para eu o tentar mexer. Lá me virei. Recomeçou. De baixo para cima. Começou nos dedos dos pés, e veio trepando. Limpou-me os chacras todos, um por um. Até os das mãos, dedo por dedo. Finalmente chegou ao pescoço e desatou cada um dos nós que eu ainda tivesse (depois de tanta massagem na piscina com cascata, jacto de pressão e jacuzzi, acho que já não tinha nenhum, acho até que os músculos estavam já um algodãozinho, mas, enfim, acho muito bem que ela tivesse tentado). Depois passou para a nuca, voltou a percorrer a cabeça todinha. Nessa altura já eu estava a sentir o que deve ser viver no paraíso.

No fim, segredou-me bem junto ao ouvido. Acabou. Deixe-se estar o tempo de que precisar, levante-se só quando se sentir pronta. 

Tive vontade de lhe dizer que podia recomeçar porque eu ainda estava muito longe de estar pronta para o que quer que fosse - mas a verdade é que não fui capaz de dizer nada. Depois, aos poucos, fui tentando abrir um olho, depois outro. Consegui. Depois tentei mexer-me, os dedos dos pés. Esperei um pouco mais. Finalmente lá compreendi que não podia ficar ali até ao dia seguinte. Levantei-me, vesti-me e fui ter ao quarto. Ia como se fosse levada por uma nuvem de algodão, asas nos pés, asas na cabeça.

Bem. Com isto já eram horas de jantar. 

Lagos estava aquela multidão nas ruas e restaurantes que nos tem deixado muito admirados. Em Setembro e uma tal multidão. Muita música, muita juventude a cantar na rua, muitas lojinhas, um ambiente mesmo engraçado.




A noite estava mais quente do que nos dias anteriores. 

Come-se bem e, comparativamente com o que se paga noutros países, os preços em Portugal não estão excessivos.




Nas ruas há de tudo. Pintores de rua que fazem retratos, outros que fazem caricaturas. Outras fazem rastas ou intercalam pedrinhas coloridas ou flores de missanga nas tranças, outros fazem tatuagens. Nunca lá vi a cortar cabelos na rua pelo que talvez fosse ramo em que eu poderia tentar a minha sorte, cortes rápidos a 5 euros, homens e mulheres. Por enquanto só corto o cabelo a mim e à família, talvez esteja na altura de sair da minha zona de conforto.

Não era costume por aqui verem-se muitos espanhóis e este ano há também muitos, deve ter a ver com os preços. Houve uma altura que saía mais barato fazer férias em Espanha do que em Portugal. Agora isso já não acontece. Para além disso, para o mesmo nível, a qualidade em Portugal é superior. 

É impressionante como as espanholas se arranjam a toda a hora, até ao pequeno almoço, Aparecem para o pequeno almoço no hotel todas flausinas, penteadésimas, lábios pintados e tudo. 

Vejo também mais portugueses do que é habitual e isso é bom sinal. Com destinos turísticos tão bons em Portugal, porquê ir para os Varaderos desta vida, levando dinheiro para fora do país? 

Mas predominam ainda os ingleses e os alemães. 

Este ano a minha medalha de ouro para o hóspede de hotel mais especial vai para um homem jovem, ar vagamente indiano, talvez goês, lindo, mas tão lindo. Alto, um corpo perfeito. Depois da piscina, vai para o ginásio (que tem uma parede de vidro que dá para a piscina interior) e faz para aí uma hora a doer, passadeira a abrir, abdominais, sei lá. Sai do ginásio transpirado, cansado, com uma toalha sobre os ombros, vai tomar duche. Parece estar sempre a sorrir. Mas não é só por ele que é especial. É casado com uma mulher bem mais pequena que ele, aspecto mais normal do que ele, simpática e morena mas com profundos olhos azuis. Têm um filho pequeno, lindo como o pai e com os profundos olhos azuis da mãe. Ele derrete-se com o filho. Mas com eles está também a irmã gémea da mulher. Iguais, iguais, iguais. Então andam o excelentíssimo Apolo, as duas gémeas e o menino. O belo Apolo sorri o tempo todo, zen, zeníssimo, lindo. Devia ser emoldurado.


Bem, tenho que parar por aqui, já é tarde e o personal trainer com quem durmo não me dá tréguas, daqui a nada já está a abrir a cortina e a fazer com que o sol me bata em cheio na cara.


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Relembro: para verem os livros que trouxe a passear comigo é descerem, por favor, até ao post já a seguir.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado. .


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